Quais são os diferentes tipos de democracia Brainly?

Democracia é “o governo do povo, pelo povo e para o povo”, frase proferida por Péricles, estadista da democracia ateniense do século V a.C., e eternizada por Abraham Lincoln, presidente dos EUA no século XIX.

A democracia é o regime político balizado pelos princípios da igualdade e da liberdade e pelos direitos de participação e contestação: igualdade jurídica (todos são iguais perante a lei) e liberdade política (livre pensamento, expressão e associação), isto é, o direito de participar do processo decisório sobre o bem comum em posição de igualdade com os demais, podendo votar e ser votado, e o direito de contestar ações e resultados do governo de turno sem sofrer qualquer tipo de retaliação.

A democracia consolidou-se ao longo do século XX como modelo ideal de regime político e é estudada por inúmeros intelectuais, como Joseph Schumpeter e Robert Dahl. Na democracia, o poder é compartilhado, fiscalizado e, assim, aperfeiçoado. O grande desafio, especialmente de países emergentes e populosos, é fazer a democratização do acesso e a efetivação dos direitos alcançarem todos os aspectos da vida em sociedade, não se restringindo ao processo político-eleitoral.

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O que é democracia?

A palavra democracia é formada por dois vocábulos gregos: demos significa povo e kracia significa governo, autoridade. A democracia é uma concepção específica de relação entre governantes e governados. Diferencia-se de outras modalidades de relações de poder, como a monarquia, em que um governa sobre todos, e a oligarquia, em que poucos governam sobre todos.Na democracia, o governo é exercido por muitos. Isso significa que, nesse modelo político, o poder sobre decisões de interesse coletivo é distribuído de maneira equitativa entre os cidadãos, que também podem julgar o processo de tomada de decisão e os seus resultados.

Quais são os diferentes tipos de democracia Brainly?
Um dos princípios da democracia é a liberdade: de pensamento, expressão, associação e decisão.

Na democracia, a autorização para exercer o poder é conferida mediante o voto. Porém, o voto só é democrático se todos os indivíduos afetados pelas decisões coletivas puderem votar e ser votados, em condições iguais. As eleições devem ser livres e periódicas. Num regime democrático, existe também o direito de contestação, exercido legitimamente por aqueles que formam a oposição ao governo eleito, geralmente encabeçados pelo grupo político que perdeu a eleição. A soberania do cidadão é exercida na escolha de quem pode governar, mas a efetividade dessa soberania depende de outros direitos, como:

  • a livre expressão do eleitor;

  • a liberdade de associação (voluntária, partidária, etc.);

  • o livre acesso a diversas fontes de informação;

  • o direito de competir (ser votado) em condição de igualdade, independentemente de sua renda, escolaridade, gênero, etnia, religião, coloração ideológica, etc.

A democracia é um governo baseado em leis, e não na vontade pessoal dos governantes. O sistema de governança democrático por meio de leis, instituições e da sociedade civil organizada exerce o controle social sobre as ações dos governantes, que têm que ser responsabilizados e dar explicações sobre seus atos. A democracia, além de um regime político, é uma cultura cívica que envolve valores e comportamentos baseados no diálogo, tolerância, busca por consenso e administração não violenta do dissenso (falta de concordância a respeito de algo).

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Características da democracia

  • Eleições livres, periódicas e idôneas;

  • Liberdade de pensamento, expressão e associação;

  • Alternância de poder;

  • Livre acesso à informação;

  • Transparência e publicidade no trato da coisa pública;

  • Sistema institucional de freios e contrapesos ao exercício do poder;

  • Equidade na representação de grupos minoritários nas esferas públicas de decisão.

Origem da democracia

A experiência de democracia mais conhecida da Antiguidade é da cidade-estado Atenas, no período de Péricles, século V a.C. As decisões importantes que modificavam a vida dos habitantes da cidade, como as medidas econômicas, aumento ou diminuição de impostos, ir ou não à guerra, eram discutidas e confirmadas em assembleia de cidadãos.

Estes também poderiam exercer cargos públicos por sorteio, participar de júris e destituir governantes. Os dois pilares da democracia ateniense eram:

  • os princípios da igualdade de todos os cidadãos perante a lei (isonomia);

  • o princípio da livre expressão dos cidadãos na assembleia (isegoria).

Essa é a base da democracia ateniense e também da democracia contemporânea. O entendimento da prática política baseado nesses dois princípios voltou a ser valorizado na Idade Moderna, período de formação dos Estados Nacionais, nos séculos XVII e XVIII.

É importante salientar que, na democracia ateniense, a cidadania não era conferida a toda a população da cidade, mas estava restrita a um seleto grupo de homens livres. Portanto, mulheres, trabalhadores braçais e escravizados não eram considerados cidadãos e não dispunham de poder de expressão ou voto em relação às medidas que afetavam suas vidas.

