Qual a maior porcentagem adequada de coleta e tratamento de esgoto?

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por exemplo, coleta e trata cerca de 70% dos esgotos produzidos na Bacia do Guarapiranga. Trata-se de região com expressiva ocupação irregular e população de baixa renda, mas cuja represa fornece água para um quarto da população de São Paulo. Nessa bacia, a Sabesp também gerencia um programa proativo de redução de transbordamentos, rupturas e vazamentos do sistema de esgoto, juntamente com os programas de limpeza dos rios.  

No entanto, ainda há muito a se fazer para garantir o acesso universal aos serviços de água e esgoto e para melhorar a qualidade das águas da Região Metropolitana. Muitos assentamentos informais permanecem sem serviços de coleta e afastamento de esgotos e continuam a contaminar os reservatórios. As limitações financeiras que a Sabesp e os municípios da região enfrentam reduziram muito os investimentos na expansão e reabilitação dos sistemas de esgoto. Em resposta, a Sabesp preparou um plano ambicioso para abordar esses problemas críticos.

O problema das águas residuais na região metropolitana de São Paulo

  • Reduzindo a descarga direta de esgoto em corpos d’água que chegam à represa de Guarapiranga; e
  • Aumentando a confiabilidade do sistema de esgoto, por meio da reabilitação e modernização das redes de esgoto, coletores, estações de bombeamento e conexões que transportam as águas residuais para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Barueri.
Com recursos do projeto, no município de Itapecerica da Serra, um sistema de coleta de esgoto se conectará a um coletor tronco, a partir do qual os esgotos gerados na Bacia Hidrográfica de Guarapiranga serão bombeados para uma estação de tratamento localizada em outra bacia, beneficiando diretamente 3.500 famílias.

No município de Embu, o sistema de esgoto beneficiará diretamente 3.400 famílias, além da população moradora das áreas que eram afetadas por esses esgotos, e inclui a implantação de rede e 4,7km para coleta de esgotos, que também serão transferidos para uma estação de tratamento fora da bacia, a ETE Barueri.

Dada a densa ocupação informal na região, as cargas poluidoras remanescentes são significativas. Para reduzir ainda mais as cargas de poluição que atualmente chegam ao Reservatório do Guarapiranga, o projeto também busca promover investimentos em abordagens inovadoras para a remoção de nutrientes do Rio Embu Mirim, responsável por aproximadamente 41% da carga de nutrientes atualmente lançada no reservatório.

Está em fase de elaboração um edital para contrato com modalidade considerada inovadora, dado que a remuneração será baseada no desempenho, para engajar o setor privado no fornecimento da solução mais eficaz, em termos de custos e resultados, para a remoção de nutrientes. Essa atividade também ajudará a cumprir o limite de lançamento de poluição no Reservatório de Guarapiranga, conforme definido na lei específica de qualidade da água para o reservatório.

Há muito trabalho a ser feito

Paralelamente, uma outra escala e tipologia de problemas está sendo enfrentada. A Sabesp e o Grupo de Recursos Hídricos 2030 (WGR2030) lançaram um projeto para otimizar o desempenho das grandes estações de tratamento de esgoto existentes na região metropolitana de São Paulo.

Por meio de auditoria de processos de cada uma das fases do tratamento de esgotos, estão sendo identificados os ajustes necessários na operação dessas ETEs, bem como investimentos pontuais e focados, que já estão resultando em melhoria da qualidade dos efluentes tratados e lançados no icônico Rio Tietê, que atravessa e degrada a área metropolitana. O projeto também está preparando essas ETEs para receberem e tratarem adequadamente os crescentes volumes resultantes dos investimentos em coleta de esgotos, em andamento nas regiões de população de baixa renda.

Os esforços para que a gestão de esgotos seja aperfeiçoada são um compromisso de longo prazo, como indica o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável e Competitividade do Ceará (2012-2019), denominado localmente como Projeto São José. A iniciativa contribuiu significativamente para o estado avançar na direção do acesso universal aos serviços de abastecimento de água.

