Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Lembro-me que quando estudei História Contemporânea na escola, sempre tive a noção de que Benito Mussolini chegou ao poder na Itália no final do ano de 1922, marchando com um exército de homens enquanto o governo democrático esfarelava ante aquela coluna.

Mas de acordo com o professor Donald Sassoon, não foi assim. Grandes maiorias desses homens foram para Roma em comboios especiais, com o apoio do próprio governo. Se fosse um ataque a capital, uma marcha revolucionária teria sido facilmente derrotada pelas tropas do governo. Aliás muitos teriam morrido de fome se não tivessem sido alimentados por soldados do exército e pela polícia que seguiam para manter a ordem. Nem Benito Mussolini partilhou das dificuldades de seus seguidores. Chegou em um trem especial, vindo de Milão e seguiu para o palácio do rei Victor Emmanuel II de limusine, ao encontrá-lo promete fazer uma coligação polivalente e declara ao rei ser um "servo fiel" .

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Em seu livro Mussolini e a ascensão do fascismo (Mussolini and the rise of fascism, tradução de Clóvis Marques, Agir, 200 páginas, R$ 34,90) busca entender o surgimento e a ascensão do fascismo na Itália e a entrada deste país na Segunda Guerra Mundial. E faz com maestria, Sassoon, é um dos maiores nomes da historiografia atual, em particular caso da Europa. No estudo que trabalha nesse livro, mostra as circunstancias históricas que levou ao poder o partido fascista e seu cabeça, Mussolini, mas a questão central está no contexto político, social e ideológico do inicio do século XX, etapa presidida pela figura de Giovanni Giolitti.

A busca de antecedentes que o autor aborda, o obrigou a remontar a origem do sistema, que leva ao período da tentativa de unidade italiana, que ocasionou a monarquia parlamentar em 1871. Porém o que foi crucial foi o período após a Primeira Guerra Mundial que destruiu o sistema liberal e os novos partidos de massa, por uma série de causas bem detalhadas na obra, forma incapazes de oferecer uma alternativa dentro daqueles problemas. Foi assim que se possibilitou a ascensão dos fascistas.

Apesar de poucas páginas para um estudo dessa grandeza, o livro possui uma linguagem ampla baseada em fatos salientes. Descreve o pós-guerra com uma visão bem particular: uma economia em dificuldade, capitalismo nervoso, grande emigração, os ataques da Igreja Católica Romana, um pavor da revolução socialista, um sistema político fragmentado e uma população inquieta com os impactos da Grande Guerra de 1914-1918.

A figura de Mussolini também é abordada, e o autor mostra que nos anos anteriores de sua chegada ao poder, ele e seus compartidários enfrentaram e mataram adversários, saquearam jornais de oposição, queimaram edifícios de instituições que não gostavam e tumultuaram a Itália em vários momentos. O fraco governo italiano de então não foi capaz de detê-los, um fato que confirmou a crença que podiam fazer o que faziam e que a violência funcionaria de fato.

O livro é uma síntese breve, mas completa de uma fase importantíssima da história italiana, bem parecida com outros momentos de países, como na Espanha e no Brasil, que levaram às ditaduras respectivas de Primo de Rivera e Getúlio Vargas. Além desse valor intrínseco, constitui uma ótima referencia comparativa para o estudo de regimes autoritários daquele turbulento inicio do século XX.

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?
O AUTOR

Nasceu no Cairo e estudou na Itália, França, Inglaterra e nos Estados Unidos. Foi pesquisador em Nova York e Paris e atualmente é professor de História Comparada da Europa, na Universidade de Londres. Publicou vários livros, entre eles, One Hundred Years of Socialism, vencedor do Deutscher Prize de 1996, Mona Lisa e The Culture of the Europeans. Suas obras foram traduzidas para 14 idiomas.

O período do entreguerras (1919-1939) foi a época do descrédito e da crise da sociedade liberal. Essa sociedade, agora desacreditada, havia sido forjada no século XIX, com a afirmação do capitalismo como sistema econômico "perfeito". Na segunda metade deste século, o mundo absorvia os progressos da segunda fase da Revolução Industrial cujo auge se situa entre 1870 e 1914. O imperialismo e colonialismo europeu deram aos principais países desse continente a hegemonia do mundo e, por isso, uma ótica de encarar o futuro de forma entusiástica e otimista.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), pólos de poder acabaram (Alemanha, Inglaterra, França, Rússia, etc.). Na América, os Estados Unidos, com sua economia intacta, se tornaram os "banqueiros do mundo". Na Ásia, após a Revolução Meiji (1868), o Japão se industrializara se tornou imperialista e aproveitou o conflito mundial para estender seu poderio na região.

