O que foi o DIP e qual foi o seu papel na construção da imagem de Vargas como um mito político?

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A Era Vargas foi um momento de definição e construção da cultura nacional. O empenho do governo federal em decidir o que entrava no rol da cultura e o que seria deixado de fora é sentido em várias esferas. Esse período é marcado por diversas ações que visavam a construção do nacionalismo, do “espírito” brasileiro, ou seja mantinham empenho em definir o que era ser brasileiro, e o que era o Brasil.

Nessa jornada de construção alguns ideais amparavam as escolhas. A principal foi a crença na miscigenação, e no paraíso racial. Ou seja, os brasileiros eram fruto da miscigenação, e não havia no Brasil disputas sociais baseadas na cor. A escolha do Samba como figura da cultura popular brasileira, sua exportação como produto nacional foi a principal forma de demonstração dessa cultura miscigenatória. O samba até o momento da década de 30 era reprimido e os sambistas considerados marginais. Uma incoerência, porém é notada. O Samba tanto quanto as religiões de matrizes africanas, são frutos da mesma reconstrução brasileira das culturas africanas, no entanto foram encaradas de maneiras diferentes pelo Governo de Vargas. Enquanto o Samba foi escolhido como Cultura brasileira, as religiões afro-brasileiras tiveram que encarar a intensificação da repressão às suas crenças como crime.

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) surge em 1939 como uma reorganização de órgãos que já existiam desde 1931. A primeira forma foi o DOP (Departamento Oficial de Propaganda), depois em 1934 é substituído pelo DPDC (Departamento de Propaganda e Difusão Cultural), quando então já no contexto do Estado Novo é substituído pelo DIP.

O DIP tinha como principal objetivo disseminar as ideias do Governo ditatorial de Vargas iniciado em 1937 com o Estado Novo. Para efetiva propagação dos ideais nacionalistas o DIP detinha o controle de várias centrais de divulgação, controlando e censurando os conteúdos nos meios da radiodifusão, do teatro, do turismo, da imprensa e do cinema.

As DEIPS eram as filiais ramificadas nos Estados, assim mantinha-se o monopólio nacional das divulgações e do controle da cultura nacional.

O governo de Vargas tinha no DIP seu principal aliado para a construção da imagem do presidente para o povo. O governo que se inicia de maneira autoritária mediante um golpe sobre Júlio Prestes (presidente eleito no pleito de 1930), e se mantém no governo implantando uma ditadura em 1937, precisava formar sua imagem junto à população.

Uma das principais ações do DIP, ainda até os dias de hoje existe. O rádio era a grande ferramenta de comunicação daquele momento e era por ele que as notícias e informações eram veiculadas de maneira mais ampla. Nesse cenário o DIP cria a “Hora do Brasil”, um programa de rádio de amplitude nacional, responsável por informar sobre o país e realizar a propaganda do Estado Novo. Até hoje a “Hora do Brasil” ainda é veiculada nas rádios de todo o Brasil, durante uma hora nos dias uteis (na faixa das 19 às 20 horas.).

Pelo DIP passavam todo conteúdo midiático que seria reproduzido em território nacional. Fossem em material impresso (jornais, livros), fossem em espetáculos (musicais, peças de teatro, cinema), ou músicas. Tudo passava pelo crivo da censura, e qualquer forma notada de crítica ao governo de Vargas era censurada. Portanto esse órgão foi um grande entrave aos artistas que se viam podados pelas garras da ditadura varguista.

Referências bibliográficas:

FGV CPDOC. DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/DIP>.

SIQUEIRA. Magno Bissoli. Samba e Identidade Nacional: Das Origens a Era Vargas. São Paulo: UNESP, 2012.
SOUZA, Ronilson de Oliveira. OLIVEIRA VIANA E AS QUESTÕES DA MISCIGENAÇÃO NO BRASIL - a desconstrução dos discursos e ideias que negavam a contribuição do negro e indígena em nosso país. Maranhão: VI Jornada de Políticas Públicas. 2013.

