Qual a diferença entre frango e frango caipira?

Você já se perguntou quais são as principais diferenças entre uma galinha de granja e uma galinha caipira?

Em um primeiro momento, deve-se esclarecer que existem várias raças de galinhas que podem ser utilizadas em ambos os casos, afinal, a principal diferença é o manejo.

Na granja, o frango será uma ave criada em sistema intensivo de engorda, sendo que logo no início da vida dos pintinhos é preciso apartar os machos das fêmeas, de forma que as fêmeas vão apresentar menores exigências nutricionais, embora o ganho de peso dos machos seja melhor. Em seguida, inseridos em um processo de criação, se desenvolvem na granja e são encaminhados ao abate.

Já a galinha caipira goza de um pouco mais de liberdade em sua criação, sendo as aves criadas em “terreiros”, locais abertos, que permitem que elas expressem o comportamento livre por uma determinada área, ciscando e se alimentando inclusive de insetos, folhagens e outros alimentos que possam encontrar no local.

Portanto, a principal diferença acaba ficando no modelo produtivo, ou seja, na forma como são criadas desde o nascimento até o abate.

A seguir, veja em detalhes as diferenças entre os manejos.

O frango de granja tem uma alta capacidade de crescimento, sendo utilizadas raças geneticamente selecionadas para tal. As galinhas de corte são submetidas ao confino, sendo que o processo de engorda leva, em média, cerca de 40 dias, da chegada a granja até o abate.

Da mesma forma, as poedeiras também são geneticamente selecionadas para uma alta capacidade produtiva. Como ficam em confinamento, não gastam energia, sendo totalmente direcionadas para a produção de ovos.

Algo comum para as galinhas de granja, tanto de corte como as poedeiras, é a suscetibilidade a doenças, visto que o confinamento acaba por gerar um ambiente com alto índice de transmissibilidade de problemas.

Alimentação

A alimentação das galinhas de granja é realizada por meio de rações compostas de várias fontes de proteínas e carboidratos.

Reprodução

No caso dos frangos de corte, o produtor recebe os pintinhos de uma empresa especializada, geralmente uma parceria com alguma das grandes produtoras de aves no país. Não existe reprodução direta dentro da propriedade.

Carne

Os animais criados em granja, devido a menor possibilidade de movimentação e gasto energético e a disponibilidade de alimentação a todo tempo, além da seleção genética, acabam por ter um melhor aproveitamento de carcaça, sendo animais muito maiores que uma galinha comum.

Ovos

Os chamados ovos de granja são os produzidos por galinhas que ficam presas em gaiolas com o mínimo de movimentação possível. A ração consumida é específica para a produção de ovos, o que interfere na coloração e também no sabor deles.

Leia também: Galinhas Embrapa 051 garantem boa produção de ovos.

Galinha caipira

A galinha caipira é um animal muito mais rústico que a galinha de granja, visto que tem um contato maior com a natureza e maior mobilidade ao longo de sua vida.

Mesmo que elas também sejam selecionadas, a liberdade que têm para ciscar e andar acaba por consumir parte da energia absorvida com a alimentação. Dessa forma, o ciclo produtivo de um frango caipira de corte é muito maior. Da mesma maneira, a capacidade produtiva das poedeiras caipiras é menor.

Considerando esses aspectos, convém lembrar que as galinhas caipiras podem expressar o comportamento natural em plenitude, o que assegura menos estresse e maior qualidade no produto final, seja carne ou ovos.

Alimentação

Na criação de galinhas caipiras, boa parte da alimentação provém de fonte vegetal, geralmente plantada na própria propriedade, sendo utilizadas rações como complemento e para a composição alimentar.

Reprodução

Para a galinha caipira, a realidade é outra. O produtor pode optar por colocar galos dentro de cada um dos piquetes, favorecendo assim, a reprodução comum dentro dos ambientes, tirando algumas ninhadas conforme for necessário para a reposição dos animais na propriedade.

Carne

Quando falamos em galinhas caipiras, temos um desenvolvimento o mais próximo do natural possível, sendo que o ganho de massa é mais lento e não chega próximo ao resultado final de uma galinha de granja.

