Existem duas condições bem específicas que permitem o divórcio na Bíblia. Elas foram estipuladas pelo Senhor Jesus e pelo apóstolo Paulo, respectivamente: Show
Imoralidade sexual
Abandono pelo cônjuge incrédulo
Essas duas situações são aceitas hoje pela maioria dos teólogos evangélicos. Esses dois motivos são chamados "cláusulas de exceções". Além dessas duas exceções, a morte do cônjuge também encerra o vínculo do casamento. Nesse caso, o cônjuge que sobrevive tem permissão para casar novamente, mas apenas no Senhor: I Coríntios 7:39; Romanos 7:3 Analisaremos aqui essas duas cláusulas de exceções, que permitem o divórcio: 1ª exceção:No caso de infidelidade conjugalO ensino de Jesus sobre o divórcio no Novo Testamento, pode ser encontrado nos três evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas). Além do texto mencionado acima (Mateus 5:31-32), esse tema é tratado nos seguintes textos: Mateus 19:3-9; Marcos 10:2-12; Lucas 16:18. No entanto, somente o evangelho de Mateus apresenta uma "exceção" para o divórcio. O divórcio na época de JesusNa época de Jesus, o divórcio e o novo casamento eram amplamente aceitos e praticados. Os judeus tomavam como base o texto de Deuteronômio 24:1-4 como uma referência para legitimar o divórcio. O versículo um desse texto apresenta um critério para o divórcio:
A expressão "algo que ele reprova", traduzido em outras versões como "coisa indecente" ou "vergonhosa", gerou muita confusão entre os judeus. Coisa indecente em Deuteronômio 24:1O que significa "coisa indecente", exatamente? Duas escolas de interpretação bíblica judaica predominavam na época de Jesus:
Os fariseus eram mais rigorosos na interpretação da Lei. No entanto, a interpretação mais aceita naquela época, era a posição liberal de Hillel. O confronto de Jesus com os fariseus sobre o divórcioQuando os fariseus confrontam Jesus a respeito do divórcio, eles querem saber se Jesus segue a interpretação defendida por Hillel ou a posição um pouco mais restrita de Shammai.
Seguindo, então, o padrão estabelecido em Malaquias 2.16, que afirma que Deus odeia o divórcio, Jesus reafirma a indissolubilidade do casamento citando Gênesis 1:27 e 2:24.
O ensino de Jesus enfatizava que o casamento era uma união permanente entre um homem e uma mulher. Entretanto, eles insistem no questionamento citando o texto de Deuteronômio 24:1.
Jesus esclarece que Moisés permitiu o divórcio devido à dureza de coração do ser humano.
Ele deixa claro que a única razão pela qual um casal pode se separar, é a imoralidade sexual por parte de um dos cônjuges.
O significado de imoralidade sexualA palavra "imoralidade sexual" no grego, língua que foi escrito o Novo Testamento, é "porneia". Essa palavra deu origem a várias palavras na língua portuguesa, incluindo a palavra "pornografia". "Porneia" é um termo genérico que se refere a todo tipo de prática sexual ilícita. Inclui adultério, fornicação, prostituição, incesto, homossexualismo e bestialismo. Quando um dos cônjuges se envolve em qualquer forma de imoralidade sexual, ele rompe uma aliança feita diante de Deus de ser "uma só carne" com o seu companheiro(a). Jesus afirma que somente isso possibilita o divórcio e o rompimento do casamento. Mesmo estabelecendo uma "exceção" para o divórcio, a posição de Jesus era muito mais rigorosa que a escola de Shammai ou de Hillel. Perdão e restauraçãoO propósito sempre deve ser o perdão e a restauração. Muitos casais que sofrem com a imoralidade no casamento, acabam conseguindo perdoar e restaurar o relacionamento. Quando isso acontece, frequentemente, a relação do casal se torna mais madura e consistente, do que era antes. No entanto, existem casos onde o perdão acontece, mas a restauração não necessariamente. Por isso, Jesus permite essa "cláusula de exceção". 2ª exceção:No caso de abandono por parte do descrenteA segunda exceção, onde a Bíblia menciona outra permissão para o divórcio, foi estabelecida pelo apóstolo Paulo. Ao orientar a igreja em Corinto sobre o casamento, o Apóstolo abre uma nova possibilidade ao divórcio. Observemos o texto:
