Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

Sobre as caricaturas do Imperador brasileiro D. Pedro II veiculadas na imprensa da época, tendo como suporte alguns desenhos humorísticos de artistas como Rafael Bordalo, em O Mosquito ou O Besouro, e Angelo Agostini, na folha literária Revista Illustrada.

Texto de Hélio Ricardo Santos (Licenciatura em História, NOVA-FCSH). Revisão de Ricardo Fortunato.Imagem: «O Juramento de Todos os Príncipes – A garantia de Todos os Povos», desenho de Rafael Bordalo publicado n’O Besouro a 04 de maio de 1878, p. 33.

O presente ensaio aprofundará as representações caricaturadas do Imperador brasileiro D. Pedro II (1825-1891) veiculadas na imprensa da época, tendo como suporte alguns desenhos humorísticos de artistas que se celebrizaram pela dedicação a este estilo de ilustração — como Rafael Bordalo, em O Mosquito ou O Besouro, e Angelo Agostini, na folha literária Revista Illustrada.

De forma a depreender não só o olhar com que a sociedade da altura retrata os processos e dinamismos que polvilharam esta realidade — designadamente as peripécias que valeram a crítica e o sarcasmo na abordagem à imagem pública do imperador — como também o papel importantíssimo destas publicações enquanto parte integrante da história da caricatura brasileira, a exposição que ocupará as linhas subsequentes será precedida por um contexto histórico, de modo a enquadrar previamente a conjuntura temporal em análise e o perfil da figura em destaque, seguindo-se-lhe um momento de interpretação de algumas ilustrações.

1. Enquadramento histórico

1.1. O perfil de D. Pedro de Alcântara

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

O Ato da Coroação do Imperador, óleo sobre tela da autoria de François-René Moreaux, 1842. Coleção do Museu Imperial.

Assumindo a condução dos desígnios do Brasil numa demanda pessoal de praticamente meio século (1840-1889), o sucessor do primeiro imperador brasileiro fora coroado aos 16 anos, a 18 de julho de 1841, após um período de regências que ficou marcado por um leque de convulsões de diversos parâmetros. Já desde menino, havia nascido “no meio de uma tempestade política vivida pelo pai e com os derradeiros momentos da mãe”[1], amadurecendo perante as circunstâncias do tempo. A imagem veiculada nos retratos do recém imperador remete-nos para um jovem com um semblante sem expressão, algumas vezes investido de insígnias imperiais que cristalizavam rituais. Neste ponto, com o amadurecimento do imperador, a barba tornou-se num elemento da sua iconografia política[2]. É-nos portanto apresentada no dealbar do reinado a moldura de um rei seguro e forte, embora esse seja “um símbolo mais calcado no imaginário da realeza do que na realidade do pacato e solitário adolescente”[3].

Entre as décadas de 40 e 50 do século XIX, o imperador inteira-se cada vez mais das questões do Estado, naquele que é ainda um tempo de acalmia e estabilidade político-financeira, com a entrada da mercadoria do café no mercado internacional, permitindo-lhe firmar o programa de ação que caracterizou o seu reinado, isto é, a consolidação do sistema moderno brasileiro. Nas itinerâncias pelo território, o monarca “é recebido de forma calorosa e a cada ocasião repete-se o teatro da corte, (…) um fortalecimento do poder real”[4].

Contudo, a maturação do seu governo, sobretudo com as pressões da questão abolicionista e outros eventos de enorme magnitude, como a Guerra do Paraguai, ocasionou e fomentou condições para um uso mais recorrente da sua imagem por parte da imprensa satírica: desde a crítica aos membros do legislativo e aberturas das Câmaras, até às sestas do imperador em múltiplos contextos do foro governativo que lhe exigiam um posicionamento, muitas foram as ilustrações elaboradas, como se observará mais adiante.