VIANA, Oliveira. Evolução do Povo Brasileiro. 4º ed. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro, 1956.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/era-vargas/departamento-de-imprensa-e-propaganda-dip/

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi um órgão criado no Brasil em dezembro de 1939, por decreto do presidente Getúlio Vargas.[1][2] O DIP serviu como instrumento de censura e propaganda do governo durante o Estado Novo.

Objetivos e Abrangências[editar | editar código-fonte]

Seus principais objetivos eram:[3]

  • centralizar e coordenar a propaganda nacional, interna e externa, e servir como elemento auxiliar de informação dos ministérios e entidades públicas e privadas;
  • organizar os serviços de turismo, interno e externo;
  • fazer a censura do teatro, do cinema, das funções recreativas e esportivas, da radiodifusão, da literatura social e política e da imprensa;
  • estimular a produção de filmes educativos nacionais e classificá-los para a concessão de prêmios e favores;
  • colaborar com a imprensa estrangeira para evitar a divulgação de informações nocivas ao país;
  • promover, organizar e patrocinar manifestações cívicas e festas populares com intuito patriótico, educativo ou de propaganda turística, assim como exposições demonstrativas das atividades do governo;
  • organizar e dirigir o programa de radiodifusão oficial do governo brasileiro.

Criado em 1938, e que se havia originado do "Departamento de Propaganda e Difusão Cultural" (DPDC); este último, em 1934, havia substituído ao Departamento Oficial de Propaganda (DOP), cuja estrutura obsoleta obrigara ao governo a ampliar sua abrangência. A criação, o objetivo e a história de todos esses departamentos se confundem com o Estado Novo. O DOP e seu sucessor DPDC existiam desde 1931, mas tinham grandes limitações, eram antiquados e lentos, subordinados diretamente ao Gabinete do Presidente da República. O novo departamento, o DIP, era dirigido pelo jornalista e intelectual Lourival Fontes que já era diretor do DNP.

A abrangência do DIP era infinitamente maior do que a do antigo DOP. Seu poder de penetração na sociedade também. A mudança de nome e funções, com a centralização da informação, o controle e a função de censor de todas as manifestações culturais do Brasil, davam-lhe bem mais abrangência.

Com o fim do Estado Novo, o DIP foi extinto pelo decreto-lei n° 7 582, em 25 de maio de 1945, quando foi substituído pelo Departamento Nacional de Informações (DNI), subordinado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.[4] O DNI teria, porém, curta existência, sendo extinto logo no ano seguinte.[5][6]

História[editar | editar código-fonte]

O Estado Novo[editar | editar código-fonte]

O que foi o DIP e qual foi o seu papel na construção da imagem de Vargas como um mito político?

Antônio José Coelho dos Reis, diretor-geral do Departamento de Imprensa e Propaganda, em 1942.

Getúlio Vargas, quando o golpe de estado feito pelo mesmo acabou originando o Estado Novo,ele tornou-se presidente do Brasil sem sequer fazer parte de um partido político. O DIP foi criado para controlar, centralizar, orientar e coordenar a propaganda oficial, que se fazia em torno de sua figura. Abrangia a imprensa, a literatura, o teatro, o cinema, o esporte, a recreação, a radiodifusão e quaisquer outras manifestações culturais. Os meios de comunicação oficial associavam a figura do presidente a feitos que eram de interesse de grande parte da população: os trabalhadores. As práticas do Governo Vargas, da mesma forma, traziam benefícios para estas pessoas. A Legislação Trabalhista e a crescente organização do mercado de trabalho acabaram com regimes de exploração laboral no Brasil. As cargas horárias de trabalho, que antes de seu governo eram comumente de 14, 16 horas diárias, passaram a ser de 48 horas semanais. Foram instituídas as férias remuneradas. Tais medidas, com efeito, têm caráter semelhante a feitos do Estado de Bem-Estar Social, desenvolvido em décadas subsequentes na Europa.

Mas, além de executar funções de vigilância e controle ideológico dos brasileiros, o DIP era também um instrumento de aproximação, através da propaganda oficial, entre o presidente e os trabalhadores, que foram grandemente beneficiados durante a era Vargas, com a obtenção de direitos e garantias.

