Não há dados estatísticos. Como CitarGaetti-Jardim Jr, E., Rosa, L., Souza, M., & Ziroldo, N. (2013). Relação entre transtorno de personalidade antissocial (TPAS) e usuários de drogas. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, 2(4-Supp.2). Recuperado de https://www.archhealthinvestigation.com.br/ArcHI/article/view/269 Por … . São questões como essas que a pesquisadora Anna Cecília Santos Chaves decidiu investigar em seu doutorado Crimes violentos e suas relações com transtornos da personalidade: implicações jurídico-penais, realizado na Faculdade de Direito (FD) da USP. Em seu trabalho, Anna produziu literalmente um diagnóstico sem precedentes a respeito de
questões da saúde psíquica na população carcerária. E constatou que, além de subdiagnosticadas, pessoas com transtornos de personalidade deveriam receber acompanhamento mais adequado nas unidades prisionais. . O dilema da puniçãoNo campo da saúde mental, há os chamados transtornos clássicos, aqueles que privam a pessoa da capacidade de entender aquilo que faz ou de controlar os próprios atos, como a psicose. Quando pessoas com tais condições cometem crimes, o direito penal oferece uma alternativa à pena de prisão, através das chamadas medidas de segurança. Estas preveem a internação em um hospital psiquiátrico ou o tratamento ambulatorial. . Entretanto, “há um enorme debate tanto na psiquiatria quanto entre juristas sobre qual seria a medida mais adequada para este perfil de indivíduos. E não existe consenso”, aponta Anna. Como a escassez de dados sobre a questão é grande no Brasil, tais discussões pautam-se, em boa medida, em literatura e pesquisas estrangeiras, ressalta a pesquisadora. . “Se a nossa lei manda examinar a personalidade, esse exame tem que ser feito. Ele tem que ser feito de uma forma mais cuidadosa, menos subjetiva do que simplesmente analisar a sua vida pregressa, o que você fez ou não fez. Você é mais do que seus crimes, ou que sua ausência de crimes.” Anna propõe que haja uma equipe nos tribunais ou nas varas criminais que faça essa avaliação de personalidade. Assim o subdiagnóstico seria eliminado, abrindo-se a possibilidade de garantir o acompanhamento terapêutico ao indivíduo no presídio como parte de sua sentença. Este tratamento deveria ser oferecido obrigatoriamente, mesmo que o indivíduo viesse a recusá-lo. “O acompanhamento psicológico e psiquiátrico com este propósito terapêutico dentro das unidades prisionais teria um impacto enorme no sentido de realizar o propósito de ressocialização, que é um propósito que nós adotamos no nosso sistema jurídico-penal.” . Das entrevistas aos dadosEm seu recorte, Anna entrevistou 116 homens em regime fechado, dos quais ela não possuía qualquer informação prévia, nos três presídios com maior população no Estado de Minas Gerais. A amplitude e diversidade da população carcerária destes locais permitiria uma amostra representativa do Estado. Os vários encontros, de mais de uma hora e meia cada, lhe permitiram descobrir inúmeras histórias e olhar para além do
delito. …. … . Os dados mostraram que cerca de 56% dos indivíduos apresentam algum transtorno de personalidade. Mas não se pode afirmar que estes sejam a causa dos crimes. O que se pode dizer é que tais transtornos indicam maior probabilidade de cometê-los, mas mesmo assim é preciso considerar fatores como as circunstâncias e o ambiente, lembra Anna. Outra descoberta relevante é que transtornos de personalidade são fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos por uso de substâncias psicoativas, como o vício e dependência em álcool e outras drogas. Anna espera que o trabalho possa servir tanto pelo levantamento exaustivo de dados novos, como também enquanto suporte para possíveis transformações no tratamento dado às pessoas com transtornos de personalidade. A pesquisa, afinal, não trata só do diagnóstico da
população carcerária, mas do sistema jurídico de forma mais geral.
. . … Qual a relação entre transtornos de personalidade e criminalidade?O artigo 26 do Código Penal determina que é isento de pena o agente que é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de comportar-se conforme tal entendimento, em razão de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Quem tem transtorno de personalidade pode ser preso?Indivíduos com esta condição podem então ser responsáveis por seus atos, mas são considerados semi-imputáveis: podem receber uma pena de prisão ou a sanção penal da medida de segurança como alternativa. Como o Código Penal brasileiro adota um sistema chamado vicariante, apenas uma dessas duas sanções pode ser imposta.
Por que o transtorno da personalidade antissocial Tpas pode ser associado a comportamentos criminais?Uma das razões que conduz à conduta criminosa é o desejo de receber o castigo na forma de prisão. Isso porque o distúrbio se caracteriza por atitudes de extrema violência, as quais encobrem sentimentos vinculados à recuperação dos objetos amorosos perdidos, bem como uma intensa necessidade de punição pela culpa.
Quem tem transtorno borderline pode ser preso?A inimputabilidade prevista no artigo 26 do Código Penal, não pode ser aplicada em casos de Transtorno de Personalidade Borderline, pois esta não é entendida como doença mental.
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