No que concerne ao traço de personalidade de D. Pedro, apelidado de O Magnânimo ou Rei Filósofo[5], o sociólogo e historiador Gilberto Freyre apresentara-o como um «Imperador Cinzento de uma Terra Tropical», numa conferência, em 1925, a propósito do centenário do nascimento do imperador, e que veio a ser publicada cinquenta anos volvidos. Segundo a exposição do biógrafo, o mesmo considerou legítimo conceder ao monarca a dignidade de mártir, justificando-o com o perfil nebuloso que atormentou o governante desde cedo: “não teve a liberdade de menino quem não teria a de homem. Uma meninice sem gosto nenhum de meninice, a de Dom Pedro II. Abafada, tristonha, só”[6].

O seu refúgio na literatura e nas artes fora, para Freyre, um dos motivos pelo qual D. Pedro perdeu de vista o Brasil, “um Brasil que o queria não de cartola, mas de coroa; (…) um Brasil que o queria mais para o ver de ceptro, reinando e a cavalo, como um São Jorge de verdade, do que para lhe ouvir os discursos e as frases de censor moral[7]”. Portanto, o desajustamento desta figura no assumir das funções imperiais, nas palavras do biógrafo, tornou-a numa das mais dramáticas personalidades da história brasileira pelo ímpeto conciliador e pelo pavor à simultaneidade de antagonismos no foro político, que culminou na designação popular de «Pedro Banana». O autor acaba mesmo por referir que D. Pedro “se tornou mártir do seu próprio excesso de liberalismo académico, sem profundas raízes nas condições brasileiras; de pacifismo mórbido”[8].

2. O «Imperador das Barbas» nas ilustrações do seu tempo

Reflexo de uma ampliada liberdade na imprensa brasileira, o imperador foi sendo um dos alvos mais frequentes dos desenhos satíricos presentes nas tiragens, geralmente semanais, sobretudo a partir da década de 1870, representando esta conjuntura o agudizar de um ciclo de tensões face à fragmentação das alianças do Império com os grandes terratenentes, base de apoio que ajudara a consolidar os alicerces da Nação, mas também à situação de desorganização do Estado e a pressão da problemática abolicionista[9].

Com uma grande expansão, este género de imprensa contava já com mais de meia dúzia de jornais no Rio de Janeiro, em 1876, ano de fundação da celebrizada Revista Illustrada, que “vivia exclusivamente de assinaturas, ao mesmo tempo que se convertia em leitura obrigatória, ao menos nos círculos letrados da corte carioca”[10]. É retratado, sobretudo, um «Pedro Banana», expressão popular que resultou da ligeireza com que o imperador encarou os negócios do Estado, levando os artistas a retratarem ironicamente os semblantes do mesmo e dos seus políticos em situações peculiares. Neste sentido, sobre as representações humorísticas, Maria da Conceição Pires, doutorada em História Social pela Universidade Federal Fluminense, afirma:

“serviam como referencial para esta conceção de moderno na medida em que expressavam uma reflexão rápida, inusitada e criativa sobre uma variada gama de temas. Buscavam criar uma identidade com o público ao se mostrarem em conformidade com o que de novo era discutido e vivenciado nas ruas”[11].

Época áurea da caricatura no Brasil, diversos momentos-chave e problemas do Segundo Reinado, sobretudo num período de maiores tensões, com particular destaque a partir da década de 1870, foram representados sobre o prisma da sátira e da crítica. Veja-se, a título de exemplo, a forma como Rafael Bordalo (1846-1905) ilustrou as inúmeras viagens do imperador, evidenciando-o quase como um itinerante, despreocupado com a condução dos desígnios brasileiros – num desenho publicado n’O Mosquito, Dom Pedro é retratado com uma mala de viagem na mão, num «adeus» à Princesa Isabel, sua filha, que fica a reger uma imensa orquestra.

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«A Grande Orquestra», Rafael Bordalo Pinheiro, O Mosquito, 1876.

