Porque onde estiver o vosso tesouro ali estará também o vosso coração Mateus 6 21?

STOP delaying to get to know the Bible better! Bible Gateway Plus makes it simple. Try it FREE right now!

close

account Log In/Sign Up show menu

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC)

Version

Bible Book List Bible Book List

Font Size Font Size


Passage Resources Hebrew/Greek Your Content

Previous Next

Add parallel Print

Page Options

21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

Read full chapter

Mateus 6:21 in all translations

Next

Mateus 5

Mateus 7

Next

dropdown

Almeida Revista e Corrigida 2009 (ARC)

Copyright 2009 Sociedade Bíblica do Brasil. Todos os direitos reservados / All rights reserved.

“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”, Mateus 6.21.

O coração representa a nossa essência mais profunda. É o calabouço da nossa alma. É onde arquivamos a vida, e de onde tiramos a compreensão para o nosso estado de ser quem somos de fato.

Tamanha é a importância do coração na definição do nosso ser que em Provérbios 4.23 está escrito que “devemos guardar o nosso coração, pois dele procedem as fontes da vida”; e em Romanos 8.27 diz que Deus “sonda os corações”.

O coração, como consciência da alma, é o lugar onde Deus quer habitar, por isso a necessidade de ser um lugar minimamente possível de abrigar o Espírito daquele que é essencialmente santo e bom.

A maioria das pessoas interpreta o texto de Mateus 6.19–20 de maneira equivocada, pois acredita na existência de dois tipos de tesouro: um da terra e outro do céu. Em que os bens materiais como casa, carros e joias etc. são considerados riquezas da terra, e os bens imateriais como caráter, liberdade, alegria são chamados tesouros do céu. Mas Jesus não fez a distinção entre tesouros da terra e tesouros do céu. Jesus falou de tesouros na terra e tesouros no céu. Ele não fez distinção entre riquezas, mas sim entre lugares onde essas riquezas estão armazenadas, guardadas - na terra ou no céu.

É verdade que é mais importante ter caráter do que ter dinheiro e que pessoas valem mais do que coisas. Mas não é sobre isto que Jesus está falando. Ele não está fazendo uma distinção entre os tesouros na terra e os tesouros no céu. Ele está falando sobre cofres diferentes e explicando que há um cofre na terra e outro cofre no céu.

Na terra, o cofre é frágil e há sérios riscos ao tesouro. Mas, no céu, o tesouro estará seguro.

Contudo, a importância de proteger o tesouro não é por conta propriamente do tesouro, mas sim por conta do coração. Jesus quer que nosso tesouro esteja guardado no céu porque ali vai estar o nosso coração e uma vez que o nosso coração está nos céus, em Deus, está segura a nossa alma.

A preocupação de Jesus não é com o tesouro, mas com o nosso coração, com a nossa essência, porque o nosso coração segue aquilo que nós tomamos como nosso tesouro, ou seja, aquilo que nós supervalorizamos e tornamos nossa riqueza, nossa preciosidade.

Onde estiver o seu tesouro, ali estará o vosso coração, diz o texto. Diante disso, onde está o seu coração?

Alice no País das Maravilhas: coração perdido

Se você não sabe responder a pergunta “onde está o seu coração?”, muito provavelmente é porque o seu coração está perdido. E isso é um problema, uma vez que significa não saber onde está a nossa essência de ser. Isto é, não saber para onde estão voltados os olhos da nossa alma.

Lewis Carroll, escritor inglês, levanta com sutileza o assunto em seu livro mais famoso, Alice no País das Maravilhas, ao colocar a personagem principal perdida em uma floresta, vivendo uma experiência completamente surreal.

Andando sem direção, Alice encontra o Gato de Cheshire (ou Gato Risonho), que tem visíveis apenas os olhos, a calda e o sorriso, e pergunta ao felino:

- Aonde vai dar este caminho?

- Para onde você quer ir?, pergunta o Gato.

- Não sei, diz Alice.

- Ora, para quem está perdido, qualquer caminho serve, arremata brilhantemente a criatura inusitada.

O problema de não saber onde se quer chegar é que qualquer caminho pode ser tomado. Quando não sabemos onde está a razão de sermos, isto é, qual é a nossa missão, há elevado risco de perdermos o nosso coração e errarmos o caminho. O que é profundamente trágico, uma vez que há apenas um caminho de volta a Deus: Cristo Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14).

