Quais cientistas contribuíram para a tabela periódica atual?

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

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Mendeleev e Meyer listaram os elementos químicos conhecidos em ordem crescente de massa atômica. Entretanto, tal classificação conferia alguns problemas à tabela de Mendeleev, o que se caracterizava pela impressão de que alguns elementos pareciam estar fora de lugar. Um exemplo foi o argônio que, quando isolado, não parecia ter massa correta que justificasse sua posição. Sua massa atômica relativa de 40 é a mesma que a do cálcio, mas estes apresentavam consideráveis diferenças: enquanto o argônio é um gás inerte, o cálcio é um metal bastante reativo. Anomalias como essas levaram os cientistas a questionarem-se quanto ao uso das massas atômicas relativas como base definitiva de um padrão de organização dos elementos.

No início do século XX, quando Henry Moseley examinou o espectro de raios x dos elementos, descobriu que todos os átomos de um mesmo elemento químico apresentavam a mesma carga nuclear, e portanto, tinham o mesmo número de prótons, que consistem no número atômico do elemento. Rapidamente chegou-se à conclusão que os elementos ficariam em um padrão ainda mais regular quando arranjados em uma tabela em ordem crescente de seu número atômico, ao invés da massa atômica.

“De modo geral, à medida que o número atômico cresce, a massa atômica também cresce. Há apenas quatro casos de elementos consecutivos na tabela periódica em que o de menor número atômico apresenta maior massa atômica. São eles:

  • o argônio (18Ar), cuja massa atômica é 39,9 e vem antes do potássio (19K), cuja massa atômica é 39,1;
  • o cobalto (27Co), cuja massa atômica é 58,9 e vem antes do níquel (28Ni), cuja massa atômica é 58,7;
  • o telúrio (52Te), cuja massa atômica é 127,6 e vem antes do iodo (53I), cuja massa atômica é 126,9;
  • o tório (90Th), cuja massa atômica é 232 e vem antes do protactínio (91Pa), cuja massa atômica é 231”1.

A lei periódica, portanto, estabelece que quando os elementos são listados, sequencialmente, em ordem crescente de seu número atômico (somatório de prótons existentes no núcleo do átomo), é observada uma repetição periódica em suas propriedades.

Desde as primeiras publicações da lei periódica por Dimitri Mendeleev e Lothar Meyer surgiram muitas propostas de tabelas periódicas. A repetição verificada na lei periódica é a base da estrutura da tabela periódica moderna, sendo a versão mais fácil de utilizar até o momento e que possui correlação com as estruturas eletrônicas dos átomos é a forma estendida, onde elementos com propriedades químicas semelhantes são distribuídos em colunas chamadas grupos ou famílias e linhas denominadas períodos ou níveis.

§ PERÍODOS OU NÍVEIS: As fileiras horizontais da tabela periódica são chamadas períodos ou níveis e enumerados com algarismos arábicos, de cima para baixo, de 1 à 7. Os períodos variam muito em número de elementos: o primeiro possui apenas 2, já o sexto consiste em 32 elementos, em parte porque estão incluídos os lantanídeos, que são 14 elementos, do lantânio (Z=57) até o itérbio (Z=70). O sétimo período consiste também em 32 elementos, pois estão incluídos os 14 elementos actinídeos, do actinídio (Z=89) ao nobélio (Z=102). Os lantanídeos e actinídeos são usualmente chamados de elementos de transição interna e mostrados abaixo da tabela principal.

§ GRUPOS OU FAMÍLIAS

Os grupos maiores consistem em cinco ou seis elementos e são chamados grupos representativos, principais ou grupos A. São enumerados de IA até VIIA, mais o grupo 0, que compreende os gases nobres, sendo também chamado de grupo VIIIA. Os elementos desse grupo são conhecidos como elementos representativos. Os menores grupos encontrados na região central da tabela periódica são chamados grupos de transição, subgrupos ou grupos B. São numerados por algarismos romanos e pela letra B. Variam de IB até VIIIB. Os elementos deste grupo são conhecidos como elementos de transição.

