Como foi a evolução da ética?

Foram os gregos que definiram o que seria ética. Associaram o conceito à idéia de moral e também a cidadania. O bom cidadão seria, de acordo com as idéias de Platão e Aristóteles, o ser humano ético por excelência. Foram influenciados pelo contexto no qual viviam, marcado pela ascensão e estruturação das pólis gregas. Suas cidades-estado mantinham-se à custa de um tênue equilíbrio que tinha que contar com o máximo de prestatividade, lealdade e harmonia entre os cidadãos para evitar que estrangeiros e escravos desestabilizassem a ordem ali reinante. Apesar de terem estabelecido princípios tão nobres, mantinham-se a partir de um sistema de trabalho escravista...

O que então seria a ética?

De acordo com o dicionário Houaiss, ética é a “parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo especialmente a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social”.

Ética teria, portanto, uma relação direta com os conceitos de bem e mal, justo e injusto, correto e incorreto no que tange ao comportamento humano. Ao nos posicionarmos eticamente estamos nos colocando quanto aos nossos valores pessoais, adquiridos a partir das influências que recebemos do contexto em que vivemos. Lembrando que quando nos referimos a contexto estamos evidenciando aspectos como o tempo, o espaço, as pessoas, a cultura e outros referenciais que orientam nossos passos.

A ética, portanto, não nasce conosco, não está em nosso código genético. Ela surge a partir do intenso e constante intercâmbio que desenvolvemos com o mundo desde o momento em que surgimos na Terra, ainda no ventre materno, e que se torna mais e mais relevante a partir de nossas experiências no mundo material e sensorial.

Associamos a conduta ética ao bem, ao justo e a correção comportamental. Por esse motivo os gregos trabalharam tal conceito muito proximamente a ideia de virtude e cidadania. Pensavam também, como nos relata Aristóteles em alguns de seus escritos, que para atingirmos o comportamento moral deveríamos evitar os extremos, tanto os excessos quanto as faltas. O ideal seria que procurássemos o equilíbrio, a harmonia, o meio-termo.

Fomos também muito influenciados quanto a essa questão pela religião. No mundo ocidental, fortemente atrelado aos valores cristãos desde a Idade Média, passou a prevalecer à idéia de que a virtude estaria na devoção a Deus. Em termos do mundo em que vivemos isso se traduziria na idéia de amor ao próximo. Não o amor compreendido enquanto sentimento propriamente dito, mas através de atitudes de respeito, consideração e fraternidade em relação a nossos “irmãos” (iguais).

Há uma retomada de conceitos relacionados à Grécia, especialmente a ideia de que a ética reside no comportamento exemplar do bom cidadão, com o advento do Iluminismo e das revoluções burguesas. No entanto essa nova ética molda-se conforme os valores da nova classe dominante e estipula como elementos praticamente sagrados os direitos à vida, à liberdade, à individualidade e à propriedade...

É também em virtude da ascensão da burguesia no contexto mundial que surge a necessidade de se estabelecer normas, contratos, regras de convívio e bases éticas que orientem a ação de indústrias, estabelecimentos comerciais, firmas prestadoras de serviços e profissionais liberais em seus empreendimentos e ações junto a sociedade.

E o que seria Ética Empresarial se pudéssemos definir esse termo?

Simplificando o conceito poderíamos dizer que ética empresarial refere-se a padrões e princípios que orientam o comportamento e as relações no universo das empresas e de seus negócios. Indo um pouco além, cabe esclarecer que o certo ou o errado, o justo ou o injusto, o bem ou o mal no contexto empresarial são avaliados pelos clientes, investidores, parceiros, fornecedores, funcionários e pelo sistema jurídico ao qual estão atreladas as empresas.

A evolução histórica do conceito e da prática ética por parte das empresas é extremamente recente, tendo se estabelecido principalmente durante o século XX. Dentro desse período, as maiores mudanças foram acontecendo especialmente a partir dos anos 1950.

Até a década de 1950 alguns acontecimentos como o estabelecimento de leis trabalhistas em vários países (inclusive o Brasil), com a observância dos direitos elementares dos trabalhadores (salário mínimo, férias, descanso semanal remunerado, alimentação, saúde,...) e lutas em prol dos direitos civis e um tímido início de atividades em prol da defesa do meio-ambiente podem ser considerados os grandes avanços.

