Qual foi o desfecho da Guerra Civil Espanhola?

Doutora em História (UDESC, 2020)
Mestre em História (UDESC, 2015)
Pós-graduada em Direitos Humanos (Universidade de Coimbra, 2012)
Graduada em História (UDESC, 2010)

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A Espanha da década de 1930 passava por dificuldades econômicas decorrentes da Crise de 1929 e de disputas políticas internas. Em 1936, a Frente Popular, ligada ao Partido Republicano e a grupos comunistas, socialistas e anarquistas, ganhou as eleições. Essa vitória instalou medo nos setores conservadores da sociedade espanhola, que viam na mesma uma ameaça de revolução socialista. Os conservadores estavam reunidos na Frente Nacionalista, que tinha os generais Franco e Sanjurjo como líderes.

Tinha-se assim dois grupos com projetos muito distintos dividindo a sociedade espanhola: de um lado os Nacionalistas, formada por monarquistas que queriam o retorno do rei Alfonso XIII, proprietários de terras, Exército e Igreja Católica; do outro lado, trabalhadores urbanos e camponeses, organizações sindicais e diferentes grupos políticos de esquerda formavam o grupo dos Republicanos. É de se destacar ainda a participação da Falange Espanhola ao lado dos Nacionalistas. Tal grupo tinha ideais fascistas e desejava instalar na Espanha um Estado aos moldes da Itália de Mussolini. O líder da Falange era José Antonio Primo de Rivera, filho de Miguel Primo de Rivera, ditador que governou o país entre 1923 e janeiro de 1930, quando, enfraquecido física e politicamente, renunciou.

As reformas sociais prometidas pela Frente Popular demoravam a acontecer e a população que a apoiara, impaciente, começou a se organizar em milícias a fim de coletivizar terras e fábricas. Em 12 de julho de 1936, José Castillo, membro da Guarda de Assalto, uma força policial para manutenção da segurança urbana, foi assassinado por falangistas. Na madrugada seguinte, o deputado e monarquista José Calvo Sotelo foi morto em uma operação de retaliação. Diante das tensões criadas com as mortes em ambos os lados, o golpe de Estado que vinha sendo organizado pelos Nacionalistas foi antecipado e em 17 de julho setores do Exército se declararam rebeldes e Franco, general do exército assumiu a liderança de tropas espanholas no Marrocos. O golpe fracassou, mas tinha início a Guerra Civil espanhola, que só terminaria em 1939 com a vitória dos Nacionalistas e a instalação da ditadura franquista, que durou até a morte do general em 1975.

O país ficou dividido em duas zonas comandadas pelas diferentes forças envolvidas no conflito. Republicanos mantiveram o domínio de Madri, Valencia e Barcelona, regiões mais ricas e industrializadas; Nacionalistas ficaram com Navarra, Castilha, Galícia, partes da Andalucía e Aragon. O mais importante, no entanto, era o domínio das Forças Armadas, e aí Nacionalistas estavam em vantagem: tinham a maior parte do Exército e do Exército Africano, as tropas que mantinham o Marrocos sob controle espanhol, enquanto Republicanos tinham boa parte da Marinha, porém sem seus oficiais.

Na Europa da década de 1930, a Guerra Civil espanhola não significava apenas disputa de poder entre espanhóis, mas era também uma guerra ideológica. A Alemanha nazista enviou parte de sua Força Aérea (Luftwaffe), a Legião Condor, e Mussolini mandou cerca 50.000 homens para combater ao lado dos Nacionalistas. Do outro lado, ainda que tenham recebido ajuda da União Soviética, o grande reforço às tropas republicanas veio da formação de grupos de voluntários em diferentes lugares do mundo, juntando-se aos espanhóis e formando as chamadas Brigadas Internacionais. Assim, a Guerra Civil espanhola é compreendida como um prelúdio à Segunda Guerra Mundial, pois as potências nazifascistas aproveitaram-se do conflito para testar seu poder bélico. Os mais famosos dos experimentos feitos pelos nazistas é o bombardeio e destruição da cidade de Guernica, retratado pelo pintor Pablo Picasso e sua mais famosa obra.

Referências:
http://www.spanishwars.net/20th-century-spanish-civil-war.html
http://eurochannel.com/pt/A-Guerra-Civil-Espanhola-1936-1939.html
http://www.bbc.co.uk/bitesize/higher/history/roadwar/spancivil/revision/1/

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/guerra-civil-espanhola/

Em julho de 1936 teve início um golpe militar contra o governo republicano, legitimamente eleito. Eclodiu primeiro em Marrocos e estendeu-se depois às guarnições militares de toda a Espanha, conduzindo a uma guerra civil que durou três anos. Esta guerra foi uma manifestação do intenso confronto ideológico que marcou a década de 1930 e que opôs o fascismo, o comunismo e a democracia liberal.

A Espanha enfrentou um conflito que opôs, durante três anos, dois grupos armados opostos que lutaram pelo controlo do Estado.

De um lado, o bloco dos republicanos, designados de “vermelhos” ou “comunistas” pelos inimigos. Era constituído pelas forças políticas de esquerda, que defendiam o governo da Segunda República.

No campo político oposto estavam os insurgentes, os “fascistas”, segundo os seus inimigos. Eram militares que se tinham sublevado contra o governo republicano e que contavam com o apoio dos grupos de direita contrarrevolucionários e antirrepublicanos. O conflito dividiu o país e dividiu as famílias entre os que apoiavam os rebeldes e os que se mantinham fiéis ao governo republicano. O uso da violência extrema foi generalizado.

