Qual na sua opinião pode ser a maior contribuição do professor de AEE Para o professor da escola comum?

Por Aldrin Jonathan

Profissionais do Atendimento Educacional Especializado fomentam a valorização do trabalho colaborativo, das diferenças e das potencialidades dos estudantes

Qual na sua opinião pode ser a maior contribuição do professor de AEE Para o professor da escola comum?

Eliminar barreiras no processo de ensino-aprendizagem e garantir o pleno acesso e participação de todos os alunos na escola regular são os objetivos do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Oferecido nas escolas a partir de 2008, o apoio pedagógico é importante para valorização da inclusão e da diversidade no ambiente escolar.

Nas últimas décadas, o acesso de crianças, adolescentes e jovens com deficiência à escola comum foi ampliado. Segundo dados do Censo Escolar de 2018,  mais de 90% dos alunos que são público-alvo da educação especial estão matriculados na classe comum.

Contudo, o simples acesso ao mesmo espaço não basta para garantir o desenvolvimento e sucesso escolar para todos. Assim, para garantir o direito à aprendizagem e de acesso ao currículo, o AEE foi criado em 2008 pela Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva.

Conheça a opinião de especialistas:
+ Construção coletiva de plano de trabalho de AEE na educação infantil
+ O que fazer quando não há atendimento educacional especializado (AEE) na escola?
+ Atendimento educacional especializado (AEE): pressupostos e desafios
+ Atendimento educacional especializado (AEE) e sala comum: trabalho colaborativo para a inclusão

O AEE é um serviço desenvolvido por um profissional especializado em educação inclusiva, que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade com foco na eliminação das barreiras para a plena participação dos estudantes com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação.

Para Yara Aparecida da Silva, professora de AEE da EMEF Dr. João Naoki Sumita, em São Paulo, os profissionais desse serviço de apoio são fundamentais para promover uma cultura de inclusão e proporcionar reflexão a toda comunidade escolar sobre a necessidade de valorização das diferenças.

A nossa atribuição no AEE é eliminar as barreiras que impedem que os alunos se desenvolvam dentro da sala de aula regular, para que eles sejam protagonistas e possam desenvolver suas potencialidades.

Trabalho colaborativo

O AEE pode ser realizado em uma sala de recursos multifuncionais (SRM) na própria escola ou em escola próxima, no período do contraturno escolar para que não seja substitutivo às atividades da sala de aula comum. Mas não só. Cabe aos profissionais de AEE trabalharem colaborativamente com os professores da sala comum, com a comunidade escolar e também com os familiares dos estudantes.

O trabalho colaborativo é condição fundamental para que os docentes do AEE possam identificar possíveis barreiras à aprendizagem e apontar estratégias para que o estudante tenha as mesmas oportunidades de toda a turma.

O projeto “Um pingo de história”, desenvolvido pela docente do AEE da EMEF Ayres Martins Torres há 4 anos, Amanda de Moura Silva, é um exemplo de prática colaborativa. Amanda identificou barreiras comunicacionais e interpessoais enfrentadas por alunos da escola e estruturou uma proposta de contação de histórias.

Os estudantes escolhem um livro para estudar e posteriormente o apresentam para a sala. Dessa forma, o projeto envolve os professores da sala comum e consegue transversalizar conteúdos.

Os alunos desenvolvem a autonomia, planejando e executando as apresentações. Percebemos que as barreiras vão sendo eliminadas e eles conseguem se desenvolver.

Leia relatos de experiência de educadores
+ Atividades de arte no AEE auxiliam aluno a conhecer e expressar própria identidade
+ Educação física e AEE se unem para incluir aluno com autismo em circuito motor
+ Instigada por caso desafiador de inclusão, escola incentiva colaboração entre professores
+ Escola adota óculos de realidade aumentada de baixo custo como recurso para o AEE

Ampliação do acesso ao AEE

A partir de 2008, houve um salto no oferecimento do atendimento nas escolas comuns. A Política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva estabeleceu diretrizes para a criação de políticas públicas e práticas pedagógicas voltadas à inclusão escolar, integrando o AEE à proposta pedagógica.

De acordo com dados do Censo Escolar compilados pelo Observatório do Plano Nacional de Educação (OPNE), a porcentagem de alunos atendidos pelo AEE pulou de menos de 20%, em 2009, para quase 40% em 2017.

Qual na sua opinião pode ser a maior contribuição do professor de AEE Para o professor da escola comum?
Avanço da porcentagem de alunos público-alvo da educação especial na sala comum entre 2009 e 2017 (Fonte: OPNE)

Embora a oferta do atendimento educacional especializado seja obrigatória nas escolas comuns, nem todo aluno público-alvo da educação especial necessita do serviço. A comunidade escolar deve avaliar a situação de cada estudante, de forma a potencializar o desenvolvimento de todos.

A porcentagem de escolas que possuem sala de recurso multifuncional também aumentou consideravelmente. Em 2009, menos de duas escolas em cada 50 possuíam o serviço. Hoje, quase 1 em cada 5 escolas oferece o AEE.

Qual na sua opinião pode ser a maior contribuição do professor de AEE Para o professor da escola comum?
Aumento da porcentagem de escolas da educação básica que oferecem AEE entre 2009 e 2017 (Fonte: OPNE)

Para Amanda, estamos vivenciando grandes progressos na educação inclusiva, mas é indispensável que o oferecimento das SRM seja ampliado. Quando a escola não conta com salas de recursos multifuncionais, o AEE é oferecido em outras unidades escolares. “Esse processo inviabiliza o trabalho colaborativo e o desenvolvimento do aluno, porque não possibilita que o profissional identifique as barreiras enfrentadas na sala comum”.

Formação continuada

Já Yara considera que, além da ampliação do AEE, é necessário o oferecimento de formação continuada aos docentes para a consolidação da educação inclusiva. “Eu também encontro dificuldades no meu fazer, por isso procuro buscar formações e parcerias para ampliar as possibilidades na mediação com os meus alunos”.

Em consonância com esse desejo de formação, tanto Yara quanto Amanda participam do projeto Materiais Pedagógicos Acessíveis, oferecido pelo Instituto Rodrigo Mendes, e estão desenvolvendo recursos pedagógicos inclusivos para aplicar em suas respectivas unidades de ensino.

O Instituto Rodrigo Mendes também disponibiliza o  EAD Portas Abertas para Inclusão. O curso é acessível, gratuito e pode ser acessado por qualquer pessoa.

Como é a relação entre os professores regentes de sala de aula comum e os professores de educação especial?

Na educação inclusiva, todos têm direito ao mesmo currículo e ao mesmo conjunto de saberes. Por isso, o responsável por todos os estudantes, com ou sem deficiência, é quem faz o planejamento para todo o grupo: o professor regente da sala comum. Mas essa tarefa pode – e deve – ser compartilhada.

Qual a importância de oferecer nas escolas um atendimento educacional especializado?

Resposta​: A importância da sala de AEE é a mediação que o professor do atendimento faz para a busca de conhecimento a partir dos questionamentos do aluno. Não pode ser empregado o nome de reforço, pois lá, há a criação de condições para que o aluno desenvolva as suas habilidades e competências.

Qual o papel que o professor que faz atendimento aos alunos com necessidades especiais desempenha?

O profissional de apoio escolar não é um monitor ou um auxiliar do professor, portanto, sua função principal é facilitar a acessibilidade do aluno com deficiência. Cada profissional deve atender, no máximo, três crianças, de forma a facilitar a inserção delas na sala de aula da melhor maneira possível.

Qual é o objetivo do atendimento educacional especializado AEE?

O atendimento educacional especializado - AEE tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.