Jovem rico: um coração na riqueza

De acordo com Mateus 19.16–26, Jesus também se encontrou com uma “Alice”. Na verdade, um rapaz simplesmente identificado como jovem rico, que estava tão ou mais perdido do que a personagem de Carroll.

A Bíblia não diz seu nome, mas descreve sua abordagem ao Cristo:

E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?

E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho;

Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.

E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus.

E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.

Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se?

E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Mateus 19.16–26

Muitas pessoas eruditas já tentaram explicar o que Jesus quis dizer com a frase “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus (versículo 24). Uns afirmam que agulha era como a entrada de Jerusalém e de algumas cidades antigas eram chamadas. Outros que camelo era uma corda que amarrava embarcações, entre tantas outros explicações.

Não sei dizer com certeza o que Jesus quis dizer com aquela frase, mas creio que a questão mais importante nessa história é o que Jesus quis mostrar ao jovem, e certamente não tem a ver com agulhas e camelos, mas sim que o coração dele estava em suas posses materiais e não no Deus que habita os céus. Seu coração estava na terra, mas deveria estar no céu.

Apaixonar-se pelas coisas físicas, materiais, é um risco que corremos, afinal há uma aparente sensação de segurança nelas. Coisas são palpáveis e podem ser desfeitas, controladas, manipuladas e vendidas.

Já as coisas espirituais baseiam-se em um único fundamento: a fé. E a fé “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem” (Hebreus 11.1). Não é fisicamente palpável, nem tampouco manipulável.

Vale lembrar que o apóstolo Paulo escreve a Timóteo (em sua primeira carta, no capítulo 6, versículo 17), dizendo:

Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos;

As riquezas são seguranças indébitas. Colocar o coração nelas é tornar a salvação um ato “impossível” (v.26) para nós seres humanos, pois só um coração quebrantado e totalmente dependente de Deus pode ser santificado (e vale lembrar que sem santificação ninguém verá a Deus). É construir sua casa sobre a areia, que na primeira crise financeira pode desmoronar. Já a casa construída sobre a fé está edificada sobre a rocha e o vento não pode derrubá-la.

O dinheiro é patologia sórdida, que age nas sutilezas das sombras. Aquele jovem sofria de autoengano profundo. Ele se julgava um seguidor da Lei e sua fala revela que ele mais queria dizer a Jesus que era justo do que realmente ouvir do Cristo algum conselho ou orientação.

Sorrateiramente, as coisas materiais ganham de nós um valor que não têm, sem que nós percebamos. Ninguém acha que ama o dinheiro ou que seu coração está nas coisas materiais. Se perguntamos a uma pessoa aonde está o coração dela, certamente teremos como resposta “em Deus”, “na família”, “no trabalho”, mas jamais “no dinheiro”. No entanto, basta uma proposta, como fez Jesus, para a pessoa perceber que as coisas valem muito mais para elas do que elas próprias admitem.

Muitos, inclusive, tentam justificar seu acúmulo de riquezas alegando que Jesus, ao dizer que não devemos amar o dinheiro (Mamon, no original), não estava condenando o dinheiro, mas sim o amor ao dinheiro. Porém, o pastor batista, Ed René Kivitz, diz em seu livro Talmidim (2012) que na verdade Jesus personifica o dinheiro ao dar a ele o nome de Mamom e atribui a ele o status de uma divindade que rivaliza com o Deus vivo e verdadeiro. Isto é: na visão de Jesus, o dinheiro não seria algo neutro. Ele explica:

Neutro é um copo de plástico vazio e usado. Quem passa por um copo jogado ao chão, quando não pisa ou chuta, no máximo o colocar no lixo. Ninguém se sente atraído por um copinho usado, nem fica tentado a colocá-lo no bolso. Mas uma nota de 100 reais não é neutra. Ninguém passa indiferente por uma nota que está caída no chão. O dinheiro é assim, funciona como um ser vivo: chama, fala com a gente, seduz, faz promessas maravilhosas e exigências absurdas. O dinheiro é uma potestade um deus rival.

Jesus é enfático em sua advertência: “Cuidado: onde estiver o seu tesouro, o seu coração vai atrás”. O dinheiro tem a capacidade de escravizar nosso coração. Mas Deus não faz promessas ilusórias nem exigências que ferem e humilha as pessoas. É melhor escolher servir a Deus.

A maneira como Jesus nos ensina a controlar o poder do dinheiro é reconhecendo que existe apenas um único e digno Senhor: Deus, nosso Pai.

