Qual tecnologia impulsionou essa geração com a utilização de interação em tempo real?

A pandemia impulsionou mudanças disruptivas que derrubaram padrões há muito tempo enraizados no nosso dia a dia. E coube à tecnologia a missão de tornar todas essas transformações possíveis.

Sem ela, a vida ficaria um tanto mais difícil durante o lockdown. Um estudo feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostrou que a educação na América Latina foi muito mais afetada pela pandemia do que em outras nações.

De acordo com a Unesco, o Brasil e seus países vizinhos mantiveram as escolas fechadas por 40 semanas. Já a média em outras regiões do mundo ficou em 22 semanas — quase a metade do tempo.

O baque na educação só não foi maior porque a tecnologia possibilitou que centenas de alunos continuassem a ter aulas remotas ou híbridas.

Quer entender mais sobre o assunto? Continue a leitura e descubra como alunos e professores se adaptaram ao ensino remoto para superar o distanciamento social durante a pandemia, que levou à paralisação das atividades de várias instituições de ensino.

Qual é a importância da tecnologia na educação?

A tecnologia aplicada na educação obteve resultados profundamente significativos ao responder com rápidas ações adaptativas.

As instituições, os professores e os alunos aprenderam a transitar no ambiente virtual, acelerando a introdução de práticas inéditas no ensino e na aprendizagem. E cada um com suas dificuldades.

“Enquanto alguns professores aprendiam a marcar reuniões pelo Microsoft Teams, eu e outros professores estávamos pensando em como manter as aulas no laboratório de engenharia”, lembra o professor Alex Camilli Bottene. “Eu não tinha um laboratório em casa, e nem os alunos, então desenvolvemos um ambiente virtual para todos acessarem. ”

O ensino EAD

Cerca de 20 anos atrás, os cursos de graduação e pós-graduação na modalidade de ensino a distância (EAD) foram os primeiros a incorporar a tecnologia no ensino e na aprendizagem.

Apesar de ser visto com relutância inicial, o EAD viabilizou a formação de centenas de estudantes sem acesso a cursos superiores.

E mais: o EAD também fez o caminho inverso, favorecendo brasileiros que estudaram virtualmente em uma escola de renome no exterior sem nunca terem posto os pés em um país estrangeiro.

Como as instituições de ensino se adequam à inovação tecnológica?

Muito antes da eclosão da pandemia, a tecnologia já vinha caminhando pela rota transformadora da educação. Aqui no Brasil, cursos já ofereciam conteúdos, exercícios, provas, material de leitura e mentoria de professores a distância.

Com mais investimentos e sem dependerem de recursos governamentais para se manterem, as instituições de ensino privado foram as primeiras a investir em tecnologia, seguindo a tendência mundial.

Os profissionais da Tecnologia da Informação (TI) se aproximaram das escolas para dar suporte técnico, capacitar professores e orientar alunos, algo impensável nas gerações anteriores.

Agora, com a aposta de Mark Zuckerberg de criar um mundo virtual no Meta (antigo Facebook), espera-se que tanto corporações quanto as escolas (e o corpo docente e discente) migrem em um futuro próximo para ambientes totalmente virtuais — pelo menos é isso que aposta Zuckerberg, apesar de uma tentativa semelhante ter sido feita pelo Second Life, que não funcionou muito bem no passado.

Como os alunos são beneficiados pela tecnologia?

Um dos principais benefícios é o ensino e o aprendizado com aulas mais dinâmicas e com uso de uma linguagem dominada pelos “nativos digitais” (jovens da geração Z que nasceram e vivem imersos na tecnologia).

Para os educadores, há outras vantagens como o processo de aprendizado ganhar mais velocidade e diversidade, e até mesmo ficar mais divertido — e mais interessante — com as possibilidades que a tecnologia oferece.

Para se ter uma ideia, estudantes de Medicina em universidades de Tóquio já podem treinar um procedimento invasivo como o cateterismo cardíaco em um boneco com sensores, que pode reclamar de dor ou indicar que foi levado a óbito por alguma manipulação errada do cateter.