Dispositivos ideológicos[editar | editar código-fonte]

Foi inspirado em modelos de outras ditaduras mundiais da década de 1930,[carece de fontes] cujo primeiro papel era fazer propaganda e promover o culto à personalidade do ditador, através do caudilhismo, impondo e fabricando notícias para alcançar os formadores de opinião, mais preparados intelectualmente, mas não menos suscetíveis a esses métodos de propaganda recém aplicados mundialmente.

O decreto-lei de 8 de março de 1940 uniformizou o ensino e instituiu a obrigatoriedade da disciplina Educação Moral e Cívica nas escolas. Além disso, os alunos passaram a ter que participar de paradas, desfiles e manifestações diversas de patriotismo, em datas comemorativas como Dia da Independência, Dia da Juventude, Dia do Trabalho, Dia da Raça, Dia do Soldado e Dia da Bandeira, dentre outros.[7][8] Nessas manifestações, a efígie de Vargas também se tornou obrigatória, fazendo-o onipresente.

O DIP funcionava como instrumento na estratégia de legitimação de um novo projeto identitário nacional, empreendido pelo governo Vargas. Era um órgão de difusão cultural alinhado com os princípios do governo. Segundo Schwartzman,[9] para que este projeto fosse bem sucedido, seria indispensável "a adoção de símbolos a serem cultuados, mitos a serem exaltados e proclamados, rituais a serem cumpridos". A educação escolar era vista como elemento fundamental no processo de afirmação da nacionalidade. A Reforma Capanema, de 1942, restabeleceu a História do Brasil como disciplina autônoma, mas tendo como objetivo fundamental a formação moral e patriótica, como escreve Jonathas Serrano, um de colaboradores do governo:

Na terceira e na quarta série do curso ginasial o estudo da História do Brasil visa precipuamente à formação da consciência patriótica, através dos episódios mais importantes e dos exemplos mais significativos dos principais cultos do passado nacional. Assim como nas aulas de História Geral, serão postas em relevo as qualidades dignas de admiração, a dedicação aos grandes ideais e a noção de responsabilidade.[7]

Os livros de História do Brasil também deixariam de falar de conflitos regionais, projetando a ideia de um país unido, enaltecendo os heróis da pátria.[carece de fontes] Os livros escolares de literatura também enalteciam a pátria.[carece de fontes]

O DIP criou também cartilhas para serem distribuídas às crianças nas escolas e para a imprensa. Produziu também documentários para exibição obrigatória, antes dos filmes programados pelos cinemas. Além disso, a Agência Nacional, subordinada ao DIP, transmitia diariamente, exceto aos sábados e domingos , sempre às 19 horas, o programa radiofônico "Hora do Brasil", retransmitido simultaneamente por todas as emissoras do país.

O DIP tornou obrigatória a presença da foto oficial de Getúlio em lugar de destaque em todos os estabelecimentos comerciais do país (padarias, boticas, armazéns, etc), divulgando e impondo a figura do ditador em todas as instâncias da vida política e social do Brasil, numa reprodução dos métodos implantados na Alemanha nazista por Joseph Goebbels, mentor de Filinto Muller,[10] chefe de polícia do Distrito Federal e notório torturador.

Cultura Política era a revista oficial mensal de estudos brasileiros , diretamente vinculada ao DIP. Dirigida por Almir de Andrade, tinha como propostas principais a promoção da nova concepção de cultura, além de apresentar explicações sobre os rumos das transformações político-sociais em curso no país. Segundo a revista, os intelectuais tinham um papel fundamental na instauração da "nova ordem", cabendo a eles formar a opinião pública e unir governo e povo, traduzindo a voz da sociedade. A revista contava com a colaboração de importantes intelectuais brasileiros, das mais diversas correntes de pensamento. Alguns deles eram os próprios ideólogos do regime: além de Almir de Andrade, Francisco Campos , Azevedo Amaral, Lourival Fontes e Cassiano Ricardo. Mas também Gilberto Freyre e mesmo comunistas notórios, como Graciliano Ramos e Nelson Werneck Sodré, colaboraram com artigos para a revista. Por ocasião do quarto aniversário do Estado Novo, o próprio presidente Vargas enfatizou a importância de seu caráter doutrinário na construção das diretrizes do Estado Nacional. Cultura Política era vendida nas bancas de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo e circulou de março de 1941 até outubro de 1945.[11]