Atualmente, a IUPAC recomenda a utilização de algarismos arábicos na determinação dos grupos ou famílias, da esquerda para a direita, sequencialmente, de 1 até 18.

Referências:
1. PERUZZO, Francisco Miragaia (Tito); CANTO, Eduardo Leite; Química na Abordagem do Cotidiano, Ed. Moderna, vol.1, São Paulo/SP- 1998.
ATKINS, Peter; JONES, Loreta; Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente, Porto Alegre: Bookman, 2001.
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/quimica/moseley-e-a-tabela-periodica-atual/

Mendeleiev nasceu em 1834, na Sibéria, trabalhou muito tempo em São Petersburgo e sua maior descoberta foi a Tabela Periódica dos Elementos.

Quais cientistas contribuíram para a tabela periódica atual?
Selo impresso em Circa, na Rússia em 2009, mostra Dmitri Mendeleiev (1834-1907), em comemoração ao aniversário de 175 anos de seu nascimento¹

Dmitri Ivanovich Mendeleiev* nasceu em 8 de fevereiro de 1834 (ou em 27 de janeiro, se considerarmos o calendário juliano que ainda estava em vigor na Rússia na época), em Tobolsk, no oeste da Sibéria. Ele era o caçula de muitos filhos (não se sabe ao certo se eram 14 ou 17 filhos).

Seu pai era diretor de um ginásio, mas no ano do nascimento de Mendeleiev ele ficou cego e o cargo principal de cuidar dos filhos ficou nas mãos da mãe, Maria Dmitrievna. Ela reabriu a fábrica de vidro de seu pai e construiu ali uma escola para instruir seus filhos.

Nas escolas em Tobolsk, Mendeleiev não era visto como um bom aluno. Isso porque naquela época o ensino consistia basicamente em ensinar línguas mortas, como o grego e o latim, coisas que não eram tão relevantes para a vida dos alunos, e Mendeleiev tomou real aversão por tal cultura.

Mas o marido de sua irmã mais velha, um decembrista banido para a Sibéria chamado Bessagrin, ensinou muitas coisas para Mendeleiev, o que instigou nele um profundo interesse pela ciência e por ideais liberais.

Em 1847, o seu pai faleceu e, em 1848, a fábrica de vidros de sua mãe foi destruída por um incêndio. Em 1849, sua mãe, Maria, mudou-se para Moscou com Dmitri – que agora tinha 15 anos – e com outra de suas filhas menores, Liza. Essa mudança não foi nada fácil, mas o principal objetivo de Maria era dar uma ótima educação ao seu filho.

Em várias instituições de ensino superior Mendeleiev não foi aceito porque as suas qualificações siberianas não eram reconhecidas em Moscou. Mas finalmente ele conseguiu uma vaga para estudar matemática e ciência natural, além de uma bolsa do governo, porque o diretor do Instituto Pedagógico Central era um velho conhecido de seu pai.

Dez semanas depois, sua mãe faleceu. Antes de morrer, porém, ela deixou a seguinte mensagem para Dmitri:

Abstenha-se de ilusões, insista no trabalho e não em palavras. Busque pacientemente a verdade divina e científica.”

Essas palavras foram levadas muito a sério por Mendeleiev. Infelizmente, um ano depois, sua irmã, Liza, também morreu e ele foi diagnosticado com tuberculose. Anos mais tarde, porém, ele saberia que sua doença não era algo fatal.

Mas seus trabalhos começaram a se destacar pela originalidade, muitos sendo aceitos por revistas científicas de São Petersburgo quando ele ainda tinha menos de 20 anos. Em 1855, formou-se como professor secundário, ganhando medalha de ouro de melhor aluno.

