Qual a principal preocupação do governo em relação ao envelhecimento da população europeia?

O professor Jaime Silva escreve sobre o envelhecimento e a necessidade de formar profissionais com competências específicas, capazes de responder às preocupações e necessidades da sociedade perante o envelhecimento da sua população.

O processo de envelhecimento é inevitável, constitui uma etapa da vida e impõe disfunções e desintegrações que variam de indivíduo para indivíduo, mas seguindo sempre um processo de involução universal (Fonseca, 1986). O envelhecimento, diz ainda Fonseca (1986), implica uma deterioração, peça-por-peça, dos novos sistemas, propriedades e funções e que tais mudanças foram inicialmente encaradas, pela sociedade, como patológicas, e não como decorrentes do processo dialéctico da evolução e da adaptação humana pelo efeito inevitável da idade

A problemática do envelhecimento é um assunto recente, preocupando políticos e cientistas quando o  Grey Power começou a impor-se nos mais diversos contextos, desde os bancos do hospitais aos hotéis de luxo (Paul & Fonseca,  2005).

É notório a dificuldade da sociedade em compreender e lidar com este novo fenómeno:

Por um lado, para diluir e amenizar, inventa conceitos estranhos e menos agressivos como ‘‘idoso’’, ‘’terceira idade’’, geração dos ‘’cabelos grisalhos’’,  ‘’grey power ‘’,  ‘’Idosos nova vaga’’ ou, mais recentemente, de  ‘’neo-velhos’’ que, segundo Kalache (2008), serão a massa de pessoas que foram activistas, viveram os movimentos cívicos dos anos 60 e, posteriormente, irão reinventar o envelhecimento.

Por outro lado, divide artificialmente este período final da vida designando de velhos aos pós-reformados, entre os 65 e os 75 anos, de velhote ao actual idoso nova-vaga, entre os 75 e os 85 anos e de velhinho à fatia a quem o novo milénio souber dar esperança de vida, a partir dos 85 anos (Moreno, 2006).

Uma certeza, no entanto, já temos, é que os idosos terão um peso cada vez maior na população portuguesa.

No ano 2001 representavam já, 16,6 % da população total portuguesa, prevendo-se, de acordo com as projecções do Departamento de Estatística da União Europeia (Eurostat) que a população idosa portuguesa praticamente duplicará entre 2004 e 2050, altura em que chegarão aos 31,9% (será então o quarto pais da União Europeia com mais percentagem de idosos). De acordo, ainda, com o mesmo estudo, Portugal poderá ter em 2060, 31% da sua população com mais de 65 anos (contra 17,4% em 2008) e, nessa data, quase 13 em cada cem portugueses terão 80 ou mais anos (contra 4,2% hoje) – serão mais de 1,4 milhões

Esta realidade, de contornos políticos, sociais e económicos, é uma preocupação prioritária para a generalidade dos países. A Assembleia Geral da Nações Unidas proclamou o ano de 1999 como o Ano Internacional das Pessoas Idosas e, através da resolução 47/48, definiu os princípios que devem garantir aos cidadãos mais velhos a possibilidade de viveram melhor: ‘’ dignidade, autonomia, desenvolvimento pessoal, acesso a cuidados de saúde e participação social’’. O Parlamento Europeu  e o Conselho da Europa  através da decisão n.º645/96/CE considera como acção prioritária intervir junto desta população especial. O Governo Português criou em 1998 a Comissão Nacional para a Politica da Terceira Idade.

Sob o ponto de vista económico, em Portugal e de acordo com o INE (Jornal O Público, 2008/12/04), os subsídios por doença absorvam 29,2 por cento das prestações sociais concedidas pelo Estado em 2006. Mas a fatia maior foi mesmo a relacionada com a protecção à velhice: absorveu 42,4 por cento dos 40,482 milhões gastos no conjunto dos regimes de protecção social. É um valor acima da média da UE a 27, onde a  protecção à velhice absorveu 39,9 por cento do bolo total.

Para além deste cenário preocupante que vem, também, na linha de reflexão  efectuada durante o Congresso do Idoso em 2007, quando de afirmou : ‘’ser idoso, em Portugal, aumenta muito a probabilidade de ser pobre’’, existe, no entanto,  um outro cenário mais agradável para uma grande percentagem de idosos que têm, ainda,  capacidade de fruir um final de  vida com qualidade: são autónomos,   independentes, com capacidade económica e impõem-se no ‘’admirável mundo novo para os mais velhos’’ como caracteriza o director da revista Rugas (Paulo, in O Público, 2007/06/24): ‘’É um admirável mundo novo para os mais velhos: apoio domiciliário personalizado; universidades; viagens; sítios na Internet; fóruns sobre sexualidade; seguros e sistemas de crédito; voluntariado; residências assistidas; gerontotecnologia”.