Ora, esta ilustração bordaliana foi, evidentemente, uma paródia a um ano (1876) recheado de roteiros pelo exterior, por parte do imperador, uma verdadeira “volta ao mundo” nos anos de 1870, como escreveu a historiadora brasileira Lilia Schwarcz[12], fazendo evidenciar a alheação do imperador às questões do Império. Veja-se a primeira viagem internacional, em 1871, que despoletou uma onda de controvérsias, já que em plena crise da monarquia, em muito motivada pela causa abolicionista, o imperador partira numa expedição que durou dez meses, deixando a jovem Isabel, de 24 anos, como regente provisória[13]. Note-se que 1870 havia sido o ano de publicação do Manifesto Republicano, evidenciando a crença numa evolução histórica do Brasil que conduziria ao ocaso monárquico e à instauração da República, ao se propor uma tónica contrarrevolucionária, não defendendo uma mudança brusca de regime, mas um processo que foi consequência da sua própria designação: republicanos evolucionistas[14].

Do mesmo artista, surgira também um apontamento à «política entre pares», num desenho de dezembro de 1878, n’O Besouro, um dos periódicos onde Rafael Bordalo publicou as suas ilustrações quando residiu em território brasileiro, entre 1875 e 1879. A sátira em foco, neste exemplo, prende-se com a tradicional abertura das Câmaras, sendo acompanhada da inscrição «estão abertos os fagundes. Falem os fagundes. Legislem os fagundes». Personagem-tipo que sintetiza algumas características de figuras da espera política, os fagundes ocupam, na composição em análise, um destaque particular, reproduzidos dezenas de vezes perante o pronunciamento elaborado pelo monarca brasileiro, investido dos trajes que atestam a sua condição de governante[15]. Assim sendo, o realce, nesta ilustração, é a forma como o artista perceciona os membros do legislativo, muitos deles desatentos, a olhar para múltiplos pontos da sala, retratados genericamente numa só personalidade.

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«Abertura das Camaras», Rafael Bordalo Pinheiro, O Besouro, 14 de dezembro de 1878, pp. 292-293.

O posicionamento antimonárquico da obra bordaliana operou-se igualmente perante a relação com o padroado e a união constitucional entre o Catolicismo e o Estado, sendo exemplo a composição “O Juramento de Todos os Príncipes – A garantia de Todos os Povos”, onde é ilustrado o juramento do neto do imperador, como príncipe e seu sucessor, perante os titulares das pastas ministeriais. O pequeno é retratado com uma coroa e chora, enquanto tem a mão sobre uma cópia da Constituição, que está sobre a barriga de D. Pedro II, evidentemente cansado e mostrando-se até aborrecido, sendo a criança questionada “ser obediente à mamãe, papai e vovô, bem como às leis”[16], jurar manter a fidelidade à Igreja de Roma.

Após os sons indecifráveis do petiz, os ministros confirmam a garantia do juramento, usando Bordalo a situação para tecer uma crítica mordaz à forma como os príncipes sempre cumpririam o juramento, mesmo “ao colo das amas de leite e com uma mamadeira à mão ao invés do cetro. Para o caricaturista, o juramento de proteger a nação e defender os interesses do seu povo era, seja por inabilidade, desinteresse, negligência ou desonestidade, correntemente descumprido”[17].

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

Retrato de D. Pedro II na abertura do Parlamento, Pedro Américo de Figueiredo, 1872, Museu Imperial (esquerda); Índio simbolizando a Nação Brasileira, Manoel Chaves, 1872, Galeria Nacional de Belas Artes (centro); caricatura de Angelo Agostini, Revista Illustrada, o imperador e o índio como personificação da Nação Brasileira.

À geração do artista supramencionado pertencera também Angelo Agostini (1843-1910), artista com raízes italianas que se afirmou no Brasil no ramo da imprensa satírica, particularmente com os desenhos de um imperador velho e cansado, já numa fase terminal do seu governo, como se perceberá nas linhas subsequentes. Ainda assim, o artista representou-o em outros âmbitos, como quando personificou a nação brasileira a partir de um retrato de D. Pedro II de 1872 e o investiu de um traje de índio. A alegoria elaborada é a da junção de uma tela onde o imperador aparece investido dos trajes reais, como o manto com as estrelas do Brasil, o ceptro dos Bragança na mão e a Coroa, com uma estátua de um índio como símbolo do Império, da autoria de Manoel Chaves, pousando este com as insígnias[18]. Sob o lápis de Agostini, um pequeno índio observa com olhar de gracejo o imperador investido como um “selvagem romântico que ele e o seu círculo uma vez idealizaram, (…) longe de ser confortável”[19].