Em 1859, conseguiu uma verba do governo para estudar no exterior por dois anos, indo para Paris. Ele trabalhou com Bunsen, em Heidelberg, onde esteve em contato com muitas descobertas importantes da época. Porém, ele teve uma discussão com este último, o que o levou a se amofinar em um laboratório caseiro em seu quarto, realizando experimentos de solubilidade do álcool na água. Uma das características de sua personalidade era que se fosse contrariado, tinha o pavio curto, chegando a ter acessos de ira, exaltando-se ao ponto de dançar de raiva.

Em São Petersburgo, novamente, ele se casou no ano de 1862 e tornou-se professor contratado da Universidade de São Petersburgo, onde continuou seus estudos e formou-se professor-pesquisador em Química, em 1863.

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Fachada da Universidade de São Petersburgo, Rússia

Sua tese de doutorado foi sobre a combinação entre a água e o álcool, e, entre 1868 a 1870, ele escreveu dois volumes de um livro-texto que fez com que São Petersburgo fosse encarado como um importante centro de pesquisas científicas.

Outro aspecto conturbado de sua vida ocorreu em 1876, quando se apaixonou por outra mulher, Anna Popova. Contrariando os preceitos da Igreja Ortodoxa Russa, Mendeleiev pediu-a em casamento e eles se casaram em 1882, um mês antes de sair o seu divórcio. Ele foi considerado bígamo durante sete anos.

Em 1890, demitiu-se da Universidade de São Petersburgo e, em 1893, passou a ser diretor do Instituto de Pesos e Medidas.

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Imagem de Dmitri Ivanovich Mendeleiev (1834-1907)

Nesse Instituto ele fez experimentos e pesquisas que o levaram a encontrar a combinação perfeita entre água e álcool para a fabricação da vodca: uma molécula de álcool para duas de água, o que corresponde a 38% de álcool e 62% de água.

Ele também se dedicou ao estudo da natureza e origem do petróleo, além de ter sido considerado o fundador da agroquímica em seu país. No entanto, o trabalho pelo qual ele foi amplamente reconhecido no mundo inteiro foi como o criador da Tabela Periódica.

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Na época havia 63 elementos conhecidos, e vários cientistas, tais como o alemão Joseph Döbereiner e o ingles John Newland, já haviam feito várias tentativas de organizar os elementos de uma forma em que se relacionassem as suas massas atômicas e suas propriedades químicas.

Mas o primeiro a conseguir isso foi Mendeleiev, no ano de 1869, de uma forma um tanto interessante. Uma colega de Mendeleiev, A. A. Inostrantzev, foi lhe fazer uma visita e descreveu como ocorreu esse encontro. Conta a história que Mendeleiev já estava trabalhando 3 dias e 3 noites afinco, debruçado sobre os elementos químicos. Naquele dia, ele tinha que pegar um trem rumo a uma propriedade rural na província de Tver para se encontrar com a Cooperativa Econômica Voluntária de Tver, a fim de aconselhar os queijeiros daquela região sobre métodos de produção, ele ficaria três dias fazendo inspeções locais. Portanto, o seu tempo estava acabando e ele ficava cada vez mais concentrado em encontrar algum método de classificação dos elementos.

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Mendeleiev debruçado sobre sua mesa de estudos

Quando viajava, Mendeleiev costumava jogar paciência com as cartas de baralho, ele então fez algo parecido com os elementos químicos, pegou fichas brancas e escreveu o símbolo de cada elemento químico nas fichas e uma curta lista de suas propriedades químicas. Passou então a se concentrar sobre aqueles cartões com os elementos.

Num dado momento, Mendeleiv foi vencido pela exaustão e dormiu sobre os cartões, tendo um sonho em que via uma tabela na qual os elementos se encaixavam exatamente como requerido. Ao despertar do sono, escreveu imediatamente essa tabela. Ele compreendeu que quando os elementos eram escritos numa ordem crescente de massa atômica, várias propriedades químicas se repetiam em intervalos regulares (periódicos). Por isso, a sua descoberta recebeu o nome de Tabela Periódica dos Elementos.