[KIVITZ, Ed René. Talmidim. São Paulo: Mundo Cristão, 2012.]

O pastor indiano, Samuel Kamaleson, partilha da mesma visão e diz que “tudo aquilo que você pode doar, pode ser chamado de seu; porém aquilo que você não pode doar chama você de seu”, por que a coisa possui você e não você a coisa. Diante disto, pergunto: O que você não pode doar?

Sansão: um coração roubado.

O livro dos Juízes narra a história de um homem que nasceu para em tudo glorificar a Deus. Ele nada devia chamar de seu, nem tampouco nada o devia chamar de seu, mas que tudo fosse para honra e louvor do Deus Eterno.

Seu nome: Sansão. Um nazireu de Deus. Isto é: um homem nascido e separado para servir a Deus em tudo, para todos e de todas as formas. A riqueza daquele homem devia ser servir a Deus obstinadamente. Seu coração devia estar em Deus por toda a sua vida.

Mas em algum momento o coração de Sansão foi parar nas mãos de uma mulher — Dalila:

E sucedeu que, importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, a sua alma se angustiou até a morte.

E descobriu-lhe todo o seu coração, e disse-lhe: Nunca passou navalha pela minha cabeça, porque sou nazireu de Deus desde o ventre de minha mãe; se viesse a ser rapado, ir-se-ia de mim a minha força, e me enfraqueceria, e seria como qualquer outro homem.

Vendo, pois, Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, mandou chamar os príncipes dos filisteus, dizendo: Subi esta vez, porque agora me descobriu ele todo o seu coração. E os príncipes dos filisteus subiram a ter com ela, trazendo com eles o dinheiro.

Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e chamou a um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e começou a afligi-lo, e retirou-se dele a sua força.

E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele.

(Juízes 16:16–20)

A expressão “descobrir o coração” significa ter a alma desnudada e o poder do ser completamente tomado. Aquela altura o coração de Sansão estava nas mãos de Dalila. E sabe qual é o problema de colocarmos o coração nas mãos de outra pessoa, principalmente alguém que não serve ao Deus Altíssimo? Elas vão te ferir até que você fira Deus — no sentido de virar as costas ao Criador, abandonar a vontade do Pai, abrir mão seguir Jesus carregando sua própria cruz (Lucas 9.23).

Talvez você tenha entregado o seu coração nas mãos de pessoas que não devesse e elas te machucaram, te traíram. E isso dói, eu sei.

É impossível ler a história do juiz Sansão sem sentir a dor daquele homem. A sua angústia na hora da morte.

Sansão foi alguém que viu-se como um homem de Deus que tinha sobre seus ombros a responsabilidade de julgar seu povo observando atentamente a autoridade de Deus, a fim de torná-los fortes. Porém, acabou encontrando-se humilhado e ridicularizado pelos seus inimigos no final da sua vida.

Contudo, Deus, com sua infinita misericórdia, no momento da morte de Sansão viu sua dor, ouviu gemido de angústia e o respondeu de forma aniquiladora. Porque é isso o que Deus faz ao ver um coração ferido e roubado: ele socorre.

Sansão orou a Deus pedido forças pela última vez para derrubar as colunas do local onde estava — cercado por filisteus que o zombavam. Deus o ouviu e ele derrubou as colunas matando mais de 3 mil pessoas. E diz o texto que “foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara em sua vida” (Juízes 16.30).

Mesmo quando se vão as forças, se você clamar ao Pai, Ele renovará as suas forças e não haverá coluna de murmuração ou roda de profanação que se sustentará diante do Deus Todo Poderoso. O profeta Isaías nos ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor (Isaías 40:29).

Por isso, se eu pudesse dar-lhe um conselho, o aconselharia dizendo: não entregue o seu coração a ninguém que não seja Deus. Não estou falando de amor. Estou dizendo não entregue a sua essência na mão de ninguém.

Colocar seu coração, sua essência, nas mãos de outra pessoa é juntar riqueza na terra, e aqui, Jesus nos alertou, a traça pode corroer ou ladrões podem roubar.

Dalila roubou o coração de Sansão porque, naquele momento, a essência de Sansão estava no cofre da terra, especificamente no colo da filisteia.

Apaixone-se! Ame. Ame muito! Mas não entregue sua essência, seu ser, a outro que não seja Deus. Forge a sua essência na Palavra que vem do céu.