Os estudos sobre o idoso e o envelhecimento começaram a ganhar estatuto a partir da década de 80, altura em que se começa a perceber que era essencial ter-se uma visão pluridisciplinar deste fenómeno. O processo de envelhecimento é, hoje, objecto de preocupação e estudo de ciências como a medicina, psicologia, bioquímica, economia, direito, sociologia, actividade física e desporto, politica, etc.

Sabemos que o processo de envelhecimento transporta consigo um declinar das funções físicas, nomeadamente uma lentidão e empobrecimento do comportamento motor e uma redução da capacidade autónoma e da capacidade adaptativa. Os sinais de velhice, segundo Coelho, (1989) podem combinar-se de múltiplas formas e em proporções variadas e importa, ainda, ter presente, que no processo de envelhecimento os factores biológicos não actuam sozinhos, mas em conjunto com factores psicológicos, sociais e até económicos. É esta interacção que determina a natureza e a rapidez do envelhecimento.

Envelhecer é perder a autonomia. É perder, progressiva e cada vez mais acentuadamente, a capacidade de cuidar de si próprio sem o auxílio de outros, por razões que se prendem, no essencial, com a limitação progressiva de controlar as suas capacidades físicas e o seu próprio comportamento, por motivos associados à idade avançada (Hesse, 2006).

Este desafio da última fase da vida consiste em saber negociar o declínio fisiológico inevitável, aliado à acumulação de perdas no percurso existencial e valorizar a imagem de si, mantendo a capacidade de independência (Gaudet, 1992).

O envelhecimento, apesar de ser inevitável e no qual os indivíduos mergulham em atitudes ambíguas, auto-desvalorizações, resignações profundas, reacções emocionais e comportamentos regressivos, não pode deixar de ser combatido e com urgência, com medidas reabilitativas activas e dinâmicas, concretamente através da actividade física (Fonseca, 1986).

A urgência das dinâmicas de intervenção no idoso requer um esforço acrescido de toda a sociedade e não se circunscrever ao mero âmbito governamental.

O processo de suporte social para com os idosos deve alicerçar-se no envolvimento do cidadão e da sociedade. A Escola, as Faculdades e as Universidades, devem constituir-se como contexto privilegiado de importância vital na mudança de mentalidades e na formação dos cidadãos. Esta realidade apresenta um enorme desafio civilizacional às sociedades contemporâneas, exigindo, delas, a criação de estratégias voltadas para os cuidados a serem prestados a esta população

É nesta lógica de preocupações sociais relacionadas com a melhoria da qualidade de vida dos idosos que o IESF se enquadra e alicerça os conteúdos programáticos dos seus cursos, particularmente, o Curso de Educação Sénior.

O Curso de Educação Sénior da ESEF está estruturado de modo a formar profissionais com competências específicas, capazes de responder às preocupações e necessidades da sociedade perante o envelhecimento da sua população.

Termino recordando a visão tão popular que temos dos nossos progenitores:

Aos  10 anos: o pai sabe tudo

Aos  15 anos: o pai sabe muita coisa

Aos  20 anos: Afinal o pai não sabe tudo

Aos  25 anos: afinal o pai não sabe nada

Aos  30 anos: o pai sempre sabe alguma coisa

Aos  40 anos: o pai sabe muita coisa

Aos  50 anos: o pai é um sábio

Aos  70 anos: quem me dera ter aqui o pai para me dar a sua opinião.

Jaime Silva é Professo da Escola Superior de Educação de Fafe


Qual a principal preocupação do governo em relação ao envelhecimento da população europeia?

Qual a principal preocupação dos governos em relação ao envelhecimento da população europeia?

O envelhecimento da população da Europa é motivo de preocupação em função do aumento das despesas governamentais e da diminuição da população economicamente ativa. O aumento da idade mediana na Europa e a ampliação da expectativa de vida caracterizam o envelhecimento populacional do continente.

Como a Europa pode lidar com o envelhecimento da população?

De acordo com o relatório, a população europeia pode ganhar seis anos mais de vida saudável sem que os governos gastem um centavo extra. Para conseguir isso, seria necessário incentivar programas de medicina preventiva, diminuir a corrupção dos sistemas de saúde e adotar tecnologias mais modernas.

Por que o envelhecimento da população e motivo de preocupação nos países?

A principal consequência socioeconômica da redução da taxa de natalidade e, consequentemente, do envelhecimento populacional é a redução da chamada População Economicamente Ativa (PEA). Logo, países que passam por esse fenômeno demográfico apresentam uma redução da mão de obra disponível para trabalho.

Quais são os problemas decorrentes do envelhecimento da população do continente europeu?

Diminuição da população economicamente ativa, maiores gastos com aposentadoria, ou seja, como a população idosa é maior que a "jovem" acaba sendo insustentavel manter a população idosa acarretando, por fim, grandes gastos para os governos dos países europeus.