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Selo impresso na URSS, Circa, mostra Mendeleiev e elementos com as respectivas massas atômicas por volta de 1969 2

O mais impressionante dessa descoberta de Mendeleiev e o que fez com que ele fosse levado a sério pela comunidade científica foi que ele deixou alguns espaços vagos, dizendo que nenhum elemento se encaixava ali porque eles ainda não haviam sido descobertos, mas que ainda seriam. Além disso, ele especificou até mesmo quais seriam as propriedades desses elementos químicos ainda não descobertos. E, impresionantemente, foi o que realmente aconteceu! Pouco após a publicação de sua tabela, os elementos germânio, gálio e escândio, que preenchiam os espaços vazios na Tabela de Mendeleiev, foram descobertos. Eles realmente possuíam as propriedades descritas por ele!

Atualmente, sabemos que a Tabela de Mendeleiev não estava totalmente correta, porque na realidade não são as massas atômicas que definem as propriedades de cada elemento, mas sim o número atômico (Z), que é a quantidade de prótons que existem no núcleo atômico, conforme foi mostrado por Moseley. A Tabela Periódica Atual dos Elementos Químicos é organizada em ordem crescente de número atômico.

Apesar de ter sofrido vários ajustes ao longo dos anos, as Tabelas Periódicas modernas continuam baseadas sobre a estrutura essencial criada por Mendeleiev.

Mendeleiev morreu em São Petersburg no ano de 1907. No ano de 1955, um novo elemento químico foi descoberto, tendo número atômico 101, sendo instável e sujeito a sofrer fissão nuclear espontânea. Ele recebeu o nome de mendelévio, em homenagem a esse grande cientista.

Quais cientistas contribuíram para a tabela periódica atual?

Elemento que recebeu o nome de Mendelévio em homenagem a Mendeleiev

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*Ocidentalizou-se o nome de Mendeleiev a partir da grafia russa, por isso aparecem na literatura inúmeras formas de se escrever o seu nome. A que tem reconhecimento geral e que parece ter mais lógica, sendo a tradução mais correta para o inglês, é Mendeleyev. A forma Mendeleev é a que ele assinava em inglês; mas existem ainda Mendeléev, Mendeleiév, Mendeleieff, entre outras.

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Créditos das imagens ¹ e ² : Olga Popova  e Shutterstock.com


Por Jennifer Fogaça
Graduada em Química

Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça

Quais são os cientistas que contribuíram para a tabela periódica?

11 cientistas e suas diferentes formas de representar a tabela....
1789: Lavoisier. O francês Antoine Lavoisier, no seu Tratado Elementar da Química, lista os 33 elementos conhecidos como metais ou não metais. ... .
1803: Dalton. ... .
1868: Meyer. ... .
1869: Mendeleiev. ... .
1870: Baumhauer. ... .
1890: Ramsay. ... .
1905: Werner. ... .
1913: Moseley..

Quais são os cientistas mais importantes no desenvolvimento da tabela periódica Quais foram suas principais contribuições?

Os cientistas por trás da elaboração da tabela periódica Antes de Mendeleev, Antoine Lavoisier, Johann Wolfgang Döbereiner, John Newlands e Henry Moseley trabalharam para criar uma tabela dos elementos. O primeiro deles foi o químico francês Lavoisier, que em 1789 tentou agrupar os elementos em metais e não metais.

Qual a diferença entre a tabela periódica antiga e atual?

No século XIX, apenas 63 elementos químicos eram conhecidos; atualmente, já são 118 identificados. Antes, a tabela era ordenada com base no peso atômico; agora, é o número atômico que serve como parâmetro. E quem sabe a ciência não faz uma nova descoberta que trará ainda mais mudanças?