29/10/2019 - 19:47 Show
Especialistas apontam que pequenas centrais hidrelétricas instaladas em quantidade numa só bacia podem provocar efeitos ambientais, econômicos e sociais negativos. A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, realizou um debate sobre o assunto nesta terça-feira (29). Foram examinados os casos do Alto Rio Paraguai, Pantanal, Juruena e Médio Tapajós, da Chapada dos Veadeiros e da Bacia do Tocantinzinho; além de um projeto de lei que cria um procedimento simplificado, em uma única fase, para o licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas (PL 1962/15). Essas usinas são vistas, de forma geral, como tendo baixo impacto sobre o meio ambiente, mas o diretor do Instituto Ecologia e Ação, Alcides Faria, discorda e cita o exemplo do Alto Paraguai, com 52 centrais desse tipo em operação e mais de 100 previstas para serem construídas. "A atividade que mais gera trabalho e renda no Pantanal é a pesca, mas quando você constrói uma represa, qual a consequência mais imediata? Você impacta a produtividade de peixes. Principalmente os peixes migratórios, as espécies mais procuradas, as espécies do ponto de vista econômico mais importantes", alertou. Vinícius Loures/Câmara dos Deputados Nilto Tatto: apesar de serem de pequeno porte, essas usinas podem ter impacto negativo sobre o meio ambiente e a comunidade local Especialistas ouvidos pelas comissões propõem que seja feita uma avaliação ambiental estratégica em todas as bacias. A água, dizem eles, não é só para a geração de energia, mas também para a pesca e o transporte, por exemplo. A alternativa proposta para regiões como o Pantanal seria a geração de energia elétrica por meio de placas fotovoltaicas, que usam a luz solar. Pesca
e Turismo "Se diminui drasticamente o volume de peixe dos rios, há consequência disso aí para os pescadores, para o turismo, porque muitas dessas bacias hidrográficas têm uma atividade econômica muito forte do turismo de pesca", destacou. Por outro lado, o presidente da diretoria-executiva da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas, Paulo Arbex, reclamou que o governo brasileiro dispensa tratamento prejudicial às centrais hidrelétricas. Segundo ele, para se conseguir uma licença para o setor, levam-se até dez anos; enquanto a liberação para uma central térmica fóssil, de maior impacto sobre o meio ambiente, não passa de 180 dias. "Acho que é o único país do mundo que penaliza a renovável e subsidia a fóssil, penaliza o micro e pequeno empresário e favorece os barões do petróleo. Não tem cabimento." Para Arbex, os verdadeiros problemas das bacias hidrográficas brasileiras não são as centrais hidrelétricas, mas sim o excesso de lixo, as mudanças climáticas e o desmatamento às margens dos rios e em áreas de drenagem. Reportagem - Claudio Lessa É um estrago e tanto. Na área que recebe o grande lago que serve de reservatório da hidrelétrica, a natureza se transforma: o clima muda, espécies de peixes desaparecem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira podre debaixo da inundação… E isso fora o impacto social: milhares de pessoas deixam suas casas e têm de recomeçar sua vida do zero num outro lugar. No Brasil, 33 mil desabrigados estão nessa situação, e criaram até uma
organização, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Pode parecer uma catástrofe, mas, comparando com outros tipos de geração de energia, a hidrelétrica até que não é ruim. Quando consideramos os riscos ambientais, as usinas nucleares são mais perigosas. E, se pensarmos no clima global, as termoelétricas – que funcionam queimando gás ou carvão – são as piores, pois lançam gases na atmosfera que contribuem para o efeito estufa. A verdade é que não existe nenhuma forma de geração de energia
100% limpa. “Toda extração de energia da natureza traz algum impacto. Mesmo a energia eólica (que usa a força do vento), que até parece inofensiva, é problemática. Quem vive embaixo das enormes hélices que geram energia sofre com o barulho, a vibração e a poluição visual, além de o sistema perturbar o fluxo migratório de aves, como acontece na Espanha”, afirma o engenheiro Gilberto Jannuzzi, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Outro problema das fontes alternativas é o aspecto
econômico: a energia solar, por exemplo, é bem menos impactante que a hidrelétrica, mas custa dez vezes mais e não consegue alimentar o gasto elevado das grandes cidades. Por causa disso, os ambientalistas defendem a bandeira da redução do consumo. Pelas contas do educador ambiental Sérgio Dialetachi, coordenador da campanha de energia do Greenpeace, daria para economizar 40% da energia produzida no país com três medidas. Primeiro, instalando turbinas mais eficientes nas usinas antigas. Segundo,
