Quem foi o zumbi dos palmares

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Zumbi dos Palmares é um importante símbolo da resistência e da cultura negra hoje no Brasil.

Essa personalidade nasceu no ano de 1655, em data desconhecida, numa comunidade localizada na então Capitania de Pernambuco, atual região de União de Palmares, em Alagoas (Serra da Barriga), e que era formada principalmente por escravos negros fugitivos das fazendas no Brasil Colonial, mas também abrigava índios e brancos pobres. Este homem nasceu livre, mas acabou sendo capturado por soldados portugueses quando tinha apenas sete anos de idade, sendo dado a um padre jesuíta chamado Antônio Melo. Recebeu o batismo e um nome: Francisco. Vivendo com esse padre, acabou aprendendo a língua portuguesa, ajudando-o na celebração das missas. Quando tinha 15 anos, decidiu fugir de onde vivia com o padre jesuíta, em Porto Calvo, e foi viver no quilombo dos Palmares. Foi após chegar a esta comunidade que resolveu abandonar seu nome de batismo, Francisco, para adotar o nome Zumbi. Esse nome tem grande significado no dialeto a quem tem origem – o dialeto da tribo imbagala de Angola: quer dizer “aquele que estava morto e reviveu”. Pelo nome escolhido, se pode perceber que o homem quis fazer uma relação com a libertação que ele alcançava tendo fugido.

É bom também esclarecer o contexto em que se situava o Brasil. Nos anos de 1630 e 1654, o Brasil, que estava sendo governado pela coroa espanhola (época da União Ibérica), foi invadido pelos holandeses na região do estado de Pernambuco. Com essa invasão, os senhores de engenho acabaram deixando a vigilância dos escravos um pouco descuidada, possibilitando uma maior fuga e foi um fator primordial da expansão e do fortalecimento dos quilombos. Os holandeses também organizaram expedições contra o Quilombo dos Palmares, mas foram rechaçados. Quando os holandeses foram expulsos do Brasil, os portugueses se voltaram novamente para o Quilombo dos Palmares e fizeram diversas expedições militares contra Palmares, que se tornou totalmente autônomo, chegando a abrigar entre 20 e 30 mil pessoas. Foi justamente nesse período de grandes invasões portuguesas contra o quilombo que Zumbi se destacou como grande guerreiro. Isso foi por volta do ano de 1675. Três anos após essa batalha sangrenta, o Capitão-mor Fernão Carrilho ofereceu um acordo de paz onde a liberdade seria dada aos que nasceram ali. Nessa época, o líder do Quilombo dos Palmares era o Ganga Zumba, que alguns pesquisadores acreditam que se tratava do tio de Zumbi. A maior parte dos quilombolas recusaram o acordo, incluindo Zumbi. O líder acabou se rendendo, mas morreu envenenado anos depois. Com essa morte, o tratado é quebrado e Zumbi, aos 25 anos, acabou se tornando o líder dos quilombolas (1680). Ele acaba se tornando grande líder pela sua habilidade como guerreiro planejando o organizando o quilombo, pela coragem e seus conhecimentos militares e a comunidade cresceu e se fortaleceu, obtendo várias vitórias contra os soldados portugueses. Muitos acreditavam que o mesmo possuía o corpo fechado e que não podia morrer.

Em 1694, o bandeirante Domingos Jorge Velho, famoso pela sua truculência e ganância, com o apoio da Coroa portuguesa, invade o Quilombo dos Palmares. Após ser destruído, Zumbi fugiu, mas acabou sendo traído e entregue às tropas, sendo degolado em 20 de novembro, data do Dia da Consciência Negra, símbolo da resistência negra. Ele é, para muitos, um grande símbolo da resistência negra contra o sistema escravagista.

Referências Bibliográficas:

ARAÚJO, Renato. Zumbi dos Palmares: Apostila para os Educadores da Expo. “Zumbi: a guerra do povo negro”. SESC – Vila Mariana, Nov. 2015.

ARAÚJO, Ubiratan Castro de. Artigos Institucionais: Valeu Zumbi. Fundação Cultural Palmares, 2006. Link: http://www.palmares.gov.br/?page_id=7730 Acesso em 27 de julho de 2017.

JUNIOR, Henrique Antunes Cunha. Quilombo: Patrimônio Histórico e Cultural. Revista Espaço Acadêmico, ano XI, n° 129, Fevereiro de 2012.

SANTANA, Karla Cristina Eiterer Santana. Por Trás das Paliçadas de Palmares: uma reescritura da história de Zumbi por Leda Maria de Albuquerque Noronha. Darandina Revisteletrônica - http://www.ufjf.br/darandina/. Anais do Simpósio Internacional Literatura, Crítica, Cultura VI – Disciplina, Cânone: Continuidades & Rupturas, realizado entre 28 e 31 de maio de 2012 pelo PPG Letras: Estudos Literários, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/biografias/zumbi-dos-palmares/

Zumbi dos Palmares é conhecido como um dos líderes do Quilombo dos Palmares, ocupando essa função de 1678 a 1695. Acredita-se que sua ascensão como líder tenha relação com um desentendimento com Ganga Zumba. Zumbi liderou a resistência final dos palmaristas e acabou sendo morto, em 1695, por uma expedição de bandeirantes.