Por outro lado, devido a alimentação mais natural, a deposição de gordura é diferente, assim como o sabor da carne, que é bastante apreciada por alguns, originando até mesmo um nicho de mercado único e exclusivo.

Ovos

Ovos de galinhas caipiras podem ser considerados mais saudáveis, contando inclusive com uma legislação específica para garantir que as galinhas que estejam sobre esse modelo produtivo possam ser chamadas de caipiras e ter maior valor agregado em seus produtos.

Veja também: Galo Índio Gigante: características e como criar essas aves.

Como cuidar de galinha de granja

A criação de galinhas de granja exige que seja construída uma infraestrutura própria, que seja utilizada durante todo o processo de engorda dos animais, desde a chegada na propriedade até o seu abate.

O galpão consiste em uma estrutura longilínea, com telas laterais, que permitam a entrada de luz e a circulação de ar, mas que também possam ser fechadas com lonas em casos de clima ruim.

A instalação de bebedouros e comedouros em longo de todo o galpão também se faz necessário para que os animais tenham água e comida com o mínimo de esforço.

Em um primeiro momento, quando os pintinhos chegam, é necessário fornecer luz e calor constantes, evitando as mortes do início da produção. Em nenhum momento os animais podem ficar expostos ao frio, sendo que eles são altamente sensíveis a mudanças de temperatura.

Conforme eles crescem, o espaço vai sendo ampliado aos poucos, até que o galpão inteiro é liberado para a circulação dos animais. Porém, mesmo que o local seja amplo, a superpopulação de aves dificulta a movimentação, além de que, conforme eles engordam, existe uma dificuldade maior de locomoção.

Como cuidar de galinha caipira

Um produtor interessado em produzir galinhas caipiras para consumo próprio dentro de sua propriedade não terá grandes preocupações a princípio. Porém, caso o objetivo seja a comercialização desses animais, exige-se alguns cuidados e um planejamento um pouco maior.

Em primeiro lugar, o ideal é procurar um bom fornecedor para comprar as primeiras aves para a propriedade, escolhendo qual raça de ave se adapta melhor à região em que está inserido, por conta do clima.

Uma boa forma de dar início a produção é buscar algum produtor próximo e fazer a aquisição de matrizes e um galo. No site MF Rural, você encontra bons fornecedores de galinhas em todo o Brasil.

Lembrando também que, se tratando de galinhas caipiras, é necessário contar com uma boa área, um espaço onde os animais possam ciscar e andar livremente, além de alguns locais para a proteção contra o sol e um local exclusivo para a colocação de ovos e também para passar a noite.

Pode-se fazer o uso de piquetes para a separação do espaço para o uso dos animais, permitindo que determinadas áreas se recuperem antes que sejam ciscadas novamente. Segundo a legislação, as galinhas caipiras devem ter um espaço de um metro quadrado para cada quatro animais.

No vídeo abaixo, veja mais algumas dicas para criação de galinhas caipiras:

Qual o melhor tipo de produção?

Bom, a resposta para essa pergunta não é simples, afinal, depende. A carne de frango é altamente consumida no Brasil e no mundo, e nosso país é um dos maiores exportadores de frango. Contudo, o modelo a ser adotado para se produzir aves vai depender do seu objetivo como produtor.

Apostando na produção de ovos ou carne, quer esteja buscando o aproveitamento de uma pequena área em sua propriedade ou uma nova atividade principal para a fazenda, a produção de galinhas pode ser muito lucrativa, seja a galinha caipira ou a galinha de granja.

É bom destacar apenas que é necessário, em ambos os casos, realizar um planejamento inicial, buscando entender o mercado consumidor da sua região e quais as demandas que a sua propriedade poderia vir a suprir.

E então, gostou do artigo? Aproveite para ler também nosso post sobre as vantagens da criação de galinhas d’angola. Boa leitura!

Médica Veterinária formada pela Universidade de Marília (UNIMAR), desde 2013. Especialista em Microbiologia Aplicada e Imunologia com ênfase em análises laboratoriais e Patologia Clínica de grandes e pequenos animais.