Qual o objetivo de trabalhar com material não estruturado na educação infantil?

Temos observado um aumento das reflexões acerca do brincar e sua importância para uma infância mais plena. Nesse sentido, a indústria dos brinquedos tem se preocupado em criar cada vez mais objetos que possam colaborar com o desenvolvimento das crianças.

Embora tenham boas intenções, sabemos que para construirmos um planeta mais consciente, precisamos repensar nossos hábitos de consumo, e isso se estende à criação dos nossos filhos.

Brinquedos com funções específicas podem ser muito atraentes, mas frequentemente são descartados rapidamente pelas crianças, pois seu potencial criativo é limitado e as respostas previsíveis acabam ficando desinteressantes com o passar do tempo. É aí que entram os brinquedos não estruturados e suas infinitas possibilidades de criação.

Brinquedos não estruturados são materiais variados (blocos de madeira, elementos da natureza, cones, rolos, objetos de uso cotidiano, caixas, entre outros) que através das intervenções das crianças, podem se transformar numa infinidade de brincadeiras. São aqueles que permitem que a criança exercite sua imaginação e inteligência, favorecendo os estímulos cognitivos e potencializando a exploração e o surgimento de novas habilidades.

Esses materiais são excelentes para que as crianças comecem a pensar “Fora da Caixa”, e exercitem todos os seus recursos internos, afim de ampliar suas percepções do mundo que as cerca e de si mesmas, proporcionando vivências significativas. Além disso, quando a brincadeira favorece liberdade criativa, a autonomia da criança é colocada em evidência, proporcionando segurança e motivação.

Os materiais não estruturados possuem vários benefícios: eles são facilmente encontrados em casa, na natureza ou no supermercado mais próximo; possuem baixo custo em relação aos brinquedos convencionais; não limitam faixa etária, contemplando todas idades; são muito versáteis e facilmente ganham novos significados; são ótimas ferramentas de conexão e interação entre as crianças e seus pais.

Quando uma criança brinca de forma livre com esses materiais, muitas possibilidades surgem, não existe certo e errado, não existem conceitos pré-determinados que os impedem de criar. Dessa forma o cérebro faz novas conexões nervosas e o aprendizado vai sendo consolidado de forma prazerosa e inovadora. Pneus podem se transformar em naves espaciais, rolos de papel higiênico em foguetes, escorredores de macarrão em chapéus, tecidos coloridos em castelos. Nesse universo tudo é permitido e, então, a mágica da brincadeira acontece. O faz de conta se torna real e a imaginação vira a grande protagonista deste espetáculo, assim como deve ser.

Por Aline Bertolli

Você talvez não conheça o termo “brinquedos não estruturados”. Mas tenho certeza que eles já fizeram parte da sua infância ou da infância do seu filho, mesmo sem que você tenha se dado conta.

Brinquedos não estruturados permitem um brincar livre, sem regras ou instruções sistemáticas. São diferentes de muitos dos comprados na loja de brinquedos e com imenso apelo comercial, como eletrônicos, brinquedos da moda/ de personagens ou mesmo jogos de tabuleiro, que possuem uma lógica a ser seguida na hora de brincar.

Os brinquedos não estruturados permitem que a criança transforme a brincadeira inúmeras vezes com as suas ideias e imaginação. É uma oportunidade de criar e construir o que quiser. Como uma caixa de papelão: um dia ela pode ser suporte para um jogo com bolinhas, no outro virar um carro, castelo, foguete, cozinha, etc. A brincadeira nunca termina!

Brinquedos assim estimulam diferentes habilidades da criança, como a criatividade e a autonomia. Eles aumentam o potencial de ação dos pequenos, que são agentes principais no brincar.

Qual o objetivo de trabalhar com material não estruturado na educação infantil?

Exemplos de brinquedos e/ou materiais não estruturados incorporados na diversão:

  • Brinquedos de montar ou construir, como blocos de madeira da Tibuá
  • Blocos magnéticos
  • Massinha de modelar
  • Papelão
  • Botões
  • Retalhos de tecido
  • Bolinhas de isopor
  • Tampas
  • Potes
  • Garrafas plásticas
  • Balões
  • Elementos da natureza, como folhas, conchas, pedrinhas, galhos, etc.