Ame! Outra vez, ame! Mas ame a Deus sobre todas as coisas.

Vejamos o mundo a partir do Cristo, não a partir do que as pessoas nos dizem para ver. E não leia-se aqui qualquer arrogância quanto à opinião do outro. Este não é um convite à divisão, não é um convite ao grupo de Paulo, nem de Pedro, nem de Apolo, tampouco daqueles que se dizem de Cristo.

É um convite ao Cristo pura e simplesmente. A sua centralidade. Ao Jesus que ensina-nos a vê Deus acima de todas as coisas e o próximo tão próximo que o confundamos conosco mesmo. Ele nos convidar a ser um com Ele, como Ele é um com o Pai: é a mesma essência, o mesmo propósito, o mesmo coração.

Religioso: um coração corroído pelas traças

Fuja dos ladrões, mas também das traças.

Se pessoas podem roubar nosso tesouro, e com ele o nosso coração, a traça pode corroer aquele tesouro e aquele coração que não foi entregue a ninguém, nem mesmo a Deus.

Um coração fadado à ferrugem é aquele que não está voltado a Deus, mas age como se estivesse. É também conhecido por outra expressão: “coração de pedra”.

Aqui vale uma ressalva.

Comumente atribuímos a expressão “coração de pedra” a uma pessoa que é rígida nos seus conceitos e que não reconhece a Deus como seu salvador. Porém, tenho para mim que este é um coração perdido. Um coração de pedra é aquele que, mesmo sabendo que Jesus Cristo é o Senhor, age como se Ele não fosse; é não se quebrantar ao Cristo. Conhece o amor, mas não se rende a ele. Conhece a compaixão, mas se ensoberbece a ela. Conhece o perdão, mas finge ou julga dele não precisar.

No peito dos religiosos bate um coração de pedra, uma essência rígida, um coração enterrado na terra.

Tal coração é astuto e enganoso. E Deus nos alerta, em Jeremias 17:9–10, quanto à enganosidade do nosso coração:

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?

Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.

Muitas vezes falta coerência entre o que dizemos e o que sentimos, entre o que sai da nossa boca é o que está no nosso coração:

Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!

(Salmos 19:14)

As palavras que dizemos precisam estar de acordo com o meditar do nosso coração. Caso contrário, daremos vez para o nosso coração agir nas sombras.

Muitas vezes invertemos os critérios que devem ser usados por nós em nossas ações. Por exemplo:

Quando alguém não está com vontade de ir ao culto, geralmente diz: “não vou hoje porque serei hipócrita, é melhor ficar em casa do que ir lá sem vontade”. Mas aí tem aquelas pessoas que desistem e dizem “ah! eu vou assim mesmo, não vou dar brecha para o inimigo”. Nesses casos, quase sempre, quando elas estão no culto adorando a Deus, percebem que a sua vontade mudou, e elas dizem “graças as Deus que não fiquei em casa, mas mudei de ideia”.

Por outro lado, aquelas que não mudam de ideia e ficam em casa, nunca veem sua vontade mudar. Elas raramente vão dizer: “ah! porque eu não fui para o culto, me arrependi”.

Ou seja, tudo isso para dizer que a gente pensa que o correto é fazermos aquilo que está no nosso coração. Mas a Bíblia não pensa assim. A Bíblia pensa que o nosso coração vai ficar cheio daquilo que a gente faz. Quanto mais a gente faz o que não deve, mais nosso coração vai ficar cheio do que não deve. Quanto mais fazemos o que devemos fazer, mais nosso coração ficará cheio do que deve.

Jesus não disse onde estiver o seu coração é lá que você vai colocar o seu tesouro, mas ele disse onde estiver o seu tesouro é lá que vai estar o seu coração

E quando o nosso coração nos ilude, nós temos certeza de que estamos no caminho correto. O problema é que às vezes estamos no caminho correto, mas na direção errada. A convicção pode nos trair severamente.

O operário João Mariano da Silva fazia frequentemente o trajeto Campinas-São Paulo pela via Anchieta. Um dia ele entrou na via e tinha certeza de estar indo para São Paulo. Porém, não se deu conta que estava indo na direção errada e seu carro na contramão. Ele atingiu em cheio o carro do atleta brasileiro que ficou conhecido como João do Pulo. Mariano morreu na hora e João do Pulo perdeu a perna e encerrou sua carreira ali.

