Qual o risco de estar grávida e continuar tomando anticoncepcional?

Tomar pílula anticoncepcional sem saber da gravidez não traz grandes riscos ao bebê, principalmente se for apenas por alguns dias após a concepção.

Os riscos aumentam se você continuar tomando por muito tempo, porque os hormônios contidos na pílula podem afetar a formação dos órgãos sexuais do bebê, algo que ocorre durante o segundo e o terceiro mês de gestação.

"A formação (das partes sexuais) depende da genética e dos hormônios, e pode haver alterações se os hormônios estiverem desregulados", explica Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein.

Engravidar tomando pílula é raro. Mas pode ocorrer quando a pílula falha, o que é pouco frequente, ou quando a mulher esquece de tomar algum comprimido, quando não toma a pílula todo dia no mesmo horário (especialmente as pílulas de uso contínuo), ou então faz uso de alguns antibióticos, que podem afetar a eficácia da pílula anticoncepcional.

Ter forte diarreia ou vômito logo depois de tomar a pílula também pode afetar a eficácia, assim como a má absorção intestinal que às vezes afeta mulheres que se submeteram à cirurgia bariátrica ou gastrectomia com "bypass" (desvio intestinal).

Como todo cuidado é pouco quando se trata da formação de um bebê, mesmo que você esteja tomando pílula, aos primeiros sintomas de uma possível gestação, faça o teste de gravidez. Caso dê positivo, pare de tomar o anticoncepcional e consulte um médico. A pílula não afeta o resultado do teste de gravidez.

Para quem adota outras formas de contracepção que fazem uso de hormônios, como injeção de progesterona, adesivos e implantes, a chance de usá-los sem saber que se está grávida é muito pequena, já que esses métodos costumam ser aplicados no início da menstruação e os médicos se certificam de que a pessoa não está esperando um bebê. Se a gravidez acontecer mesmo assim, basta retirar o implante ou interromper a aplicação de adesivos e injeções.

Em relação à pílula do dia seguinte, caso a gravidez já tenha acontecido, a gestação não será interrompida e o bebê não será prejudicado, segundo as pesquisas mais recentes.

A gravidez após o uso da pílula do dia seguinte é razoavelmente comum, já que a eficácia desse tipo de contracepção de emergência é de cerca de 88%, ou até menos se ela demorar para ser tomada, ou se for tomada de forma errada.

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A influenciadora digital e ex-BBB Viih Tube, que anunciou estar grávida esta semana, disse acreditar que engravidou durante a troca da pílula anticoncepcional. Médicos explicam que há risco de gravidez caso essa mudança não seja feita de forma correta, com orientação médica, mas ponderam que a chance de ficar grávida é maior por falhas no uso da pílula — e não pela troca em si.

Para Carlos Alberto Politano, membro da comissão nacional especializada em anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), é preciso, antes, observar que há dois tipos de uso de anticoncepcionais: o perfeito e o típico.

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O uso perfeito é aquele sem falha humana, quando ocorre exatamente como foi prescrito. Já o uso típico é como o método funciona na vida real, em que é possível esquecer de tomar ou errar na colocação da barreira. Métodos como anel vaginal, adesivo e pílula dependem mais da mulher e são considerados "esquecíveis".

"O DIU e o implante hormonal são métodos de longa duração mais eficazes, que não dependem da mulher para o uso. Enquanto a pílula pode falhar porque se esqueceu de tomar ou passou muito do horário ou teve vômito até quatro horas depois de ingerir, por exemplo."

Com uso perfeito de uma pílula combinada de progestagênio, uma das substâncias mais usadas para inibir a gravidez, o risco de gravidez é de 0,3% — o número sobe para 8% no uso típico.

E, se a paciente não fizer a mudança correta entre um método e outro, com orientação médica, também há risco.

"Se parar uma pílula que tem progestagênio, cuja vida média é de 48 horas, tem essa janela de segurança para começar a outra. Mas há aquelas cuja vida média é de apenas 11 horas. Se esperar dois dias para começar a cartela da troca, corre o risco de engravidar."