Para fazer propaganda do governo, o DIP instituiu o dia 19 de abril, aniversário do presidente Getúlio Vargas, como o "Dia do Presidente" e, por intervenção direta ou por meio da censura, obrigava a imprensa a fazer propaganda da ditadura.[12]

A censura do DIP[editar | editar código-fonte]

A censura executada pelo DIP era de extrema eficiência.[carece de fontes] Agia em todos os segmentos da sociedade e, muitas vezes, os censores eram pessoas respeitáveis da sociedade que, envolvidos pelo clima da época, "entregavam", até inconscientemente, as manifestações culturais que por acaso demonstrassem ideias contrárias ao governo, que eram censuradas.[carece de fontes]

Em 1940, o DIP executou uma intervenção no jornal O Estado de S. Paulo, destituindo sua direção e assumindo seu controle, com a determinação de usá-lo como instrumento de propaganda. Essa intervenção perdurou até 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, que coincide com o fim do Estado Novo.[13]

Extinção do DIP[editar | editar código-fonte]

Uma vez extinto, em 1945, o DIP foi substituído pelo Departamento Nacional de Informações (DNI), o qual por sua vez também seria extinto pouco tempo depois, em setembro de 1946.

Referências

  1. Decreto-Lei n° 1.949, de 30 de dezembro de 1939. Dispõe sobre o exercício de atividades de imprensa e propaganda no território nacional e dá outras providências (versão original).
  2. Decreto-Lei n° 1.949, de 30 de dezembro de 1939 (modificado)
  3. FGV-CPDOC . DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda
  4. «Decreto-lei n°7.582, de 25 de maio de 1945. Extingue o Departamento de Imprensa e Propaganda e cria o Departamento Nacional de Informações». Consultado em 2 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 2 de janeiro de 2015
  5. Memórias reveladas
  6. Decreto-lei n° 9.788, de 6 de setembro de 1946. Extingue o Departamento Nacional de Informações e dá outras providências.
  7. a b Alves, Márcio Fagundes. A reconstrução da identidade nacional na Era Vargas (1930-1945). Rio de Janeiro: UFRJ, 2010
  8. Vargas, Perón e o esporte: propaganda política e a imagem da nação . Estudos Históricos, vol. 22 n° 44. Rio de Janeiro, julho-dezembro de 2009. ISSN 0103-2186
  9. SCHWARTZMAN, Simon & BOMENY, Helena Maria Bousquet & COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. São Paulo: Paz e Terra, 2000, apud Alves, Márcio Fagundes. A reconstrução da identidade nacional na Era Vargas (1930-1945). Rio de Janeiro: UFRJ, 2010.
  10. Jornalistas contam a História. 5 - O Estado Novo e o getulismo. Depoimento de Joel Silveira. Almanaque Folha Online
  11. CPDOC-FGV. Diretrizes do Estado Novo (1937 - 1945): Cultura Política
  12. Turner Publishing, Inc. e Century Books, Inc. Nosso Tempo, volume I, pg. 278. Editora Klick, 1995
  13. NETO, Lira. Getúlio (1930-1945): Do governo provisório à ditadura do Estado Novo. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2013

O que foi o DIP e qual o seu papel durante a Era Vargas?

O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) foi criado na Era Vargas, em 1939, para promover a propaganda política do então presidente. Por seis anos, foi um poderoso instrumento de censura e deu origem ao Departamento Nacional de Informações (DNI), que depois virou Serviço Nacional de Informações (SNI).

O que é o DIP Brainly?

O DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, foi um órgão político criado por Getúlio Vargas em 1939 para controlar a circulação de ideias dentro do Brasil, e era parte do aparato ideológico do Estado Novo, modelo ditatorial comandando por Vargas que perdurou no Brasil de 1937 a 1945.

Qual era o principal objetivo do DIP Brainly?

Cuidava da propaganda oficial do governo e da censura aos meios de comunicação, como a imprensa escrita, o cinema e o rádio. Órgão que fiscaliza a censura a mídia como um todo.