modernizando as linhas de transmissão e combatendo o roubo de energia. Terceiro, retornando ao comportamento da época do racionamento, em 2001, com equipamentos e hábitos menos gastadores. Tudo isso evitaria que novas hidrelétricas precisassem ser construídas, protegendo um pouco mais nosso planeta. Natureza estremecida SUBIDA ÍNGREME Para garantir que peixes
migradores, consigam subir o rio para acasalar, uma das maneiras é construir “escadas” aquáticas. Cada grupo de degraus tem uma área de descanso para que o peixe não tenha cãibras por esforço muscular na hora da subida RIO SOFREDOR O nível do reservatório das hidrelétricas precisa ser mantido em um patamar constante. Para isso, os técnicos abrem e fecham as comportas dependendo do regime de chuvas. Quem perde com isso é o rio que recebe a água do lago: a alteração do volume d’água desordena toda a vida aquática — sobretudo nas margens, que enfrentam períodos de seca e inundação CAOS CLIMÁTICO O que antes era uma floresta vira, de uma hora para outra, um lago. Essa mudança aumenta a quantidade de água que evapora e, por conseqüência, mexe em outros três fatores climáticos: o total de chuvas, a umidade e a temperatura, que sofre variações de até 3 ºC. Com essa bagunça, as plantações que sobreviveram à inundação podem ser prejudicadas SALVAMENTO IMPROVISADO Parte da fauna que ocupava a região do lago fica ilhada com a inundação. Quando o lago da barragem de Itaipu foi formado, por exemplo, 30 mil animais foram resgatados e levados a áreas de reserva. Alguns morreram por não se adaptar ao novo hábitat. O salvamento continua até hoje: quando as turbinas param para manutenção, os peixes que entram nos dutos são retirados COMEÇAR DE NOVO No alagamento para a formação da barragem, muitas espécies vegetais ficam submersas, reduzindo a biodiversidade. Para diminuir o problema, as construtoras de hidrelétricas têm programas de reflorestamento em suas margens. A usina de Itaipu, por exemplo, recebeu 20 milhões de mudas no entorno de seu reservatório Continua após a publicidade PESCARIA ALTERADA A formação de um lago muda os hábitos da vida aquática, fazendo algumas espécies de peixe sumirem e outras se multiplicarem. No rio Paraná, os tipos mais numerosos mudaram com a instalação de Itaipu: ANTES DE ITAIPU Cascudo-preto – 22% Dourado – 17% Pacu – 13% DEPOIS DE ITAIPU Armado – 38% Corvina – 15% Mapará – 13% BOLHAS PERIGOSAS Submersas no lago por vários anos, árvores e plantas apodrecem e liberam bolhas de gás metano, um poluente que corrói turbinas, impede a reprodução de alguns peixes e permite a proliferação de algas, causando desequilíbrio aquático. Algumas bolhas de metano são tão grandes que chegam a virar um barco pequeno de alumínio! Continua após a publicidade
Qual o impacto ambiental da instalação de uma hidrelétrica? É um estrago e tanto. Na área que recebe o grande lago que serve de reservatório da hidrelétrica, a natureza se transforma: o clima muda, espécies de peixes desaparecem, animais fogem para refúgios secos, árvores viram madeira podre debaixo da inundação… E isso fora o impacto social: milhares de pessoas deixam suas casas e têm […] Transforme sua curiosidade em conhecimento. Assine a Super e continue lendoQuais são os impactos sociais e ambientais negativos da energia hidrelétrica?Destruição da vegetação natural; Assoreamento do leito dos rios; Desmoronamento de barreiras; Extinção de espécies de peixes, por interferência nos processos migratórios e reprodutivos (piracema);
Quais são os impactos negativos da energia hidrelétrica?Durante a construção de uma usina hidrelétrica muitas árvores de madeira de lei são derrubadas, outras são submersas, apodrecendo debaixo d'água permitindo a proliferação de mosquitos causadores de doenças. Muitos animais silvestres morrem, por não haver a possibilidade de resgatá-los.
Quais são os impactos sociais causados pelas usinas hidrelétricas?Impactos sociais. Desapropriação de famílias indígenas e quilombolas;. Danos ao patrimônio histórico e cultural daquela região;. Aumento de doenças como, a malária e esquistossomose;. Danos ao patrimônio cultura da cidade;. Perda de áreas agricultáveis;. Uso excessivo de máquinas que interferem na fauna aquática;. Quais são os principais impactos sociais?Impactos sociais da pandemia. Saúde Indígena.. Ética e bioética.. Covid nas favelas.. Gênero e Covid-19.. |