Agora que você já sabe o que são brinquedos não estruturados confira 4 motivos para apostar neles!

1 – Estimulam a criatividade e imaginação

O mundo evolui cada vez mais rápido e é possível que a profissão que seu filho terá daqui alguns anos nem exista ainda! Sendo, assim, o segredo para se integrar na sociedade de amanhã é ser criativo. 

Como dizia o pensador Jean Piaget: “A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano”. E o brincar com certeza é grande parte disso! Por isso torna-se fundamental promovê-lo na infância.

As crianças têm uma habilidade incrível de transformar qualquer item em um brinquedo. A imaginação dos pequenos é admirável e proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento da criatividade é uma verdadeira missão para os pais e educadores.

E como fazer isso? Seguem dois exemplos fáceis para implementar em casar: organizar cestas com tesouros da natureza e deixar as coisas mais na altura da criança para que ela possa pegar. Mas cuidado! Tente não deixar material excessivo e não organizado pois isso desencoraja os pequenos e gera tédio.

Qual o objetivo de trabalhar com material não estruturado na educação infantil?

Atividades que exigem que a própria criança estruture o seu brinquedo estimulam funções cognitivas. Afinal, para isso ela terá que planejar, imaginar, manter o foco e a atenção, se organizar. São exercícios positivos para a autonomia, inclusive ajudando seu filho a brincar sozinho enquanto faz tantas conexões importantes para o seu desenvolvimento.

Quem nunca no parque pegou uma folha para servir de prato, um pouco de terra para fazer uma sopa, uma semente para fazer um avião ou ainda um galho para fazer uma espada? Ter a imaginação de pegar tais objetos para transformá-los é muito melhor pela construção da criatividade da criança do que comprar um brinquedo de cada um desses elementos.

O brinquedo não estruturado é econômico para você, para a planeta (sustentável) e ainda é melhor para seu filho. Precisamos voltar para as nossas raízes!

2 – Proporcionam aprendizagem

Além de contribuírem com a criatividade e a imaginação infantil, os brinquedos não estruturados podem dialogar com outras aprendizagens mais sistemáticas em construção ou já adquiridas. A criança pode contar quantos blocos colocou na torre, fazer relações entre muito e pouco com as folhas que coletou no passeio, verificar quantos centímetros tem a caixa que irá se transformar em um robô. 

É também nas brincadeiras não estruturadas que a criança vai descobrir as texturas: duro, liso, frágil, dobra, pesado, etc, pois ela vai ter a necessidade de testar o objeto para ver se ele se encaixa na brincadeira. A folha seca não pode ser uma saia para a boneca se ela quebra, mas pode ser um barco na água, enquanto a pedra não porque afundaria.

Qual o objetivo de trabalhar com material não estruturado na educação infantil?

Construindo com blocos de madeira, por exemplo, a criança vai testando equilíbrio, centro de gravidade, impacto da altura sobre a construção, etc. Sendo assim, o pensamento lógico e matemático pode ficar evidente no processo de brincadeira com objetos não estruturados, o que é muito positivo para a formação do cérebro e são bases essenciais para a futura escolaridade.

3 – Preservam o meio ambiente

O brincar não estruturado permite uma infinidade de brincadeiras. A ação não se limita, como em certos brinquedos convencionais, que são feitos para poucas ações e são deixados de lado depois de poucos dias ou até horas pois não há desafio. Um exemplo: um brinquedo musical. A criança vai apertar algumas vezes cada botão para escutar as músicas e ver as luzes. Depois que ela ver que aquilo sempre se repete vai perder a graça e ficar jogado em um canto.