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«Manipanso imperial», Cândido de Faria, O Mequetrefe, 10 de janeiro de 1878.

Numa outra ilustração, já sobre o imperador e o jogo político, atribuída a Cândido de Faria (1849-1911), D. Pedro é exibido como um «manipanso», entendendo-se a expressão como um ídolo ancestral, fisicamente gordo, símbolo de formosura e riqueza. Ora, neste desenho de 1878, publicado n’O Mequetrefe[20], o imperador está sentado numa almofada, numa posição superior quase que como adorado por figuras que, abaixo de si, veneram uma divindade com diversos braços, que, musculosos, suportam as pastas ministeriais, funcionando a caricatura como uma crítica ao centralismo e autoritarismo do governo do imperador D. Pedro, que monopoliza o poder de nomeação dos principais cargos da esfera política.

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«D. Pedro dorme durante uma sessão do IHGB», Angelo Agostini, Revista Illustrada, 1880.

Por outro lado, a intensificação da representação de um imperador mentalmente alheio ao palco imperial, nos últimos anos do seu reinado, intensifica-se com o regresso das itinerâncias pela Europa, período de tempo em que se manteve distante dos planos governativos: em 1880, a Revista Illustrada retratou D. Pedro adormecido numa sessão do IHGB, o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, fundado em 1838. Note-se que mais tarde, em 1887, Angelo Agostini estamparia num dos números da sua revista um monarca ainda mais envelhecido, no “sono da indiferença”, quase como se o jornal que lê, intitulado «O Paíz», produzisse em si um resultado sonífero, como que se as questões da nação fizessem adormecer o velho D. Pedro, de 61 anos. Esta seria, de resto, a representação constante do monarca deste o dealbar da década até ao fim dos seus tempos como governante.

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«O rei, nosso senhor e mestre, dorme o sono da indiferença. Os jornais que diariamente trazem os desmandos desta situação parecem produzir em Sua Majestade um efeito narcótico», Angelo Agostini, Revista Illustrada, 1887.

3. O ocaso da monarquia brasileira

Com a assinatura do diploma da Lei Áurea, a 13 de maio de 1888, pela Princesa Isabel (1846-1921), o ocaso da monarquia imperial brasileira entrou, mais que nunca, num ponto de não-retorno, e daí até à Implantação da República, a 15 de novembro do ano imediato, fizera-se durar um modelo governativo que tropeçou e acabou por cair.

Apesar de romper com as sólidas bases da nação brasileira, o fim da escravatura havia reunido junto da população simpatias para com a monarquia, tendo sido motivo para “grandes festejos populares que não só tomaram uma semana, durante o ano de 1888, como se repetiram no ano seguinte, cinco meses antes da proclamação da República”[21], até mesmo por ocasião do aniversário do monarca, a 02 de dezembro de 1888. No entanto, se por um lado cresciam as graças pelo imperador para uns, por outro, não obstante, intensificavam-se as críticas ao regime, particularmente com recurso aos desenhos humorísticos, e o término da união de facto com as elites era mais que evidente[22].

De facto, a abolição da condição escravocrata no Brasil “levou ao desprestígio de uma minoria muito ativa, e extremamente ligada ao Trono, que rapidamente se bandearia para o lado dos republicanos”[23]. Até aos «vivas!» à República, em novembro, arrastavam-se uma multiplicidade de problemas, de diferentes vetores, que, em grande parte, conduziram ao soçobrar da monarquia e suas instituições: uma questão social, com a oposição dos escravistas; religioso, com o clima de mal-estar face à supremacia do poder político brasileiro em relação à Santa Sé; e um mal-estar no corpo militar que se opõe à elite política e que despoletaria a emergência de uma consciência de classe no setor militar a partir do fim da Guerra do Paraguai (1864-1870) – não obstante, o republicanismo viria a beneficiar desta adesão convicta dos quartéis na mudança de regime[24].