A década de 1960, influenciada pela moralidade religiosa (de distintas origens), pregava a moralidade nos negócios, a ampliação e respeito aos direitos dos trabalhadores, os valores humanistas e a luta contra a pobreza. A presença da religião na ética não apenas influenciou o mundo empresarial, também se fez presente nas questões da política, da vida familiar e das questões pessoais inerentes a cada indivíduo.

É também nos anos 1960 que surge, nos Estados Unidos, ainda durante a administração de John Kennedy, a Consumer’s Bill of Rights, ou o equivalente ao Código do Consumidor, criado no Brasil já na década de 1990. No final da década de 1960 o governo norte-americano assume compromissos quanto à necessidade de prover ao cidadão de seu país certo grau de estabilidade econômica. Nesse sentido aumenta a fiscalização e o rigor de seu controle sobre as empresas visando evitar atividades consideradas ilícitas e antiéticas.

A década de 1970 presenciou o crescimento do interesse público na ética empresarial. Esforços acadêmicos surgem no intuito de melhor definir esse fenômeno. Filósofos, sociólogos e estudiosos de outras áreas iniciaram estudos que visavam relacionar a teoria ética ao campo empresarial. Durante esse período questões importantes ganharam destaque como a segurança de produtos, a preservação do meio ambiente, subornos, cartéis ou a publicidade enganosa, alertando o grande público da necessidade de se cobrar das empresas um comportamento mais correto e justo em relação à sociedade.

As grandes empresas aderem aos conceitos e à necessidade de plenamente vivenciar a ética empresarial a partir dos anos 1980. São auxiliadas pelo surgimento de cursos que procuram apresentar, debater e fomentar discussões que renovem o conceito e promovam sua aplicação no mundo real. O cerco da sociedade, do mundo acadêmico e do governo dos Estados Unidos fez com que muitas empresas norte-americanas tentassem maior autonomia em suas decisões e encaminhamentos. Como isso não foi possível em seu próprio país passaram a atuar em economias subdesenvolvidas ou emergentes, onde a organização quanto à ética empresarial e, consequentemente, as pressões, eram menores.

Ética empresarial passou a ser associada ao conceito de Responsabilidade Social. São termos afins no que tange a seus objetivos e finalidades, mas constituem conceitos diferentes já que a Responsabilidade Social refere-se às obrigações assumidas pelas empresas junto à sociedade com o intuito de socializar os efeitos positivos de sua atuação (e minimizar ações negativas) juntamente a comunidade que a acolheu e, numa visão mais ampla, estender essa atuação relativamente à própria humanidade.

Muitas pessoas acreditam que quando falamos em responsabilidade social nos referimos tão somente as ações éticas e filantrópicas, porém o âmbito desses compromissos é maior, pois atinge também os compromissos legais e econômicos dessas instituições. O advento dos anos 1990 e do século XXI têm cobrado mais responsabilidade social das empresas e, consequentemente, o aprimoramento e a defesa sistemática da ética empresarial.

Obs. Esse conteúdo foi originalmente publicado no Planeta Educação, em 2007, e está disponível no acervo dessa plataforma.

Por João Luís de Almeida Machado

Qual a evolução da ética?

A reflexão ética se inicia na Grécia antiga, quando os filósofos buscam compreender o fundamento da conduta humana. Enquanto para a maioria dos filósofos os princípios morais resultam de convenções sociais, Sócrates defende a moral constituída na própria natureza humana.

Como a ética se desenvolveu historicamente?

A ética foi sistematizada pela primeira vez pelo filósofo grego antigo Aristóteles, que formulou uma teoria ética baseada em uma espécie de guia moral das ações que visava sempre, na visão do filósofo, o alcance da felicidade.

Como o conceito de ética evoluiu ao longo do tempo?

Resposta verificada por especialistas. O conceito da ética evoluiu ao longo do tempo com base nas mudanças sociais, fazendo com que a ética fosse sendo passada de gerações em gerações com modificações.

Como foi desenvolvido a ética na antiguidade?

Pregavam uma vida simples, em busca da felicidade ,para isso desapegavam-se dos bens materiais, prazeres, comodidades e convenções sociais. O fim último do ser humano consiste em promover sua essência racional. É agir corretamente, praticando o meio-termo entre o excesso e a falta.