Qual grupo social liderou as revoltas contra a metrópole espanhola?

O processo de independência do México marcou a quebra do pacto colonial em uma das mais importantes possessões espanholas no continente americano. Sendo uma região de economia estritamente rural, o México tinha grande parte de sua população vinculada a tais atividades. A crise instalada pelas invasões napoleônicas promoveu uma brecha na qual os primeiros levantes foram organizados.

Mesmo tendo interesses no processo de independência, a elite criolla (filhos de espanhóis nascidos na América) temia que a organização de um processo revolucionário mobilizasse as camadas populares em defesa da ampliação dos direitos políticos, sociais e econômicos. No entanto, a chegada da administração napoleônica, instruída pelos ideais iluministas e o retorno do antigo modelo colonial hispânico, com a queda de Napoleão Bonaparte, foi responsável pela preparação dos primeiros movimentos da guerra.

Em 1810, o pároco Miguel Hidalgo y Costilla ensaiou um primeiro movimento revolucionário. Defendendo o fim das relações coloniais e a devolução das terras às populações indígenas, Hidalgo mesclava idéias anticoloniais e propostas reformistas dentro do movimento por ele organizado. Imbuído de tais propostas, conclamou índios e mestiços para que lutassem contra o governo espanhol. Apoiado por esses grupos, o movimento de Hidalgo perseguiu a gachupines (elite hispânica) e os criollos, considerados pelos populares seus maiores repressores.

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O movimento obteve grandes proporções e uma verdadeira guerra contra os representantes da elite fora deflagrada. Contando com o apoio das tropas coloniais espanholas, a revolta foi controlada e Hidalgo foi preso e condenado à morte. No ano de 1812, o sacerdote José Maria Morelos organizou um novo levante popular onde os limites da nova ordem social defendida sofreram forte oposição de uma minoria detentora de posses e direitos. Atentando-se para a força do movimento de independência a própria Coroa se incumbiu de ordenar o processo.

Representando os poderes coloniais, Augustín Itúrbide implementou um projeto de reforma política que ficou conhecido como Plano Iguala. Em tal proposta, o México tornou-se uma monarquia independente. No plano político, criollos e gachupines teriam os mesmos direitos políticos. A fé católica e a antiga configuração agrária excludente seriam reafirmadas por esse governo.

Depois de proclamar a independência do país, o México foi governado pelo próprio Itúrbide, sob o título de imperador Augustín I. Não apoiado pelos florescentes movimentos republicanos do país, Augustín foi logo deposto e assassinado. No ano de 1824, o país tornou-se uma república presidida pelo general Guadalupe Vitória.

Sem alcançar os ideais populares das primeiras manifestações revolucionárias, o México apenas assistiu a ampliação da autonomia política das elites que já dominavam a região. Com isso, o processo de exclusão, pobreza e dependência econômica foram ainda responsáveis por outros levantes como o da Revolução Mexicana de 1910.

A Independência das colônias espanholas na América ocorreu após quase 300 anos de domínio colonial e resultou na formação de 18 novos países.

Antecedentes

Os movimentos de emancipação estiveram divididos em três fases denominadas:

  • Movimentos precursores - 1780 a 1810
  • Rebeliões fracassadas - 1810 a 1816
  • Rebeliões vitoriosas - 1817 a 1824

O império colonial espanhol, desde o século XVIII, estava dividido em quatro vice-reinados e quatro capitanias gerais:

  • Nova Espanha: composto pelo México e parte dos Estados Unidos.
  • Nova Granada:integrada pelos atuais territórios de Colômbia, Panamá e Equador,
  • Peru: correspondente ao Peru;
  • Rio da Prata: constituía a área equivalente a Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.

Por sua parte, as capitanias-gerais equivalem territórios de Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile.

Causas

As independências das colônias da América Espanhola ocorrem no século XVIII quando as ideias como liberalismo e autonomia começavam a conquistar as elites criollas.

Além disso, podemos citar como causas:

  • A influência da Independência dos EUA;
  • O desejo de substituir o pacto colonial pelo livre comércio;
  • A expansão do Império napoleônico que ocupou a Espanha e destituiu o rei Fernando VII;
  • O apoio militar do Haiti;
  • O apoio financeiro da Inglaterra.

As primeiras ações militares receberam duras repressões da metrópole. Embora tenham ocorrido de maneira desorganizada e intempestiva, ajudaram os moradores das colônias a questionarem o sistema de exploração e criaram as condições para as futuras guerras.

Entre os mais importantes movimentos está o liderado por Tupac Amaru II, que lutou a partir de 1780 pela independência do território peruano.

No primeiro levante, 60 mil índios foram mortos pelos espanhóis e Tupac Amaru foi preso e executado. A partir de 1783, revoltas semelhantes ocorreram e foram igualmente reprimidas na Venezuela e no Chile.

O principal líder venezuelano foi Francisco de Miranda (1750-1816) que, em 1806, deu os primeiros passos para a independência das colônias da Espanha. Miranda seguiu o modelo norte-americano e também o haitiano, quando os escravos se libertaram da França.