Às vezes nós temos certeza de que estamos fazendo a coisa certa, mas se estivermos enganados, enquanto mais certeza tivermos, mais errado nós iremos agir.

Quando temos essa certeza, nada nos para. E mesmo quando as coisas não estão dando certo a gente continua insistindo para fazer dar certo. E empenhamos mais força. E porque colocamos mais força, nos dedicamos mais. E porque nos dedicamos mais, valorizamos mais. E porque valorizamos mais, transformamos aquilo no nosso tesouro. E porque ali está o nosso tesouro, ali está também o nosso coração.

Enganosa sabedoria! Enganoso coração!

E se mesmo com a nossa insistência e teimosia, confundidas claramente com persistência e perseverança, não der certo, apontamos como pretexto a “Faltam de recursos”. Mas o que adianta ter uma ferrari quem está na direção errada? Melhor não seria um fusca na direção correta? O que adianta a melhor caixa de som, colocada no lugar mais alto da cidade, se o orador não falar o idioma local? Ou o que adianta o pastor ser um exímio orador e conhecedor das escrituras se sua pregação discute a circuncisão em Gálatas ao invés de tratar os problemas da sua igreja e os quais a sociedade enfrenta, como a ideologia de gênero, o feminismo o abuso de poder, a corrupção e o esfriamento espiritual?

Por outro lado, quando as coisas dão certo, a gente se acomoda, achando que os resultados justificaram os meios. “Se a igreja está cheia, continua falando e fazendo as mesmas coisas: está dando certo”, pensam muitos.

Enganoso e empobrecido coração!

A nossa alma deve estar submetida ao Cristo com temor e tremor. A nossa meditação na Palavra de Deus deve ser incessantemente (de dia e de noite) e o amor que Jesus nos ensinou deve ser nosso princípio prioritário. A base da nossa essência.

Jesus combateu rigorosamente a religiosidade, a sua época propagada pelos escribas e fariseus, pois esta é uma ferrugem que apodrece os corações e os enferruja, os petrifica.

Ele contou uma parábola para ilustrar que o amor de Deus transcende as regras e ritos religiosos:

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.

Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.

(Lucas 18:10–14)

O coração de pedra ou o coração em um tesouro enterrado na terra não reconhece sua própria pequenez, não ama o próximo e não enxerga os propósitos de Deus. Ele busca reivindicar o céu pelas suas obras.

É o evangélico que ousa “desafiar” Deus com uma teologia chamada da prosperidade, que oferece uma receita de bolo (do tipo dar o dízimo, fazer a campanha dos 7 dias e o Jejum de Daniel etc.) que, se você seguir passo a passo, Deus é obrigado a abençoá-lo.

Ou indo mais a fundo ainda: é o evangélico que faz tudo “certo”: abomina a teologia da prosperidade, não tem caráter moralista, faz boas ações ao próximo, chama até as pessoas de vaso, varão e varoa, mas que na primeira enfermidade questiona os princípios de Deus.

Tudo isso, como escreveu o reverendo Caio Fábio, é insuportável:

É insuportável ligar a televisão e ver o culto que se faz ao Monte Sinai, que gera para escravidão. Os Gálatas são o nosso jardim da infância. Nós nos tornamos PHDs do retrocesso à Lei e aos sacrifícios. Pisa-se sobre a Cruz de Cristo em nome de Jesus. Insuportável! Seja anátema!

O mesmo sentimento é acompanhado pelo pastor Ricardo Gondim em sua carta de desabafo:

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Assim como os escribas e fariseus, os religiosos de hoje continuam a oprimir o povo com um jugo pesado e difícil de carregar. Jesus os chamou de sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão (Mateus 23.27).

A religiosidade nos leva cada vez mais longe de Deus. Jesus disse que os religiosos percorrem o mar e a terra para fazerem um prosélito, mas, depois de o fazerem, o tornam duas vezes mais filhos do inferno (Mateus 23:15). Ou seja: Jesus quer dizer com isso que um pecador sabe do seu pecado, sabe que está distante de Deus, e, portanto, tem a oportunidade de se arrepender. Mas o religioso é convicto de seu estado: ele tem certeza de que está correto e que Deus o abençoará. E, para piorar, ele passa sua filosofia para outros e torna o outro ainda mais distante do Deus vivo.

O julgamento para esses Jesus descreveu como será:

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?

E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.

