Quando se usa mim e eu?

As duas palavras são pronomes pessoais com funções específicas para indicar a pessoa de um discurso. Vamos dar algumas dicas práticas para que você não erre na hora de escrever. 

Para começar, precisamos entender o são pronomes do caso reto e pronomes do caso oblíquo!

Pronomes Pessoais do Caso Reto: 

São os pronomes com a função de designar o sujeito e o predicativo do sujeito. São eles: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas. 

Eu entreguei a minha demissão. (Sujeito) 

Fiz um bolo para ela. (Predicado)

Em outro momento abordaremos mais sobre sujeito e predicado, o foco aqui é apresentar os pronomes do Caso Reto. Os pronomes do Caso Reto, em um discurso, vão indicar: Quem fala, Com quem se fala e De quem se fala. Guarde essa informação, ela vai ser bem valiosa.

Pronomes Pessoais do Caso Oblíquo: 

São os pronomes com a função de designar o objeto direto, objeto indireto, adjunto adverbial, complemento nominal e agente da passiva, de um discurso. Os pronomes oblíquos são: me, mim, te, ti, o, a, se, lhe, ele, ela, si, nos, nós, vos, vós, os, as, lhes, eles, elas.

Os pronomes do Caso Oblíquo podem ser Átonos ou Tônicos, prometemos abordar mais profundamente os pronomes em breve. 

Os pronomes oblíquos átonos têm uma pronúncia de menor intensidade e indicam objeto direto ou objeto indireto. Como: me, te, nos, vos, o, a, se, lhe. 

Os pronomes oblíquos tônicos têm uma pronúncia mais intensa, e são sempre seguidos por preposições. Como: mim, nós, ti, eles, si, consigo, contigo

Agora que entendemos essa variação, fica mais fácil de compreender a dica: Preste atenção no sujeito da oração! 

O uso de “eu” acontecerá quando o sujeito da oração, o foco, está na 1º pessoa do singular. Já no caso de “mim”, será usado como complemento, como o objeto da oração. 

Vejamos: 

Ela trouxe uma banana para eu descascar. 

O jeito mais simples para saber qual pronome usar, é fazer uma pergunta ao verbo: 

Quem trouxe a banana? Ela 

Quem descasca? – Observe que Mim não se adequa, logo, aplica-se EU. 

Dica:

Mim não conjuga verbo. Portanto, não use: para mim começar, para mim fazer, para mim gostar. 

Lembre-se de perguntar ao verbo, se a resposta tiver sujeito, aplica-se o pronome pessoal do Caso Reto. Se a resposta não tiver, então é objeto, aplica-se o pronome pessoal do Caso Oblíquo. 

Assim: Quem começa? Sou EU. Quem faz? Sou EU. Quem gosta? Sou EU. 

Agora note: 

Ela trouxe uma banana para mim. 

Quem traz a banana? Ela. 

Para o quê/ Para quem? – Aqui trata-se de um objeto da oração e não do sujeito, logo, aplica-se “Para MIM”. 

Lembre-se que os pronomes do Caso Oblíquo, como é o caso do MIM, sempre seguidos por preposição. Portanto, PARA mim. 

Agora que já sabe as regras, vamos a mais alguns exemplos: 

  • Se for para eu ficar, tudo bem! (Quando perguntamos quem fica, tem sujeito na frase? Então usamos EU).
  • Ele não sabe, se sabe, não disse nada para mim. (Para MIM é o objeto indireto da frase). 
  • Para mim, essa criança só faz birra. (verbo fazer, quem faz? A criança. Então usamos para MIM, objeto indireto). 

A lógica para não errar: tem verbo? Tem sujeito, é Caso Reto. Se não é a resposta do verbo, é objeto, é Caso Oblíquo.

Veja outras dicas


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Atualizado em 16/07/2013, às 13h27

As gramáticas da língua portuguesa sempre recomendam que as formas oblíquas tônicas dos pronomes pessoais sejam regidas de preposição. Esses pronomes são: mim, ti, ele, ela, si, você, nós, vós, eles, elas, si, vocês. Assim:

Diferentes posições de um mesmo gramático

Até aqui parece não haver problemas. Todavia, existe verdadeira confusão em relação ao uso correto (padrão) do pronome pessoal do caso oblíquo tônico "mim" e o pronome pessoal do caso reto "eu". A dificuldade aparece em frases como esta:

a) "No jantar, Lili ficou entre mim e ele, o padrinho, e, coisa incrível, deu-me mais atenção que a ele." ( apud Celso Cunha, 1975, p. 298).

As gramáticas condenariam, por exemplo, o uso de "Lili ficou entre eu e ele...", porque "entre" é uma preposição e exige, como já ressaltado, o pronome na forma oblíqua tônica "mim", e não a forma pessoal do caso reto "eu".

Existe outra confusão, quando há casos como os seguintes:

b) João fez de tudo para eu falar.

c) Não façam nada sem eu saber.

Nesses casos, temos a forma reta depois de uma preposição. Não parece estranha? Parece que os exemplos "b" e "c" contradizem o exemplo "a". Na verdade, não existe contradição, porque as gramáticas dizem que se usam as formas retas, mesmo depois de uma preposição, quando o pronome for sujeito de um verbo infinitivo que vier a seguir. Para ter certeza, façamos o teste. É como se disséssemos:

b.1) João fez de tudo para que eu falasse.
c.1) Não façam nada sem que eu saiba.

A Gramática da Língua Portuguesa, de Celso Cunha (1972, p. 296), condenava o uso de "mim" como forma oblíqua ao sujeito do verbo infinitivo. Assim prescrevia o gramático:

"Cumpre evitar-se uma incorreção muito generalizada, que consiste em dar forma oblíqua ao sujeito do verbo infinitivo. Diga-se:

  • Venham a mim.
  • Venham a nós.
  • Minha filha precisa de mim.
  • Ela só pensa em si (mesma).
  • Tudo já foi dito a vocês.
  • O meu ódio a ela crescia dia a dia.
  • Aquela não é tarefa para eu realizar.

    e não:

  • Aquela não é tarefa para mim realizar."

    Nesta ocasião, Celso Cunha condenava de viciosa tal construção, e dizia que não devíamos confundi-la com outra, segundo ele, "em tudo legítima":

  • Aquela não é tarefa para mim.

    Já, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de 1985, escrita em parceria com o filólogo e linguista português Lindley Cintra, Celso Cunha (que também era filólogo e linguista), ao tratar do mesmo assunto, o faz com uma verdadeira mudança de postura. Diríamos mais inovadora (embora Celso Cunha ainda reconheça que seja uma forma condenada por gramáticos e professores). Vejamos seu comentário a respeito do mesmo uso, outrora enfaticamente condenado:

    "Do cruzamento das duas construções perfeitamente corretas:

  • Isto não é trabalho para eu fazer

    e

  • Isto não é trabalho para mim,

    surgiu uma terceira:

  • Isto não é trabalho para mim fazer,

    em que o sujeito do verbo no infinitivo assume a forma oblíqua.

  • A construção parece ser desconhecida em Portugal, mas no Brasil ela está muito generalizada na língua familiar, apesar do sistemático combate que lhe movem os gramáticos e professores do idioma". (p. 290)

    Como se vê, o gramático ressalta que esta última forma está generalizada na língua familiar, isto é, aquela mais solta, descomprometida, usada normalmente em situações coloquiais.

    Diante disso, fiquemos mais atentos quanto ao uso formal, culto e, sobretudo, na modalidade escrita, lugares e situações em que nos é cobrado tal conhecimento.