Quais aspectos da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

«D. Pedro parte de mala na mão, coroa nas costas», Angelo Agostini, Revista Illustrada, novembro de 1889.

Com a monarquia em crise, de julho a novembro de 1889 a linha de acontecimentos acabara por gerar a intervenção militar que originaria o nascimento da República no Brasil, reunida à cabeça de Deodoro da Fonseca. A partida de D. Pedro fora imediata, sendo a mesma satirizada por Angelo Agostini, logo publicada na Revista Illustrada, ao retratar o imperador deposto partindo com uma mala na mão e a coroa às costas, com a certeza de que “este País que me é tanto afeiçoado”[25], quase que parafraseando uma célebre frase de Napoleão. Em associação com os desenhos, alguns escritos publicados davam conta da situação física e mental do imperador, como aquele que Pedro Calmon atestara em A História de D. Pedro II ao mencionar, a propósito de uma sessão legislativa nos últimos momentos da monarquia, que:

“O fio de voz não deixou que lhe ouvissem o discurso. (…) Antigamente despertava interesse, agora provocava chacota; ou deixava indiferente a cidade, que tantas vezes correra para ver entrar e sair do Senado, esbelto e loiro, no seu uniforme cândido, da coroação!”[26].

Reflexões Finais

Tendo em conta o que foi proferido, as circunstâncias que marcaram a vida e reinado de D. Pedro II revelaram-se importantíssimas para a produção artística de desenhos humorísticos no Brasil e para o desenvolvimento da imprensa brasileira, sendo o próprio imperador um elemento-chave nesse processo, já que “por vezes bem-humoradas, por vezes cáusticas, essas imagens reúnem importantes perceções da história e refletem o clima de opinião da época”[27].

Neste caso, a representação veiculada na imprensa atestou a posteridade de D. Pedro, pela sua postura perante a agenda do Segundo Reinado, eternizando-o na memória não só pela forma como que a caricatura mordaz o pretende satirizar, mas, e em grande medida, por constituir uma personalidade de relevo para a história brasileira – valendo-lhe, para muitos, a designação de um dos «pais» da nação e impulsionador do desenvolvimento do Brasil[28]. Ainda assim, certamente que não deixa de se caracterizar como uma figura de controvérsias e que suscitou múltiplas opiniões, ilustrada nestes documentos históricos, isto é, as caricaturas/charges.

No que concerne à imprensa, deparamo-nos com um período de considerável desenvolvimento e proliferação das tiragens nos jornais e panfletos que cada vez mais polvilhavam as cidades, com especialmente foco para o Rio e São Paulo, divulgando a arte da caricatura de alguns dos artistas mencionados anteriormente e que se destacaram precisamente neste tempo. Aliada à sua difusão pelo leque de peripécias que demarcaram a cronologia do Segundo Reinado, a liberalidade do imperador perante as críticas nos desenhos humorísticos, na perspetiva de Araken Távora, autor de Pedro II através da Caricatura, permitira em muito que fosse neste período cronológico que este estilo de desenho atingisse a sua época de ouro[29], balanço feito, aliás, por outros tantos autores, como a historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz.

Bibliografia

– ALCÂNTARA, Mauro de, As Intrigas do Imperador: uma análise de narrativas biográficas sobre D. Pedro II, Tese para o Programa de Pós-Graduação em História, do Instituto de Geografia, História e Documentação-IGHD, da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2019.

– BESOUCHET, Lidia, Pedro II e o século XIX, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1993.

– BRITO, Rômulo, Um traço sobre o Atlântico: o Brasil na obra caricatural de Rafael Bordalo Pinheiro (1870-1905), Tese apresentada para a obtenção do grau de Doutor no Programa de Pós-Graduação em História, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

– PIRES, Maria da Conceição Francisca, Centenário do traço: o humor político de Ângelo Agostini na Revista Illustrada (1876-1888), Fundação Biblioteca Nacional – MinC, 2010.