Naquela época, quando uma pessoa casada se convertia a Cristo, era comum o cônjuge não crente abandonar o casamento por causa dessa decisão. O apóstolo Paulo, então, afirma que quando isso acontece, o crente tem a possibilidade de confirmar ou legalizar o divórcio. No entanto, o crente não deve criar conflitos no casamento com o não crente, e nem buscar a separação. A iniciativa da separação não deve acontecer por parte do crente. Observemos o que Paulo diz nos versículos anteriores:
O crente deve permanecer casado com seu cônjuge, mesmo que ele (ou ela) não seja crente. Se o não crente concorda em viver com ele, o crente não deve buscar a separação. Entretanto, quando o não crente decide que não quer mais permanecer casado e vai embora, o crente "não fica sujeito a servidão" de um relacionamento que não existe mais. Somente quando o não crente decide que não quer mais continuar no relacionamento, é que o crente está livre para assumir o divórcio. O novo casamento, é permitido para quem se divorcia?O tema do novo casamento para o divorciado pode, às vezes, ser mais polêmico do que o próprio divórcio. A Bíblia não aborda com clareza se o novo casamento é possível para quem se divorcia. Isso porque tanto Jesus, quanto Paulo, quando tratam do assunto, não defendem a legalização, mas combatem a banalização do divórcio. A Bíblia, quando aborda o assunto enfatiza a importância do casamento e não a possibilidade do divórcio. Por isso, essas duas menções sobre a possibilidade do divórcio, são chamadas "cláusulas de exceção". Considerando essas duas cláusulas de exceções como aceitas e corretas, geralmente as igrejas adotam uma das seguintes posições quanto ao novo casamento para um crente divorciado:
Realidade atualAssim como na época de Jesus, hoje o casamento também é tratado com banalidade. As pessoas buscam a separação por qualquer motivo. A Palavra de Deus nos diz que o casamento foi estabelecido por Deus antes do ser humano pecar. Por isso, é uma aliança divina entre um homem e uma mulher que deve durar por toda a vida. Incompatibilidade, crises financeiras, falta de atenção, interferência dos sogros, falta de comunicação, entre outras, não são razões bíblicas para o divórcio. No caso de haver agressões físicas ou abuso, deve-se buscar uma ajuda antes de recorrer ao divórcio. Para poder resolver o problema, às vezes, é necessária uma intervenção espiritual, emocional, social e até jurídica. A integridade física e pessoal de todos deve ser preservada. Em alguns casos pode haver a necessidade de uma separação temporária para tratar a questão. Entretanto, conforme o ensino bíblico, o divórcio deve ser a última opção. Referências BibliográficasBÍBLIA DE ESTUDO NOVA ALMEIDA ATUALIZADA, Barueri, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2018. KÕSCENBERGER, Andreas. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. Tradução de Susana Klassen. 2ª edição. São Paulo: Vida Nova, 2015. VILLEGAS, Gino Iafrancesco. Os Quatro Regimes de Divórcio na Bíblia. Artigo. Americana, São Paulo: Revista Impacto, edição 55, 2011. O que a Bíblia fala sobre divorciar e casar novamente?Jesus mostra que a aliança matrimonial pode ser quebrada pela infidelidade e que, neste caso, o divórcio é autorizado, mas não obrigatório. Além disso, no caso de divórcios válidos, o novo casamento é autorizado. Palavras-chaves: Divórcio e novo casamento (NT). Mateus 5.31,32.
Quando uma pessoa se divorcia ela pode casar de novo?Dessa forma, precisamos esclarecer que não é preciso esperar prazo algum para se casar no civil após o divórcio. Ou seja, a partir do momento em que o juiz sentencia ou tabelião lavrar a escritura, a pessoa se torna divorciada e já pode formalizar a nova união.
Quando é que a Bíblia permite o divórcio?O divórcio é permitido em caso de adultério, abandono inevitável e morte do cônjuge.
O que Jesus falou sobre o divórcio?Aos discípulos, Jesus diz o seguinte: «quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério em relação a ela; e se ela, tendo-se divorciado do marido, casar com outro, comete adultério» (Marcos 10:11-12).
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