Para o especialista, é preciso buscar um médico para orientar a troca. "Não é a mudança do método que aumenta o risco de gravidez, é a não adequação da mudança de um método para outro", explica.

"Toda vez que for trocar de método, é preciso procurar um médico para orientar adequadamente como fazer isso porque cada um tem seu tempo de eficácia para início da contracepção, para saber quando pode ter relação sem preocupação. Por isso sempre indicamos o uso do preservativo associado para prevenir a gravidez."

Alexandre Pupo, ginecologista e obstetra dos hospitais Sírio-Libanês e Albert Einstein, lembra ainda que, independentemente da pílula que estiver usando ou qual passará a usar, o ideal é que a mudança seja feita sem interrupção na ingestão do contraceptivo.

"Quando se faz uso de uma e vai mudar para outra, qualquer que seja dentro do grupo de anticoncepcionais orais, a orientação é começar a nova pílula no dia seguinte de ter tomado a última pílula do tipo anterior. Ou seja, se hoje você tomou a pílula x, amanhã toma a y", explica.

Um cuidado maior, segundo ele, deve ser tomado com as pílulas anticoncepcionais de uso contínuo, que contêm comprimidos de placebo na cartela.

"Esse tipo é usado geralmente para criar o hábito nas mulheres e evitar o esquecimento, mas é importante observar que se deve iniciar o novo tipo de pílula logo após ter tomado o último comprimido da cartela anterior que tinha hormônio, senão corre o risco de uma gravidez indesejada. Essas orientações devem ser repassadas pelo médico."

Alexandre Pupo diz que pode ter havido falha da influenciadora em relação ao tempo em que terminou uma cartela e iniciou a outra do novo tipo.

"É possível que tenha sido uma janela, em que ela tenha postergado a troca de uma pílula para a nova e que tenha se esquecido de tomar. Se é feito o uso ideal, a probabilidade de uma gravidez indesejada é muito baixa."

O médico reforça que nenhum método é totalmente eficaz, as pílulas anticoncepcionais tendem a dificultar a gravidez, mas não há garantia de proteção 100%.

"O método mais eficaz é não namorar, mas, em um cenário de vida sexual ativa, há contraceptivos mais potentes, como os dispositivos intrauterinos, implantes de hormônio à base de progesterona. Para esses, não há a possibilidade de esquecimento e eles têm uma eficácia de 99,5%."

O ginecologista Luis Bahamondes, professor do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp), reforça ainda que "sempre é possível engravidar tomando pílula" e isso pode ter ocorrido por falha no uso do método. "Se trocou e engravidou não tem a ver com o fato de trocar, deve ter sido porque falhou no método ou porque esqueceu, teve vômitos e não absorveu a medicação."

O que pode acontecer se eu estiver grávida e tomar anticoncepcional?

Tomar o anticoncepcional durante a gravidez também normalmente não causa aborto, mas se a mulher estava usando uma pílula ao engravidar que possui apenas progestágenos, comumente chamada de mini pílula, há um risco maior de gravidez ectópica, um tipo de gestação que se desenvolve nas trompas de Falópio.

Quais são os sintomas de gravidez mesmo tomando anticoncepcional?

São os mesmo sintomas indicativos de uma gravidez: atraso menstrual ou alteração do ciclo menstrual padrão, náuseas, vômitos, alterações nas mamas, cólicas.

Quando fazer o teste de gravidez tomando anticoncepcional contínuo?

Não há problema algum fazer o teste de gravidez enquanto você toma anticoncepcional. O anticoncepcional não interfere no resultado do exame e se você acha que pode estar grávida pois esqueceu de tomar o anticoncepcional ou tomou ele na época errada faça o teste!

É possível estar grávida tomando anticoncepcional e menstruando normalmente?

Não. Menstruação e gravidez são dois eventos incompatíveis entre si. Quem está grávida não menstrua e quem está menstruada não pode estar grávida.