Quais são os diferentes tipos de democracia Brainly?
Ilustração do famoso discurso de Péricles em que ele proferiu a célebre frase: “a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”.

Outro momento histórico que contribuiu para a solidificação da noção de governo democrático que existe hoje foi a República Romana, antecessora do Império Romano, entre 509 a.C. a 49 a.C. aproximadamente. Dela vem o termo res publica, referência ao aparato do Estado. Na República Romana, que substituiu a monarquia, o poder era exercido por dois cônsules eleitos pelos cidadãos a cada ano e aconselhados pelo Senado. Havia uma Constituição, separação de poderes, sistema de freios e contrapesos, ou seja, o exercício do poder pelos cônsules era limitado e fiscalizado.

A cidadania na República Romana também era exclusiva dos patrícios, grupo de aristocratas proprietários de terra. O embate entre patrícios e plebeus conferiu a estes algumas vitórias e direitos. Todavia, estrangeiros e escravizados não eram cidadãos, e mulheres livres, embora o fossem formalmente, não exerciam cargos políticos. A estrutura institucional e jurídica das democracias modernas têm forte herança da res publica romana, noção que no século XV seria aperfeiçoada por Maquiavel.

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Tipos de democracia

Em termos teóricos, há dois tipos de democracia:

  • democracia representativa;

  • democracia participativa.

A democracia participativa implica a participação direta dos cidadãos nas decisões políticas, e a democracia representativa é a transferência dessa capacidade decisória para representantes eleitos. Porém, na prática, o que existem são democracias representativas com alguns dispositivos de democracia participativa em sua estrutura. Isso acontece porque a democracia representativa é o modelo preponderante nos Estados modernos por ser o mais adequado para grandes contingentes populacionais.

Na democracia representativa, o poder de decisão é delegado pelos cidadãos aos seus representantes políticos. O país que se tornou modelo desse tipo de democracia para o mundo é os Estados Unidos. A democracia representativa tem como principal instrumento de cidadania o sufrágio universal, isto é, o direito de votar e ser votado. O controle social dos mandatos é exercido principalmente pelas instituições republicanas. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário fiscalizam mutuamente o exercício da autoridade e assim o limitam, impedindo que a concentração de poder conduza o Estado a se tornar uma autocracia.

Dentro da democracia representativa, existem dispositivos característicos de uma democracia participativa, como:

  • referendos e plebiscitos;

  • orçamento participativo;

  • conselhos consultivos;

  • audiências públicas, entre outros.

Alguns países se valem mais, outros menos, desses mecanismos de ampliação da participação direta de cidadãos comuns nas decisões políticas. A Suíça é um exemplo de país que realiza referendos periodicamente. O Brasil se destaca pela quantidade de conselhos, especialmente municipais. Segundo pesquisa MUNIC/IBGE, em 2006, para 5.560 municípios brasileiros, havia 32.430 conselhos municipais nas mais diversas áreas de políticas públicas.

Democracia moderna

A Revolução Gloriosa, na Inglaterra do século XVII, a Revolução Francesa e a Revolução Americana do século XVIII são marcos históricos que sedimentaram a concepção de que os homens nascem livres e iguais, premissa elementar da noção moderna de cidadania. Movimentos por direitos civis, como o movimento sufragista e o movimento operário, contribuíram de maneira fundamental na conformação das democracias modernas. A assimilação de concepções e reivindicações pela ampliação da cidadania permitiu aos Estados modernos dirimir conflitos e aperfeiçoar seu funcionamento, ainda que haja muitos direitos que ainda precisam ser efetivados.

Os princípios e ideais da democracia moderna são oriundos dos ideais da Revolução Francesa:

  • igualdade;

  • liberdade;

  • fraternidade.

O modelo de democracia moderna advém da Revolução Americana, como bem assinalou Alexis de Tocqueville enquanto observador participante. Ao longo dos séculos XIX e XX, o direito ao voto foi se estendendo a partir da pressão de movimentos civis, como as sufragistas, e os sistemas partidários foram sendo estruturados, captando e absorvendo demandas sociais de grupos marginalizados, como as reivindicações trabalhistas de movimentos operários, que posteriormente se organizaram partidária e ideologicamente. Associado a isso, o desenvolvimento da estrutura do Estado pela complexificação, burocratização e ampliação de funções também contribuiu nesse processo, pois o bom funcionamento das instituições legislativas, judiciárias e de controle é essencial para a qualidade da democracia em sua dimensão participativa e contestatória.

São componentes importantes das democracias modernas:

  • divisão de poderes;

  • publicidade das ações de governo;

  • mecanismos de fiscalização;

  • canais de captação e deliberação de demandas sociais;

  • um intrincado arranjo institucional com freios e contrapesos ao exercício da autoridade para que o poder seja compartilhado;

  • um sistema partidário sólido;

  • multiplicidade no associativismo civil com livre trânsito, cooperação e diálogo entre suas células;

  • participação dos eleitores nas decisões governamentais;

  • avaliação dos eleitores das ações governamentais por meio de instituições e eleições.