O conflito internacionaliza-se

Esta foi também uma guerra internacional, que teve uma enorme projeção no estrangeiro. Foi um episódio determinante da crise europeia da década de 30, no qual interferiram vários países estrangeiros, que procuravam influenciar o seu desfecho. A intervenção estrangeira no conflito foi determinante para o resultado final, fazendo a balança pender para o lado dos insurgentes.

O ditador português acreditava que o futuro do regime também estava em jogo e que o desfecho do conflito no país vizinho poderia pôr em causa a sobrevivência do Estado Novo

A Alemanha nazi e a Itália fascista apoiaram a facção do general Francisco Franco, fornecendo aviões para transportarem militares de Marrocos e das Canárias para Espanha. A Alemanha enviou ainda armamento e uma divisão especial, a Legião Condor, que testou o seu mais moderno armamento durante a guerra. A própria Itália enviou cerca de 40 mil homens. Foram experimentadas táticas militares, que seriam depois utilizadas entre 1939 e 1945. O conflito permitiu ainda a aproximação entre a Itália e a Alemanha.

A Grã-Bretanha e a França optaram pela não intervenção, uma posição que decorria da política de apaziguamento de ambos os países face ao expansionismo alemão na Europa.

Deixaram assim os republicados privados de uma importante fonte de financiamento e de material de guerra. Os republicanos contaram com o apoio militar e diplomático da União Soviética e do México, mas este não foi suficiente para ultrapassar o desequilíbrio de forças. Mais de 30 mil voluntários estrangeiros foram para Espanha lutar ao lado dos republicanos. Organizados em Brigadas Internacionais, pelo Comintern, sacrificaram as suas próprias vidas para salvar a República.

Uma guerra civil marcada pela violência

A internacionalização do conflito, com as grandes potências a intervirem e a apoiarem uma das fações, contribuiu para que a Guerra Civil de Espanha se tornasse numa espécie de antecâmara da Segunda Guerra Mundial. A guerra ficou marcada pelo uso generalizado da violência pelos dois campos em confronto.

Várias cidades foram alvo de bombardeamentos. Em Guernica, em abril de 1937, cerca de 30 aviões  alemães bombardearam a cidade e o pintor Pablo Picasso imortalizou este episódio histórico no seu famoso quadro “Guernica”, exposto pela primeira vez na Exposição Mundial de Paris de 1937.

Paulatinamente, os nacionalistas conseguiram conquistar as várias regiões de Espanha e derrotar os republicanos, levando a cabo execuções sumárias das populações. As forças de Franco terão sido responsáveis pela morte de 200 mil pessoas. Milhares foram enterrados em valas comuns, sem que as suas famílias soubessem o seu paradeiro.

A Catalunha caiu no início de 1939 e cerca de 500 mil pessoas atravessaram os Pirinéus, procurando refúgio em França. A 1 de abril, Franco anunciou o fim da guerra. A chacina continuaria depois do final do conflito. Cerca de 20 000 republicanos terão sido executados nos meses seguintes.

A participação portuguesa

Também Portugal se posicionou perante o conflito que assolava a Espanha. António de Oliveira Salazar deu apoio logístico, informativo, diplomático e material aos sublevados. Fê-lo discretamente, por temer a reação que esse apoio poderia provocar junto da Grã-Bretanha.

O ditador português acreditava que o futuro do regime também estava em jogo e que o desfecho do conflito no país vizinho poderia pôr em causa a sobrevivência do Estado Novo, caso os republicanos saíssem vitoriosos. Por isso, o regime permitiu que os insurretos circulassem em Portugal e forneceu-lhes mantimentos, armas e munições.

Os aviões alemães puderam fazer escala no país e passaram por território nacional munições e armas que se destinavam aos nacionalistas. Salazar permitiu também o recrutamento de voluntários nacionais para combaterem ao lado dos nacionalistas, os chamados “Viriatos”, e enviou especialistas militares. O país conduziu ainda propaganda “anticomunista” na imprensa e na rádio portuguesa.

Qual foi o resultado da Guerra Civil Espanhola?

A guerra foi finalizada em 1º de abril de 1939, poucos dias após a conquista da cidade de Madri (capital da Espanha) pelas tropas conservadoras, em 26 de março de 1939. Com a vitória, iniciou-se o regime franquista, caracterizado pela ditadura conservadora de Franco.

Como terminou a Guerra Civil Espanhola Brainly?

Como terminou : Após quase três anos de conflito bélico a Guerra Civil Espanhola, considerada uma das mais violentas e cruéis da história, terminou com a vitória dos falangistas que conseguiram derrubar o Governo Republicano do poder.

O que foi a Guerra Civil Espanhola e suas consequências?

A Guerra Civil Espanhola foi um conflito ocorrido entre 1936 e 1939 envolvendo republicanos e nacionalistas, que contaram com o apoio de tropas nazifascistas durante a guerra. A Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre a Força Popular e o Movimento Nacionalista, causando mortes e destruição na Espanha.

Qual grupo ganhou a Guerra Civil Espanhola?

Os nacionalistas venceram a guerra no início de 1939 e governaram a Espanha até à morte de Franco em novembro de 1975.