Quais foram os principais interesses que impulsionaram as grandes navegações?

Do século XV em diante, muitos fatores contribuíram para que se iniciassem as Grandes Navegações e permitir, assim, que navegadores explorassem o Atlântico e fizessem novas descobertas.

Primeiramente, o Humanismo e o Renascimento foram períodos nos quais a mentalidade do homem europeu mudou, tanto em relação ao mundo quanto a si mesmo. Dessa forma, possibilitaram que a praticidade e o empirismo fossem tomando o lugar da crença em mitos e superstições.

Nessa época, avanços técnicos, como o aprimoramento de instrumentos que auxiliaram as navegações- tais como a bússola, criada pelos chineses, e o astrolábio e o quadrante, criados pelos gregos antigos- somados à criação da caravela e aos progressos na Geometria, Astronomia e Cartografia, foram de imensa importância. Na Idade Média, não havia barcos como a caravela- que tinha a vantagem de ser menor, mais estreita e possuir um maior número de velas, o que a tornava mais ágil e segura-, tampouco mapas para uma boa orientação espacial, pois naquela época eram produzidos com um caráter majoritariamente religioso, como o da imagem abaixo.

Ainda no século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias- que eram muito importantes para eles, pois, na Europa, o frio intenso do inverno diminuía a colheita e a caça, tornando necessária a estocagem de alimentos, que mais tarde eram cozidos junto com as especiarias para disfarçar o gosto e o cheiro desagradável da comida, que por vezes era consumida em estado de deterioração- tinham que recorrer aos comerciantes de Gênova e Veneza, na Itália, que tinham o monopólio desses produtos vindos do oriente.

Encontrar um novo caminho para os mercados orientais, sendo a Índia o principal, era uma tarefa difícil, mas muito cobiçada, principalmente por Portugal e Espanha, que queriam entrar nesse comércio lucrativo, sendo esse, talvez, um dos principais motivos para o início das viagens ultramarinas. A solução encontrada por Portugal para pôr fim ao monopólio italiano foi investir no comércio intercontinental, que se concretizou um século depois de ter se tornado o primeiro Estado Nacional da Europa, fator também contribuinte.

A localização geográfica privilegiada também ajudou no investimento comercial marítimo português, que teve como marco inicial a conquista da cidade de Ceuta, na África. Além disso, o que deixou Portugal à frente dos outros países foi a colaboração da burguesia e da nobreza- que contribuíram com investimento de capital, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar- e os estudos náuticos realizados, para os quais foi criada a Escola de Sagres.

Outro fator contribuinte para a navegações da época foi a necessidade de novas terras pelo países europeus, que estavam em busca de matéria-prima, metais preciosos e produtos  que não eram encontrados na Europa. Neste contexto, havia até mesmo o interesse da Igreja, pois na busca de novas terras, havia a possibilidade de novos fiéis.

Assim, iniciaram-se as navegações, que, primeiramente, trouxeram muito lucro para Portugal, que adquiriam ouro na África e especiarias na Índia. Dessa forma, acumulavam metais preciosos e revendiam as especiarias do oriente para o restante da Europa. Em consequência, o comércio italiano entrou em crise.

Por Bianca Luise Paulino