Rebeliões Fracassadas (1810 a 1816)

Qual grupo social liderou as revoltas contra a metrópole espanhola?
O padre Hidalgo (ao centro, de negro) clama contra os espanhóis, no México, em 1810

A ascensão de José Bonaparte (1778-1844) ao trono espanhol, em 1808, intensificou o processo de libertação. Os espanhóis fiéis ao rei se reuniram em Cádiz para resistir ao domínio francês.

Por sua parte, os criollos, através dos cabildos, garantiram sua lealdade ao rei Fernando VII, ao não reconhecer José Bonaparte como rei da Espanha.

O movimento dos criollos, porém, passou de lealdade para o entendimento de que podiam ser emancipados e movimentos por liberdade se intensificaram a partir de 1810.

Ao contrário do que ocorreu com o Brasil, neste primeiro momento, os movimentos de independência não contavam com o auxílio da Inglaterra. Afinal, este país estava em luta contra o Império Napoleônico.

Somente em 1815, quando Napoleão foi derrotado pelas tropas inglesas, as colônias espanholas receberam apoio para a independência concedido pela Grã-Bretanha.

Com o interesse em novos acordos comerciais, a Inglaterra apoiou os levantes que começaram em 1817 e perduraram até 1824.

Rebeliões Vitoriosas (1817 a 1824)

Qual grupo social liderou as revoltas contra a metrópole espanhola?
Em 15 de junho de 1813, Simón Bolívar assina o decreto de Guerra até a Morte a todos os espanhóis

Entre as principais lideranças está Simón Bolívar (1783-1830) cuja campanha militar resultou na independência de Colômbia, Equador e Venezuela.

Em troca do apoio militar fornecido pelos haitianos, Bolívar se comprometeu em abolir a escravidão em todos os territórios que conquistasse.

A independência da Argentina, Chile e Peru foi comandada por José de San Martín (1778-1850). Ambos os líderes se encontraram em Guayaquil, em 27 de julho de 1822, a fim de combinar estratégias políticas para os novos países.

Quando a maioria das colônias espanholas já havia feito sua independência, os Estados Unidos proclamaram a Doutrina Monroe.

Com o lema "América para os Americanos", a doutrina resumia-se no combate a intervenções de caráter militar dos países europeus às nações do continente americano.

Décadas mais tarde seriam os americanos que fariam o mesmo expulsando os espanhóis de Porto Rico e Cuba.

Consequências

  • Apesar de ser o desejo de líderes como Simón Bolívar, as colônias espanholas se fragmentaram em vários países após a Conferência do Panamá.
  • A aristocracia criolla passou a governar os Estados soberanos emancipados.
  • A economia continuou a se basear na exportação de matérias-primas e ser dependente da produção industrializada das nações europeias.
  • Manutenção da estrutura colonial onde os brancos eram a elite e índios e mestiços eram considerados inferiores.

Resumo

Confira abaixo as datas de emancipação das colônias do continente americano:

  • Estados Unidos - 1776
  • Canadá - 1867
  • Haiti - 1804
  • Argentina - 1810
  • Paraguai - 1811
  • Chile - 1818
  • México - 1821
  • Peru - 1821
  • Brasil - 1822
  • Bolívia - 1825
  • Uruguai - 1828
  • Equador - 1830
  • Venezuela - 1830
  • Nova Granada - 1831
  • Costa Rica - 1838
  • El Salvador - 1838
  • Guatemala - 1838
  • Honduras - 1838
  • República Dominicana - 1844
  • Colômbia - 1886
  • Cuba - 1898
  • Panamá - 1903

Curiosidades

A maioria das bandeiras dos países da América Espanhola foi criada na época da independência. Que tal ler sobre sua história e aprender mais sobre o assunto?

  • Bandeira da Argentina
  • Bandeira do Chile
  • Bandeira do Paraguai
  • Bandeira do Uruguai
  • Bandeira do México

Leia também:

  • Causas da Independência do Brasil
  • Independência dos Estados Unidos
  • América Latina

Qual grupo social liderou as revoltas contra a metrópole espanhola?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Qual grupo social liderou as revoltas contra a metrópole espanhola quais eram suas reclamações?

A Independência da América Espanhola foi motivada pela insatisfação colonial com a metrópole, a desestabilização política pós-Período Napoleônico, pelas ideias iluministas, entre outras razões. Os criollos foram os principais agitadores das lutas por emancipação.

Quais foram os principais líderes da luta contra a metrópole espanhola?

Resposta: Na América do Sul, os principais líderes da luta pela libertação das colônias espanholas foram os criollos Simón Bolívar e José de San Martín.

Quem foram os líderes da luta contra a independência espanhola?

Os dois dos maiores líderes criollos da independência foram Simon Bolívar e José de San Martin. Organizando exércitos pelas porções norte e sul da América, ambos sequenciaram a proclamação de independência de vários países latino-americanos.

Que grupo social liderou o processo de luta pela independência?

Os Criollos foram o grupo social que liderou a independência da América Espanhola, sendo que eles eram descendentes diretos dos espanhóis, sendo de ascendência europeia e, portanto, tratavam-se de brancos.