Leia mais: Diferenças entre escravidão indígena e escravidão africana

Quilombo dos Palmares

O Quilombo dos Palmares está diretamente ligado à trajetória de vida de Zumbi, afinal, ele foi um dos líderes desse que foi o maior quilombo da história do Brasil. Palmares surgiu no final do século XVI, e o registro mais antigo que o menciona remonta ao ano de 1597.

Seu nome deve-se à grande quantidade de palmeira-pindoba que havia na região da Serra da Barriga, onde ficava. Atualmente, a localização de Palmares corresponde ao estado de Alagoas, mas, na época, era parte da capitania de Pernambuco. A escolha do local foi estratégica porque era uma região de mata fechada e montanhosa, dando uma proteção natural ao quilombo.

Sabemos que o Quilombo dos Palmares era formado por 18 mocambos, isto é, pequenas aldeias que reuniam os escravizados fugidos. Entre os mocambos que formavam Palmares, podemos citar Acotirene, Osenga e Aqualtune. O maior mocambo era o Cerca Real do Macaco, também conhecido como Mocambo Macaco.

Ao todo, o Quilombo dos Palmares chegou a reunir 20 mil habitantes, sendo que seis mil deles viviam no Mocambo Macaco. Acredita-se que os primeiros escravizados que se instalaram na região da Serra da Barriga tenham fugido de engenhos de Pernambuco. Isso porque essa capitania concentrava grande parte dos engenhos do Brasil, e, segundo o historiador Flávio Gomes, em Pernambuco, havia, no final do século XVI, 66 engenhos que reuniam cerca de dois mil escravizados africanos|1|.

Palmares atraía uma grande quantidade de cativos que executavam fugas em massa dos engenhos pernambucanos. Seu crescimento logo mobilizou as autoridades coloniais, e, já no começo do século XVII, elas haviam recrutado forças para destruirem-no. Ao longo da existência de Palmares, tanto portugueses quanto holandeses enviaram expedições para sua extinção.

Os conflitos entre holandeses e portuguesesem Pernambuco, a partir da década de 1630, contribuíram para enfraquecer os poderes locais. Os problemas administrativos surgidos desses conflitos contribuíram para que as fugas de escravizados aumentassem, o que fortaleceu Palmares.

O poderio de Palmares só começou a ser efetivamente reduzido quando os portugueses expulsaram os holandeses do Nordeste. Durante as décadas de 1670 e 1680, inúmeras expedições foram organizadas contra o quilombo, e, pouco a pouco, o poder palmarino foi enfraquecendo-se.

A última expedição contra Palmares foi organizada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, na década de 1690. Em 1694, ele liderou a destruição do Mocambo Macaco, fazendo com que os palmaristas precisassem fugir. Tropas de bandeirantes permaneceram na Serra da Barriga até o ano de 1725, para evitar que os sobreviventes de Palmares organizassem um novo quilombo. Caso queira saber mais sobre esse lugar tão importante para a história negra brasileira, leia: Quilombo dos Palmares.

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O que sabemos sobre Zumbi dos Palmares?

Quem foi o zumbi dos palmares
Zumbi foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares e ocupou essa função por quase 20 anos.[1]

As informações sobre Zumbi dos Palmares são escassas, e muitos historiadores apontam que é impossível reconstituir a vida desse líder. A dificuldade dá-se, principalmente, pela carência de fontes, sendo que as disponíveis são registros de autoridades coloniais. O que sabemos de fato é que Zumbi foi líder de Palmares de 1678 a 1695

Uma das biografias mais conhecidas sobre Zumbi foi escrita por Décio Freitas, um historiador que afirmou que o líder palmerino nasceu em Palmares, no ano de 1655. Em um dos muitos ataques feitos pelas autoridades coloniais contra Palmares, Zumbi teria sido capturado e depois entregue para um padre que lhe deu uma educação cristã.

Ainda de acordo com essa versão, Zumbi teria trabalhado para esse padre e aprendido português e latim. Entretanto, durante a sua adolescência, teria fugido e retornado para Palmares. No quilombo, ele teria se tornado um importante chefe militar, líder da resistência contra os portugueses e, eventualmente, chefe do quilombo, após desentendimentos com Ganga Zumba.

Entretanto, parte dessa versão tem sido questionada por muitos historiadores, uma vez que Freitas utilizou-se de fontes a que nenhum outro historiador teve acesso. A falta de fontes históricas torna a reconstituição da vida de Zumbi muito complicada, e existem dúvidas, por exemplo, se ele possuía esposa e filhos.