No Brasil, 45% da população ainda não têm acesso a serviço adequado de esgoto

O dado consta do Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas

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Publicado em 25/09/2017 - 05:45 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília

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No Brasil, 45% da população ainda não têm acesso a serviço adequado de esgoto. O dado consta no Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Ministério das Cidades.

Qual a maior porcentagem adequada de coleta e tratamento de esgoto?
Qual a maior porcentagem adequada de coleta e tratamento de esgoto?

O estudo traz informações sobre os serviços de esgotamento sanitário no país, com foco na proteção dos recursos hídricos, no uso sustentável para diluição de efluentes e na melhor estratégia para universalização desses serviços.

 

Qual a maior porcentagem adequada de coleta e tratamento de esgoto?

No país, 45% dos brasileiros não têm acesso a serviço adequado de esgotoMarcelo Camargo

O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) considera como atendimento adequado de esgoto sanitário o uso de fossa séptica ou rede de coleta e tratamento de esgoto. Dentro desse critério, 55% dos brasileiros dispõem do serviço adequado.

A publicação aponta que 43% são atendidos por sistema coletivo (rede coletora e estação de tratamento de esgotos); 12%, por fossa séptica (solução individual); 18% têm o esgoto coletado, mas não é tratado; e 27% não têm qualquer atendimento.

Foram realizadas avaliações em cada um dos 5.570 municípios do país, sempre considerando as diversidades regionais e a abordagem por bacia hidrográfica. No estudo, são consideradas exclusivamente as residências urbanas e não foi avaliada a prestação do serviço na área rural.

O documento divide o país em 12 regiões hidrográficas: Amazônica, Tocantins-Araguaia, Atlântico Nordeste Ocidental, Parnaíba, Atlântico Nordeste Oriental, São Francisco, Atlântico Leste, Atlântico Sudeste, Atlântico Sul, Uruguai, Paraná e Paraguai.

Investimentos

De acordo com o Atlas Esgotos, a universalização do esgotamento sanitário na área urbana do país necessitaria de R$ 150 bilhões em investimento, tendo como horizonte o ano de 2035. Cerca de 50% dos municípios, que precisam de serviço de tratamento convencional de esgoto, demandam 28% do valor estimado. Já 70 dos 100 municípios mais populosos requerem solução complementar ou conjunta e concentram 25% do total de investimento.

Os custos com coleta e com tratamento variam conforme a região, sendo maiores no Norte e menores no Sudeste. Para o Brasil como um todo, os gastos com coleta representam 2,7 vezes mais do que os previstos em tratamento.

Entretanto, segundo a ANA e o ministério, apenas o aporte financeiro não é suficiente para a universalização, sem capacidade adequada de administração do serviço. No país, existem vários exemplos de sistemas de coleta e tratamento de esgoto que foram abandonados ou sequer entraram em operação devido a problemas associados a gestão.

Na maioria dos municípios (4.288) o serviço é prestado pela própria prefeitura ou há um prestador que precisa aprimorar a capacidade de gestão. Entretanto, parte significativa da população urbana (87 milhões de habitantes), projetada para 2035, está nos municípios cujo prestador de serviço tem situação institucional consolidada.

Segundo o Atlas Esgotos, os serviços de esgotamento sanitário podem ser prestados de forma indireta, quando delegados para autarquia municipal, companhia estadual ou concessionária privada; ou de forma direta, sem prestador de serviço, sendo realizado pelas próprias prefeituras.

O estudo ressalta que, mesmo com as duas possibilidade de organização, há municípios sem coleta e tratamento de esgoto.

Nesse contexto, 2.981 municípios têm delegado os serviços de saneamento (forma indireta), sendo que cerca de 50% deles têm coleta e tratamento de esgotos, alcançando pelo menos 10% dos habitantes. Por outro lado, 2.589 municípios não têm prestador de serviço, e apenas 5% desse grupo oferecem tratamento coletivo de esgoto.