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Na descrença dessa sociedade pós-guerra, os valores liberais (liberdade individual), política, religiosa, econômica, etc. começaram a ser colocados sob suspeita por causa da impotência dos governos para fazer frente a crise econômica capitalistas que empobrecia cada vez mais exatamente o setor social que mais defendia os valores liberais: a classe média.

Concomitantemente, as várias crises provocaram o recrudescimento dos conflitos sociais e, o mundo assiste imediatamente após a guerra, uma série de movimentos de esquerda e um fortalecimento dos sindicatos. O movimento operário já havia se cindido entre socialistas ou social-democratas (marxistas que haviam abandonado a tema de luta armada e aderiram à prática político-partidária do liberalismo) e comunistas (formados por frações que se destacaram do movimento operário seguindo os métodos bolchevistas vitoriosos na Rússia (1917). Esse dois grupos eram antagônicos.

Toda a euforia e otimismo foi substituído por um pessimismo que beirava o descontrole após a guerra. Esse pessimismo era sentido entre os intelectuais de classe média, e se manifestou principalmente no antiplarlamentarismo, no irracionalismo, no nacionalismo agressivo e na proposta de soluções violentas e ditatoriais para solucionar os problemas oriundos da crise.

Os países mais afetados pela política social-democrata foram a Alemanha (derrotada), a Itália (mesmo vitoriosa, insatisfeita com os resultados da guerra) onde, a crise se manifestou de forma mais violenta. Nesses países o liberalismo não conseguira se enraizar. Ambos possuíam problemas nacionais latentes, por isso, a formação de grupos de extrema-direita, compostos por ex-militares, profissionais liberais, estudantes, desempregados, ex-combatentes, etc., elementos que pertenciam a uma classe média que se desqualificava socialmente e eram mais sensíveis aos temas antiliberais, nacionalistas, racistas, etc.

Na Itália, Mussolini e na Alemanha, Hitler formavam organizações paramilitares que utilizavam a violência para dissolver comícios e manifestações operárias e socialistas, com a conivência das autoridades, que viam no apoio discreto ao fascismo um meio de esmagar o "perigo vermelho", representado por organizações de extrema-esquerda, mesmo as moderadas como os socialistas.

De início, esses grupos que eram mais ou menos marginalizados se valiam de tentativas golpistas para a tomada do poder como foi o caso do "putsh" de Munique, dado pelo Partido Nazista na Alemanha.

À medida que a crise se aprofundava e o Estado não a debelava assim como se mostrava incapaz de sufocar as agitações operárias, essas organizações fascistas e nazistas viam aumentar seus quadros de filiação partidária. Os detentores do capita passaram a financiar essas organizações de direita, vendo na ascensão delas um meio de esmagar as reivindicações da esquerda e a possibilidade de se posta em prática uma política imperialista no sentido de abertura de novos mercados. Por essa atitude dos capitalistas entende-se porque tanto Mussolini quanto Hitler chegaram ao poder por vias legais.

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Qual foi o contexto do surgimento e ascensão do fascismo na Itália?

Como referenciar: "Resumo - A Ascensão do Fascismo e do Nazismo" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Consultado em 20/11/2022 às 16:34. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/resumos/fascismonazismo.php

Qual o contexto do surgimento do fascismo na Itália?

Existem alguns fatores que contribuíram para a ascensão do Partido Nacional Fascista na Itália, como a grave crise econômica que a Itália enfrentava e o não atendimento de reivindicações territoriais no pós Primeira Guerra Mundial. Essa frustração vai inflar ainda mais o nacionalismo italiano.

Quais as causas do surgimento e ascensão do fascismo italiano?

A ascensão do fascismo na Itália está diretamente relacionada com a crise econômica que o país viveu. Além disso, tem relação com a frustração italiana com a Primeira Guerra Mundial e com o temor da expansão do socialismo no país. O líder do fascismo italiano foi Benito Mussolini.

Como surgiu e se expandiu o fascismo na Itália?

O fascismo foi um regime político totalitário que surgiu na Itália entre as décadas de 1920 e 1940. Essa frustração vai inflar ainda mais o nacionalismo italiano. Além disso, com a guerra, o país sofreu queda na produção industrial e queda na produção agrícola. Isso tudo acabou gerando uma inflação.

Quando começou o fascismo na Itália?

Ao se falar em fascismo, porém, faz-se menção a um movimento político que surgiu na Itália durante a década de 1910 e que governou o país entre 1922 e 1943.