Quando falamos sobre o significado de história, o que vem primeiro em nossas mentes? Muitos responderiam que é um estudo sobre o passado da humanidade – um conjunto de observações sobre a evolução, tendo como base uma região, um período ou um povo. Contudo, essa visão “romântica” da história, como uma ciência do conhecimento pela investigação, cai por terra quando consideramos a realidade da formação das Nações. Na qual, as relações de poder foram forjadas mediante o discurso daqueles que tinham os meios necessários para controlar o que deveria ser dito – assim nasce um fenômeno que podemos chamar de uma única história.
Graças a esse evento, colonializadores foram alçados à condição de heróis, libertadores dos “povos oprimidos”; povos ricos culturalmente passaram a ser vistos como vitimas e sofredores, vendidos como escravos; personagens que lutaram por justiça no mundo foram condenados, acusados de motim e de desordem pública; e, ainda hoje, tantos outros exemplos continuam existindo, sendo reproduzidos pela população cada vez mais conectadas com os meios de comunicação a serviço de uma minoria privilegiada. Indo na contramão da ideia de história única, uma voz tem se levantado na tentativa de desconstruir essa tendência da humanidade. Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana, apresenta no livro “O Perigo de uma História Única” a necessidade de nos colocarmos como questionadores do que ouvimos e procurarmos nos inteirarmos sempre com todas as versões e visões sobre os fatos e acontecimentos que temos acesso. Chimamanda Ngozi AdichieLançado em agosto no Brasil, pela Companhia das letras, O Perigo de Uma História Única é uma adaptação da primeira palestra proferida pela autora no TED Talk, em 2009. A fala de Adichie, agora transformada em livro, é de alguém que já esteve no lugar de reprodução e que alguns momentos não se via na própria história – é o que ela relata no trecho “como eu só tinha lido livros nos quais os personagens eram estrangeiros, tinha ficado convencida de que os livros, por sua própria natureza, precisavam ter estrangeiros e ser sobre coisas com as quais eu não podia me identificar.” Adichie durante a palestra para o TED Talk
O Perigo de uma História Única foi minha primeira experiência com a escrita da Chimamanda Ngozi Adichie. A narrativa é hábil e graças a exemplos pessoais, o leitor se sente como se tivesse conversando com uma velha amiga. Mesclando teorias com momentos vividos pela própria autora, o livro nos convida a refletirmos sobre o nosso papel enquanto agentes sociais, a nossa responsabilidade em filtrar o que nós ouvimos e a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, para entendermos que a história é feita por múltiplos autores e por isso nunca terá uma única versão. Em tempos de intolerância e radicalismos, a obra da Chimamanda Ngozi Adichie é um convite para todos àqueles que querem despertar para a maneira que a história é contada e pretendem romper com o ciclo de poder estabelecidos pelas classes dominantes.
Sinopse:Uma das palestras mais assistidas do TED Talk chega em formato de livro. Para os fãs de Chimamanda, e para todos os que querem entender a fonte do preconceito. O
que sabemos sobre outras pessoas? Como criamos a imagem que temos de cada povo? Nosso conhecimento é construído pelas histórias que escutamos, e quanto maior for o número de narrativas diversas, mais completa será nossa compreensão sobre determinado assunto. O que se entende por história única?A história única representa um fato histórico com características (tempo e espaço) e personagens marcantes. Na prática, isso quer dizer que a história única também deve ser baseada na realidade em que o homem vive.
Como se constrói uma história única?É importante sabermos que cada história tem dois lados, e nunca podemos ouvir apenas uma das versões. Segundo a escritora Chimamanda, em O perigo da história única, cria-se uma única história, quando mostramos um povo como se fosse somente uma coisa, um objeto do discurso dos outros.
O que é a história única sobre a qual fala Chimamanda Adichie e quais são os seus perigos?As nossas vidas, as nossas culturas, são compostas por muitas histórias sobrepostas. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural — e adverte que, se ouvirmos apenas uma história sobre outra pessoa ou país, corremos o risco de um erro crítico.
Qual a consequência de uma história única?A consequência da história única é a seguinte: rouba-se a dignidade das pessoas. Dificulta o reconhecimento da nossa humanidade compartilhada. Enfatiza o quão diferentes somos em detrimento de quão iguais somos.
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