Uma fábrica na sua tela

Já pensou em transitar por uma fábrica virtual em substituição a uma visita a uma fábrica real? Pois isso é o que foi feito pelo Insper.

“A graduação de Engenharia do Insper foi concebida no presencial e para que o aluno colocasse a mão na massa. Aplicamos esse mesmo conceito hands on no ambiente virtual, desenvolvendo um laboratório virtual de experimentações para que os estudantes pudessem continuar o aprendizado em suas casas pelo computador ou celular”, conta o professor Bottene.

No auge da pandemia, uma fábrica virtual substituiu a visita presencial que seria feita pelos alunos de Engenharia a uma fábrica real.

Além do laboratório, outros desenvolvimentos surgiram ao longo do processo. “Sempre usamos a impressora 3D em aulas presenciais, mas agora ela tem um recurso novo e pode ser teleoperada. Também tínhamos disciplinas sobre realidade aumentada e data analytics, mas a diferença é que elas passaram a ser parte do dia a dia do aluno”, explica o professor.

Diante da retomada de aulas em 2022, segundo Bottene, “essas inovações devem ser mantidas não para substituir as atividades presenciais, mas para complementá-las.”

“Mais pessoas poderão ver os experimentos, acompanhando remotamente a transmissão pelas câmeras de alta definição instaladas no laboratório real. Os grupos que estiverem presentes terão, em contrapartida, uma visão mais nítida de todo o processo”, completa.

Você sabia que Mandela fez EAD?

O ensino a distância (EAD) não é um método recente de aprendizado. Antigamente, era possível ter aulas de eletrônica e costura nos primeiros modelos de ensino remoto que, no caso, eram bem mais estáticos. Os alunos recebiam apostilas pelo correio para estudar e mandavam as provas escritas às instituições mantenedoras desses cursos.

Nelson Mandela completou um curso em Direito assim pela University of South Africa, durante o período que ficou na prisão. Autodidata, estudou línguas e outras disciplinas, e colou grau in absentia (ou seja, não participou presencialmente) em uma cerimônia realizada em Cape Town.

Estudos já vinham abordando os benefícios e os desafios do uso da tecnologia na educação, mas a pandemia acabou intensificando alguns, que deverão servir para a reflexão dos educadores e das instituições de ensino à medida que o mundo se torna cada vez mais conectado e digital.

Hoje, a internet está no domicílio de 81% da população brasileira (o mesmo que 152 milhões de pessoas), segundo dados de 2020 do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Porém, os níveis de conectividade e qualidade de conexão são bem inferiores aos das classes A e B, o que pode comprometer o ensino e a aprendizagem em regiões não bem atendidas tecnologicamente.

Vantagens e desvantagens da tecnologia na educação

Veja, a seguir, alguns pontos positivos e negativos da aplicação da tecnologia na educação no Brasil:

10  Vantagens

10  Desvantagens

  1. Melhor acessibilidade;
  2. Interatividade remota;
  3. Aprendizado por meio de plataformas conhecidas (YouTube e redes sociais);
  4. Prepara o aluno para o futuro;
  5. Incentiva o aprendizado individual;
  6. Desenvolve “net-etiqueta” (etiqueta online);
  7. Melhora a gestão das escolas;
  8. Diferentes fontes de conhecimento (bibliotecas virtuais, internet, podcasts);
  9. Diversificação no ensino;
  10. Redução de custos ao manter ambientes digitais.
  1. Desigualdade tecnológica no Brasil;
  2. Analfabetismo digital;
  3. Investimentos elevados em tecnologia;
  4. Atualizações tecnológicas;
  5. Engajamento dos alunos;
  6. Adaptação dos professores e mais horas para preparar aulas;
  7. Menor interação social;
  8. Dispersão durante a aula;
  9. Segurança dos dados pessoais dos alunos;
  10. Esgotamento e cansaço no ambiente virtual.

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