(Mateus 7:22-23)

Assim é o coração daquele que tem o seu tesouro na terra. Ele acha que são as coisas que ele faz que o aproximam de Deus. E então ele segue nesse caminho, sem se importante se está na direção certa. E para isso ele compra uma Ferrari para ir mais rápido e mais confortável. Mesmo que ele esteja deixando o destino correto para trás. Ele não houve ninguém, pois tem certeza que está na direção correta.

A traça e a ferrugem já corroeram esse coração e ele está intoxicado, enferrujado e petrificado. Porém, Deus pode trocar esse coração por um novo coração:

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne

(Ezequiel 36:26)

Através do profeta Ezequiel, Deus repudiou o coração do povo àquela época. Tratava-se de uma geração que viu seus pais adorarem outros Deus e Deus os repreender a ponto de permitir que fossem exilados por Nabucodonosor. Porém, ao invés de reconhecerem seus erros e voltarem a Deus eles cometeram os mesmos pecados. Deus entendo repudia aqueles coração que mesmo ouvindo suas correções não mudavam de atitude.

O que não é muito diferente atualmente. Muitos ouvem e até falam em nome de Deus, mas não querem trocar de coração, não querem nascer verdadeiramente de novo, trocar a sua essência pela essência do Cristo.

A estes Cristo rejeitará naquele Grande Dia.

Estêvão disse, antes de ser apedrejado pelos religiosos, que seus corações eram endurecidos ao Cristo:

Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.

(Atos 7:51)

Oremos como Davi, pedindo a Deus um novo coração. Que todas as vezes que o nosso coração começar a enferrujar e a petrificar, que ele não só seja limpo, mas transplantado por um coração puro e verdadeiro:

Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto Que Deus transforme o nosso coração e o guarde em segurança nos céus.

(Salmo 51.10)

Cofre no céu: o lugar para o nosso coração

O coração de Jesus, mesmo enquanto o Salvador habitou a terra como homem, esteve sempre guardado em Deus. Ele rejeitou a terra, oferecida por satanás durante a tentação no deserto (Mateus 4.1–11) e disse a nós que iria voltar a sua casa, que não era aqui, mas nos céus e preparar um lugar para lá habitarmos com ele (João 14).

Só é possível suportar a cruz quem sabe que nesta terra é peregrino, que o mundo sem Deus jaz no maligno e que Deus nos chamou para participar da implantação do Reino de Deus continuando a obra de Cristo e fazendo-a maior ainda.

Por isso pegue seu tesouro e coloque-o no céu urgentemente. Tudo o que você tem só estará protegido se estiver guardado no único lugar onde ladrões não entram e traças não corroem: na casa de Deus.

Deus está preocupado com o seu coração e o quer guardar lá.

Com o seu coração guardado no céu, não adianta as pessoas gritarem para você descer da cruz, não adianta as pessoas te oferecerem os impérios terrenos e não adianta as regras humanas tentarem te cercar, elas não vão corroer o seu coração.

Descanse em Deus. Ele é a nossa cidade fortificada:

Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.

Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares.

Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.)

Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo.

Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.

(Salmos 46:1–5)

Estamos bem protegidos. Jesus nos colocou em suas mãos e Deus colocou suas mãos sobre as mãos de Jesus. É o que diz o texto de João 10:28,29:

E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.

Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.

Assim seja!

Ao nosso Deus glória, honra e louvor para todo o sempre. Amém!

Porque onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração o que significa?

É o lugar secreto no qual colocamos em jogo o sentido da vida: o que é que realmente deixamos que ocupe o primeiro lugar? O “coração” é aquilo que temos de mais íntimo, oculto, vital. O “tesouro” é aquilo que tem mais valor, que nos dá segurança para o dia de hoje e para o futuro.

Onde está o vosso tesouro aí estará também o vosso coração?

Mateus 6:21 - Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. - Bíblia.

O que quer dizer Mateus 6 21?

Não devemos colocar nosso coração em coisas materiais que perecem, mas devemos nos voltar a Deus. Se nosso coração está aqui nesta terra certamente ele não está voltado para o Senhor. Por isso devemos ter cuidado para que não nos deixemos enganar pelas coisas deste mundo.

O que são os tesouros escondidos de Deus?

Tesouro escondidoé a palavra que Jesus utilizou para definir o “Reino dos céus”. Não é algo evidente, precisa ser descoberto e precisamos de tempo para descobri-lo. Muitas vezes, somos nós mesmos que enterramos este 'tesouro' com os 'afazeres' de todos os dias. Mas, é um tesouro que faz mudar tudo.