Isso gera poluição com plástico, de eletrônicos e metais pesado, que cedo ou tarde voltam para o mar, a terra e, enfim, para nossos organismos, criando desequilíbrio hormonal, câncer, entre outros problemas de saúde. É longe das nossas intenções, mas infelizmente isso acaba acontecendo com milhares de pessoas consumindo freneticamente.

Com blocos de montar, por outro lado, a brincadeira se reinventa e é infinita. A família pode criar um jogo, construir uma torre, fazer figuras dispondo as peças no chão, inventar competições e por aí vai. O brincar vai se transformando conforme o olhar de quem brinca.

Qual o objetivo de trabalhar com material não estruturado na educação infantil?

Sendo assim, o brinquedo é usado por muito mais tempo, podendo inclusive passar de criança para criança, entre primos e amigos. Isso tem um impacto em uma menor produção de lixo, ponto fundamental pensando nos recursos do nosso planeta.

Eles também permitem que a criança se encante com o seu ambiente. Que em um passeio ela observe as folhas, os formatos dos galhos, a especificidade de cada semente. Ou em casa que analise o formato de cada botão, a textura de um retalho de tecido. Isso desperta uma grande sensibilidade pelo mundo que nos cerca. E não é que precisamos dar valor ao que temos para poder agir em sua preservação?

4 – Não representam um apelo consumista

Como já dito, o brincar não estruturado pode partir de diferentes materiais, que muitas vezes temos em casa mesmo, como potes, colheres, embalagens de alimentos (caixa de ovos, de cereal, etc), resto de tecido, etc. Também pode ser desenvolvido com matéria-prima que vem da natureza, como conchas, pedras, folhas de diferentes cores e tamanhos.

Coisas que são de graça ou mesmo itens de baixo custo que podem ser adquiridos para interações com a criança (como materiais de craft, bolinhas de isopor, etc).

Então, não está relacionado com os brinquedos com apelo consumista que inundam os comerciais de TV, os vídeos no YouTube e as propagandas direcionadas ao público infantil. Isso é positivo e pode também contribuir para uma educação para o consumo, evitando compras por impulso e aquele desejo de “eu quero, eu preciso” a cada lançamento voltado para os pequenos. Assim você contribui para formar o consumo consciente, a criação de um ser mais paciente e que sabe lidar com seus desejos imediatistas! Com certeza qualidade que serão essenciais para o amanhã!

Mesmo brinquedos não estruturados comprados acabam sendo um investimento, pois são muito usados pela sua versatilidade e assim continuam contribuindo na formação intelectual e cidadã do seu filho.

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Como você pode ver, são vários os motivos para apostar nos brinquedos não estruturados. Eles são uma fonte de inspiração na infância, contribuindo para um brincar livre e criativo, além de serem positivos para o futuro do planeta. Então, partiu brincar? 🙂

Qual o objetivo de trabalhar com materiais não estruturados na educação infantil?

A vantagem dos materiais não estruturados é proporcionar uma infinidade de possibilidades. Diferente dos brinquedos fabricados, esses objetos permitem que a criança construa novas possibilidades de acordo com sua criatividade.

Qual o objetivo dos brinquedos não estruturados?

Brinquedos não estruturados estimulam a inteligência das crianças e são importantíssimos para o desenvolvimento. Sejam eles potes, tampas, retalhos, caixas, latas, cones, canudos, folhas, entre outros. Estes objetos proporcionam um mundo de fantasia, imaginação e criatividade para criança.

Quais são os benefícios dos materiais não estruturados Cite três motivos para utilizarmos os brinquedos não estruturados *?

Agora que você já sabe o que são brinquedos não estruturados confira 4 motivos para apostar neles!.
1 – Estimulam a criatividade e imaginação. ... .
2 – Proporcionam aprendizagem. ... .
3 – Preservam o meio ambiente. ... .
4 – Não representam um apelo consumista..

Como trabalhar com materiais não estruturados na educação infantil?

Para que as crianças possam interagir com os materiais não estruturados, é preciso dar tempo e frequência. Tempo para experimentar suas possibilidades, que por vezes surge de observar como outras crianças interagem com eles, e para criar familiaridade com os objetos.