Fala-se também sobre a possibilidade de o termo Zumbi não se referir ao nome do indivíduo em questão, mas sim ao título que ele possuía no quilombo. Sendo assim, alguns historiadores sustentam que esse indivíduo que liderou Palmares existiu, mas que o termo Zumbi provavelmente fazia menção ao título que ele possuía. O historiador Felipe Aguiar Damasceno aponta que os holandeses, já na década de 1640, referiam-se a uma autoridade palmarina como Dambij, nome que se assemelha a Zumbi.

Uma consenso entre os historiadores é o fato de que Zumbi tornou-se líder de Palmares a partir de 1678. Isso aconteceu, provavelmente, depois que ele se desentendeu com Ganga Zumba, o então líder. Muitos falam que Zumbi era sobrinho de Ganga Zumba e que o desentendimento em questão aconteceu por causa de um acordo de paz que os portugueses teriam oferecido.

O acordo oferecido a Ganga Zumba teria incluído a proposta de que os palmaristas poderiam viver em paz desde que aceitassem algumas condições. Essas condições seriam|3|:

  • Reconhecimento da liberdade seria dado somente aos nascidos em Palmares;

  • Garantia de que os portugueses poderiam continuar comercializando com produtores locais;

  • Palmaristas abandonariam a Serra da Barriga e iriam para uma região indicada pela Coroa;

  • Palmares não poderia mais aceitar escravos fugidos;

  • Palmaristas passariam à condição de vassalos do rei português.

Esse acordo de paz rachou Palmeiras, uma vez que muitos consideravam os termos inadmissíveis. Muitos dos palmaristas eram escravizados fugidos, e esses seriam obrigados a retornar para a escravidão. Além disso, a possibilidade de não poder mais receber escravizados fugidos como parte da comunidade não agradava.

Ganga Zumba e outros palmaristas mudaram-se para a região de Cucaú, escolhida pelos portugueses. Zumbi e outros permaneceram na Serra da Barriga. A divergência pelos termos teria sido então o fator crucial para que Ganga Zumba e Zumbi rompessem entre si.

Flávio Gomes também sugere que fazendeiros e engenheiros em Pernambuco teriam desrespeitado os termos do acordo, o que contribuiu para que muitos palmaristas não o aceitassem. O desentendimento levou ao trágico fim de Ganga Zumba, assassinado por envenenamento. Não se sabe se Zumbi esteve envolvido no assassinato do antigo líder.

De 1678 a 1695, Zumbi liderou o quilombo, rechaçando possibilidades de acordo de paz com os portugueses e derrotando inúmeras expedições que foram enviadas para lá.

Acesse também: Revolta dos Malês – a história da maior revolta de escravos do Brasil

Morte de Zumbi

Os ataques contra Palmares tornaram-se recorrentes a partir da década de 1680, e, apesar da resistência duradoura, os palmaristas foram perdendo sua força. A cada ataque, mais deles eram capturados e enviados para serem escravizados novamente, e sua capacidade de organização ia diminuindo-se com a grande presença de portugueses na região.

A partir de 1692, Palmares começou a ser assediado pela expedição do bandeirante Domingos Jorge Velho. O bandeirante paulista esteve à frente de milhares de homens e armado com canhões. O Mocambo Macaco foi atacado em 1694, e seus habitantes foram obrigados a abandoná-lo. Muitos quilombolas morreram durante a fuga, e cerca de 500 foram presos. Zumbi fugiu.

Os ataques continuaram, uma vez que outros mocambos foram destruídos no mesmo ano, e a caçada a Zumbi acirrou-se. Zumbi escondeu-se na serra dos Dois Irmãos e conseguiu resistir até novembro de 1695, quando a expedição de André Furtado de Mendonça emboscou-o e assassinou-o, em 20 de novembro.

Notas

|1| GOMES, Flávio. Palmares: escravidão e liberdade no Atlântico Sul. São Paulo: Contexto, 2019. p. 43.

|2| DAMASCENO, Felipe Aguiar. A ocupação das terras dos Palmares de Pernambuco (séculos XVII e XVIII). Tese (Doutorado em História Social). Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2015. p. 57.

|3| GOMES, Flávio. Palmares: escravidão e liberdade no Atlântico Sul. São Paulo: Contexto, 2019. p. 131.

Crédito da imagem

[1] Cassiohabib e Shutterstock

Quem foi o Zumbi dos Palmares resposta?

Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas.

Qual era o motivo da luta de Zumbi?

Lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Apesar disso, este líder também ficou conhecido pela severidade despótica com que conduzia Palmares, onde, inclusive, havia um tipo mais brando de escravidão.

Por que Zumbi dos Palmares foi decapitado?

Zumbi dos Palmares é capturado no dia 20 de novembro de 1695, depois de ter sido traído por um prisioneiro que trocou sua vida pela do líder, foi decapitado e sua cabeça levada para o Recife, que por ordem do governador foi colocada em exposição pública.

Qual é o nome verdadeiro do Zumbi dos Palmares?

Zumbi dos Palmares.