Quem tem o vírus HIV necessariamente tem aids?

Apesar de ter sido descoberta no início da década de 1980 e ser considerada uma epidemia sob controle, devido aos avanços no tratamento, muitos mitos ainda giram em torno do tema HIV e aids. Por isso, é preciso esclarecer que a declaração dada pelo ator norte-americano Charlie Sheen nesta terça-feira (17) de que ele é soropositivo não significa que ele tenha aids, como ele mesmo mencionou em entrevista ao "Today", da emissora "NBC".

Quem tem o vírus não necessariamente vai desenvolver a doença. Quando tratado, o paciente soropositivo consegue viver normalmente sem manifestar a aids, que é uma infecção que atinge o sistema imunológico. Hoje é possível, inclusive, que mulheres soropositivas planejem uma gravidez, já que com o tratamento adequado se pode reduzir os riscos de uma "transmissão vertical" (da mãe para o bebê) para 3%.

Sem tratamento, quanto mais o vírus avança no organismo, mais o sistema imunológico fica comprometido, tornando cada vez mais difícil para o corpo se defender de infecções. Assim, um simples resfriado pode se tornar um problema muito difícil de resolver.  Segundo o Ministério da Saúde, esse processo entre a infecção e o surgimento da aids é silencioso e pode demorar de seis meses até 10 anos para que os primeiros sinais surjam.

Enquanto isso, a pessoa infectada, sem ter conhecimento da presença do vírus, infecta outras pessoas. Por isso, é muito importante descobrir precocemente a presença do HIV. “Sempre que passar por alguma situação de risco, a pessoa deverá procurar o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para realizar o exame anti-HIV”, aconselha o ministério.

Sexo sem preservativo, pode?

Esse talvez seja uma das maiores dúvidas de quem leu as notícias sobre o caso nesta terça-feira (17).  Sheen afirmou que é "impossível" uma de suas parceiras ter contraído o HIV dele, apesar de ter admitido que teve relações sexuais sem proteção em mais de uma ocasião após seu diagnóstico. Ele ressaltou que as parceiras estavam sob acompanhamento médico e sabiam de sua condição. "As pessoas com quem fiz isso estavam sob cuidados dos meus médicos e sabiam disso [do HIV] de antemão".

A indicação é sempre o uso de preservativos, para quem está em um relacionamento discordante, ou seja, um membro do casal tem o vírus e o outro não, e também para os casos em que os dois são soropositivos. O sexo sempre deve ser seguro, seja para evitar aids, outra DST (doença sexualmente transmissível) ou uma gravidez indesejada. Pessoas soropositivas que têm relações sexuais sem camisinha podem entrar em contato com outro subtipo do HIV e aumentar a sua carga viral.

Mas já existem formas de medicar pessoas para que elas não contraiam o vírus, o que é chamado de “profilaxia pré-exposição". A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomendou no ano passado que homens gays ativos - grupo com 19 vezes mais chance de contrair o vírus - tomem medicamentos antirretrovirais, além do uso de preservativos, para prevenir a contaminação, afirmando que esses remédios podem reduzir a incidência do vírus entre 20% a 25% em escala global. Para uma pessoa com acompanhamento, a chance de contaminação poderia reduzir quase 100%.

O que é a PrEP?

A PrEP (profilaxia pré-exposição) ao HIV é a administração diária de medicamento antirretroviral em pessoas não infectadas pelo vírus com o objetivo de reduzir o risco de contrair HIV. Com a comprovação da eficácia do método, recomendado pela OMS, um estudo está sendo desenvolvido pela equipe do laboratório LapClin Aids da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para avaliar a aceitação, a viabilidade e a melhor forma de oferece-lo aqui no Brasil.

A aplicação desse método para a prevenção do HIV foi aprovada nos Estados Unidos, em 2012, e os serviços de saúde do país já recomendam o uso dessa medicação para prevenção da infecção pelo HIV para pessoas sob maior risco de adquirir esse vírus. Os estudos mostraram que o uso diário da medicação é seguro e que os efeitos colaterais são mínimos.

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