Em síntese, o bom funcionamento de uma democracia contemporânea tem como resultado casas legislativas que efetivamente representem os cidadãos, judiciário imparcial, justo e acessível a todos, partidos e associações civis que catalisem as necessidades e anseios da sociedade e fomentem a participação política. Nem sempre é assim, mas a democracia é o único regime que permite a identificação e correção de suas falhas pela iniciativa popular, portanto sempre é possível aperfeiçoá-la.

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Democracia no Brasil

A República brasileira foi proclamada em 1889, encerrando o período imperial inaugurado com a Independência em 1822. Todavia, o Brasil passou por descontinuidades, e o seu período mais longo de estabilidade democrática ocorreu após a Constituição de 1988.

A República Velha, que vigorou de 1889 a 1930, era oligárquica. O voto e o direito de concorrer a cargos eletivos eram censitários, isto é, restritos a quem tinha posses — era fixado, inclusive, um limite mínimo de renda. Após a eleição de Getúlio Vargas, em 1930, houve uma Assembleia Nacional Constituinte a partir da qual foi promulgada a Constituição de 1934, que conferia o direito de:

  • voto a mulheres;

  • voto secreto;

  • obrigatoriedade do ensino primário;

  • leis trabalhistas para trabalhadores urbanos.

Contudo, em 1937, Vargas fechou o regime, instituiu o Estado Novo, fez uma nova Constituição — em que o presidente tinha amplos poderes —, fechou o Congresso Nacional, suprimiu a liberdade partidária, o federalismo e a separação entre os Três Poderes, bem como nomeou interventores para os estados e estes nomearam interventores para os municípios. Em 1945 foram realizadas eleições livres, e o próprio Getúlio Vargas foi eleito senador. Mais tarde, em 1951, novamente foi eleito presidente.

Uma nova crise política se instalou após a renúncia de Jânio Quadros em 1960. A solução encontrada foi a instituição do parlamentarismo em 1961, que durou por um curto e fecundo período, até 1963, quando o presidente João Goulart propôs um plebiscito, e a escolha popular foi o presidencialismo. Em 1964, com o golpe militar, novamente o regime político se tornou autoritário, com ampliação sucessiva dos poderes presidenciais por meio de atos institucionais, cassação de direitos políticos, tortura, assassinatos e exílio de oposicionistas, extinção de partidos, dissolução do Congresso em alguns períodos e eleições indiretas para os cargos majoritários de governador e presidente.

A abertura política se deu aos poucos:

  • Lei da Anistia em 1979;

  • restabelecimento do pluripartidarismo (1979);

  • eleições diretas para governador em 1982;

  • Assembleia Nacional Constituinte (1987);

  • promulgação da Constituição Cidadã em 1988, inaugurando o período denominado Nova República, o mais democrático no Brasil até aqui, com sufrágio universal e diversos mecanismos participativos e direitos civis e sociais.

Quais são os diferentes tipos de democracia Brainly?
Manifestação do movimento Diretas Já reivindicando o retorno de eleições diretas para a presidência da República, em Brasília, 1984. [1]

A Nova República é o período de maior estabilidade democrática do Brasil, porém essa estabilidade vem sendo ameaçada por crises econômicas aliadas a uma profunda crise de representação política. Em parte, o distanciamento entre eleitores e eleitos é explicado pelo próprio modelo eleitoral brasileiro, com eleições proporcionais de lista aberta, o que, somado à grande fragmentação partidária, faz com que haja um número gigantesco de candidatos, debate político marcado pelo personalismo e partidos enfraquecidos. A solução para essa crise passa por uma ampla e profunda reforma eleitoral. Uma reforma política é, na prática, uma reforma eleitoral.

Crédito da imagem:

[1] Arquivo da Agência Brasil / Commons

Quais são os diferentes tipos de democracia?

Não existindo apenas um tipo de regime político democrático, a democracia divide-se, basicamente, em: direta, participativa e representativa.

Quais os tipos de democracia exemplifique?

Tipos de democracia.
Democracia direta: exercida em Atenas, no período clássico. Dela todos os cidadãos podiam participar, diretamente, apresentando projetos de leis e votando nos projetos apresentados por seus iguais. ... .
Democracia representativa: é um tipo que surge junto ao parlamentarismo e ao republicanismo..

Quais são os tipos de democracia no Brasil?

Desde a Proclamação da República, o Brasil tem sido governado por três poderes, o Legislativo, o Judiciário e o Executivo, em que o chefe é o presidente da República, eleito a cada quatro anos pelo voto popular em eleições diretas, desde 1989. O regime de governo vigente no Brasil é o presidencialismo.

Qual é a origem da democracia?

O termo democracia surgiu na Antiguidade clássica, em Atenas, na Grécia, para designar a forma de governo que caracterizava a administração política dos interesses coletivos dos habitantes das cidades-estados.