– SCHWARCZ, Lilia M., STARLING, Heloisa M., Brasil: Uma Biografia, São Paulo, Companhia das Letras, 2015.

– SCHWARCZ, Lilia Moritz, “The banana emperor: D. Pedro II in Brazilian caricatures, 1842–89”, Journal of the American Ethnological Society, Volume 40, nº 10, maio de 2013, pp. 310-323.

– SCHWARCZ, Lilia Moritz, As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

– SOUZA, Lidia Lerbach de, “Representações de D. Pedro II nas Charges e Caricaturas de seu Tempo” in Itinerários Investigativos História das Ideias Linguísticas: Apropriação e Representação, São Paulo, Blucher, 2021, pp. 81-94.

Sitografia

– “Ensinar História”, blog da professora e escritora brasileira Joelza Ester Domingues https://ensinarhistoria.com.br/caricaturas-do-segundo-reinado-critica-com-humor-e-ironia/ (acedido em dezembro de 2021).

– Sítio digital da Hemeroteca de Lisboa (acedido em dezembro de 2021):

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/obesouro/obesouro.htm

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/omosquito/omosquito.htm

  1. ALCÂNTARA, 2019, p. 124 ↑

  2. SCHWARCZ, 1998, p. 151. ↑

  3. Ibidem. ↑

  4. Idem, p. 181. ↑

  5. Designações atribuídas a D. Pedro II do Brasil. ↑

  6. FREYRE in ALCÂNTARA, 2019, p. 109. ↑

  7. FREYRE in ALCÂNTARA, 2019, p. 113. ↑

  8. Idem, p. 116. ↑

  9. SCHWARCZ, 1998, p. 847. ↑

  10. Idem, p. 848. ↑

  11. PIRES, 2010, p. 25. ↑

  12. SCHWARCZ, 1998, p. 373. ↑

  13. SOUZA, 2021, p. 88. ↑

  14. As aspirações republicanas detinham no território brasileiro antecedentes históricos ao período colonial, mas também ao primeiro reinado. ↑

  15. BRITO, 2017, pp. 153-159. ↑

  16. O desenho humorístico em questão é o que se encontra na imagem de capa do artigo, com legenda logo abaixo. ↑

  17. BRITO, 2017, p. 226. ↑

  18. SCHWARCZ, 2013, p. 317. ↑

  19. Ibidem. ↑

  20. Jornal fundado em 1875, no Rio, com término de publicação em 1893. ↑

  21. SCHWARCZ, 1998, p. 915. ↑

  22. Ibidem. ↑

  23. Idem, p. 215. ↑

  24. Idem, p. 216. ↑

  25. BESOUCHET in SCHWARCZ & STARLING, 2015, p. 431 ↑

  26. CALMON in ALCÂNTARA, 2019, p. 200. ↑

  27. SOUZA, 2021, p. 93. ↑

  28. SCHWARCZ, 2013, p. 322. ↑

  29. TÁVORA in SOUZA, 2021, p. 83. ↑

Qual o aspecto da política brasileira durante a Primeira República o artista representou na imagem?

Resposta. Resposta: O aspecto da política brasileira na imagem datada de 1907, representa o coronelismo e a manipulação coerciva e fraudulenta dos votos para garantir a maioria no Congresso Nacional.

Qual aspecto da política brasileira durante a primeira?

A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas importantes desse período. A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e República Oligárquica. Outras características importantes desse período foram mandonismo, clientelismo e coronelismo.

Qual aspecto da política brasileira da Primeira República está representada na charge?

B( ) A charge é uma representação da corrupção na Primeira República.

Que aspecto da política brasileira do início do século 20 o artista representou na imagem?

Resposta: Na charge o artista buscou representar a prática do voto do cabresto, que era o modo como as elites locais controlavam o resultado das eleições, mesmo que apenas a menor parte da população pobre pudesse votar.