Ouça este artigo: Show Indústria cultural é um conceito de interpretação sociológica desenvolvido por Theodor Adorno e Max Horkheimer no livro “Dialética do Esclarecimento” de 1944. Este conceito se refere a produção e utilização da cultura como um bem de consumo industrial, destituindo a arte e a cultura de suas principais características de interpretação e crítica da realidade. Os dois autores e o próprio conceito estão inseridos na Escola de Frankfurt, escola de inspiração marxista que perdurou de 1922 a 1969. A escola tinha como principal método de análise a Teoria Crítica.
A indústria cultural é um termo interpretativo da realidade que os autores percebiam na década de 1940 relacionada às mídias e comunicações de massa. A sua crítica vai no sentido de perceber que diferentes grupos sociais dominantes começavam a utilizar a cultura e as artes a partir da lógica de mercado capitalista. Para os autores, isso é extremamente nocivo pois ao atender aos ideais de lucro, mercado, aceitabilidade, esses produtos da cultura serão consumidos como os demais e perdem seu potencial de crítica social e de crítica ao próprio sistema, criando uma alienação cada vez maior em seus consumidores. Para os autores, a arte é um processo de reflexão sobre uma situação e por isso mesmo demanda momento para a sua produção, técnicas e estudos. A arte como produto industrializado e produzido em massa, consequentemente, carece de alguns elementos pela necessidade do mercado de ser constantemente abastecido e renovado. Com isso, o próprio processo criativo se torna mecanizado e sempre orientado para agradar ao mercado, ao consumidor, as classes que dominam o mercado e ao lucro, dessa forma seu potencial crítico é minimizado.
Os autores diferenciam a cultura erudita da cultura popular e ambas da indústria cultural ou cultura de massas. A cultura erudita é produzida e consumida por classes intelectualizadas e demanda estudo e técnicas muito refinadas tanto para ser gerada como para ser compreendida. A cultura popular é produzida pelo povo de forma espontânea e reflete a sua realidade circundante, não necessitando de estudos para tanto. Já a cultura de massas é diferente, pois não refere às massas populares, e sim, à indústria cultural. É uma produção artística encomendada pelo mercado que tem a função de atender e gerar gostos massificados, não tem apreço pelas técnicas eruditas e não reflete sobre a realidade do povo. É um produto de ampla e rápida reprodução que gera também esquecimento rápido deste mesmo produto, precisando ser substituído. Pode abranger as músicas, o cinema, a TV, o rádio, a pintura, literatura etc.
Apesar das críticas direcionadas aos produtos da Indústria Cultural, autores da Escola de Frankfurt como Walter Benjamin não deixam de considerar que a mesma consegue, de certa forma e até certo ponto, democratizar o acesso às artes. Isso porque com o advento de mídias e comunicação em massa não é mais necessário ir a um show fisicamente ou à ópera para se conhecer estas obras. Mesmo que a qualidade do produto seja inferior e a experiência não seja a mesma, a indústria cultural pode ser utilizada para fins de acessibilidade, como a reprodução fotográfica de obras, pinturas, esculturas que estão presentes em museus e espaços distantes das classes populares. Assim, a indústria cultural é um conceito crítico de interpretação da produção de bens culturais no mercado capitalista. Tem por característica a alienação do povo e a produção massificada e massificante da obra de arte. Pode, porém, ser utilizada para promover o acesso e contato facilitado e massificado de grandes obras de Arte, mesmo com prejuízo da qualidade técnica. A função da indústria cultural, porém, não é possibilitar o acesso, mas sim produzir lucro com as obras de arte, com a exploração do artista inclusive.
Referências: ADORNO, Theodor. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Coleção Os Pensadores. BENJAMIN, Walter et al. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. 2013. JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997. TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009. p.134. Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/sociologia/industria-cultural/ Quais os impactos da Indústria Cultural em nossas vidas?Ao promover a massificação e a transformação da cultura em mercadoria, a Indústria Cultural fomentou o surgimento da cultura de massa. Junto aos meios de comunicação, ela sustenta a veiculação da cultura de massa, que é direcionada para o consumo pelo máximo de pessoas possível, em todas as esferas sociais.
O que é Indústria Cultural e exemplos?Exemplos de indústrias culturais são a indústria discográfica, cinematográfica, editoriais, companhias de teatro… em que os bens ou serviços culturais que produzem são considerados principalmente com um critério industrial e comercial.
Qual o papel da Indústria Cultural na sociedade?Segundo os autores, o objetivo da indústria cultural é o lucro e manutenção do pensamento dominante. Assim, a cultura passa a ser uma massa de manobra da população, que precisa ser mantida presa na ideologia dominante.
Como a Indústria Cultural se relaciona com a sociedade de consumo?Com o grande poder em transformar uma sociedade consumista, alienada, a indústria cultural também contribui para uma formação do indivíduo. A industrialização cultural faz com que os meios de comunicação possam homogeneizar as classes sociais.
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