A forma indireta de gestão é adotada pelas cidades maiores que delegam, na maior parte das vezes, o serviço para companhias estaduais. Nos municípios de pequeno porte, o serviço fica a cargo das prefeituras. Ao observar as regiões, na porção leste do país (Nordeste, Sudeste e Sul), é possível identificar que a maioria dos municípios tem serviço de esgotamento sanitário delegado, enquanto mais a oeste (Norte e Centro-Oeste) predominam aqueles cuja responsabilidade pela prestação do serviço recai sobre as prefeituras.

Carga orgânica

Conforme o estudo, o Brasil produz cerca de 9,1 mil toneladas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) por dia, parcela orgânica dos efluentes vindos do esgoto doméstico. Desse total, 48% são provenientes de 106 municípios com população acima de 250 mil habitantes.

A DBO é um dos mecanismos usados para medir a poluição das águas e a qualidade do tratamento de esgoto. Quanto mais DBO, maior o grau de poluição na água.

De acordo com o atlas, durante o tratamento, 60% de DBO precisam ser removidos. Entretanto, na maioria das cidades brasileiras (4.801) os níveis de remoção da carga orgânica são inferiores a 60% da quantidade gerada.

Os baixos níveis de remoção são encontrados em todas as regiões, em especial no Norte e no Nordeste. Dos 5.570 municípios, 70% removem no máximo 30% da carga orgânica gerada.

No outro extremo, apenas 769 cidades (14%) têm índices de remoção de DBO superiores a 60%, concentradas principalmente na Região Sudeste. Apenas 31 dos 100 municípios mais populosos conseguem remover carga orgânica acima de 60%.

Em relação à unidades da Federação, apenas o Distrito Federal remove mais de 60%. Os estados de São Paulo e Paraná chegam perto desse índice, enquanto que nos demais estados os índices são menores.

No país, de toda a carga orgânica gerada (9,1 mil toneladas de DBO/dia), somente 39% são removidos nas estações de tratamento de esgoto.

Com isso, uma parcela significativa de poluentes é lançada diretamente nos corpos d’água das bacias, “comprometendo a qualidade das águas para diversos usos, com implicações danosas à saúde pública e ao equilíbrio do meio ambiente”, de acordo com a publicação. Pelo menos, cerca de 110 mil quilômetros de cursos d’água, notadamente na porção leste do país, têm baixa qualidade de água.

Qual é a maior porcentagem adequada de coleta e tratamento de esgoto?

SANEAMENTO AVANÇA, MAS BRASIL AINDA JOGA 55% DO ESGOTO QUE COLETA NA NATUREZA, DIZ ESTUDO. Apenas 45% do esgoto do país é tratado, apontam os dados mais recentes do governo. Em 2015, na ONU, Brasil se comprometeu a universalizar serviços de saneamento até 2030. Apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento ...

Qual a porcentagem de tratamento de esgoto?

No Brasil, 43% da população possui esgoto coletado e tratado e 12% utilizam-se de fossa séptica (solução individual), ou seja, 55% possuem tratamento considerado adequado; 18% têm seu esgoto coletado e não tratado, o que pode ser considerado como um atendimento precário; e 27% não possuem coleta nem tratamento, isto é, ...

Qual o percentual médio de atendimento com água tratada e de coleta de esgoto no Brasil?

Somente 50% do volume de esgoto do país recebe tratamento, o que equivale a mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto in natura sendo despejadas diariamente na natureza.

Qual é a região do Brasil com maior porcentagem de coleta e tratamento de esgoto?

Em relação ao esgotamento sanitário, o índice nacional saltou de 55,1% em 2008 para 63,9% em 2017. A maior expansão foi no Norte e Nordeste. A região Centro-Oeste tem o maior percentual de municípios, com 88,2%, e o Nordeste o menor, com 39,9%.