Em que medida os testes psicológicos foram importantes para o desenvolvimento científico da Psicologia?

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Em que medida os testes psicológicos foram importantes para o desenvolvimento científico da Psicologia?

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O avanço científico nas diferentes áreas do saber pressupõe avaliação, exigindo esta avaliação 
instrumentos apropriados para o efeito. Na Psicologia, enquanto ciência e profissão com 
responsabilidades sociais, esta avaliação assume papel relevante na tomada de decisões e, como 
tal, requer instrumentos de avaliação cientificamente comprovados. A qualidade da pesquisa e da 
prática em Psicologia encontra-se muito associada à própria atualidade, confiança e valor dos 
instrumentos usados. Desse modo, a consolidação desta área do saber acompanha a emergência e o 
fortalecimento do movimento e história dos testes psicológicos, os quais tiveram e continuam a ter um 
papel importante no reconhecimento científico e social da Psicologia. 
Para garantir a competência de utilizar os testes psicológicos, não é necessário apenas saber sobre 
Psicologia, mas sim, ter domínio de formação acadêmica e profissional, pois ninguém sem sólida 
formação consegue realizar de forma apropriada algo tecnicamente complexo. Algumas das 
críticas ao método dos testes decorrem da pouca formação por parte dos profissionais e dos próprios 
críticos. Em qualquer ciência, um instrumento é apenas um instrumento, e a qualidade do seu uso 
depende intensamente da sabedoria ou do grau de competência do utilizador. 
Uma primeira competência por parte do psicólogo é saber quando se deve ou não utilizar determinado 
teste psicológico. Essa competência exige conhecer muito bem o teste e conhecer bem o contexto 
particular que ele será usado – é necessário ter sabedoria técnica e ética. Apenas com boa formação 
acadêmica e prática, o psicólogo consegue reunir as competências necessárias à realização de boa 
avaliação. 
Etimologicamente, realizar um teste é realizar uma prova e dar testemunho de alguma coisa. Nesse 
sentido, quando se trata de testes psicológicos, seu principal uso é como ferramenta na tomada de 
decisões que envolvem pessoas, a partir do desempenho ou do autorrelato em provas, 
questionários ou escalas que avaliem características psicológicas. 
Os testes surgiram no século XX, contudo, muito antes disso já se realizava verificação e levantamento 
de características e habilidades das pessoas, em diversas culturas e em diversos contextos, 
principalmente em situações relacionadas a selecionar candidatos para algumas funções específicas 
(Urbina, 2007). 
 
REFERÊNCIA: 
Avaliação Psicológica Guia de consulta para estudantes e 
profissionais de psicologia. Casa do Psicólogo. 
Há registros de que os procedimentos de avaliação variaram muito ao longo da história, com influências 
das crenças, das filosofias e das posições políticas próprias de cada época e região, desde o período 
neolítico, datando de 12.000 a.C., passando pelas culturas egípcias e suméria (10.000 a.C.) até os 
dias atuais (Barclay, 1991; Van Kolck, 1981; Urbina, 2007). Por exemplo, em 200 a.C., na China, eram 
realizados concursos públicos, e as provas para seleção envolviam demonstrações de proficiência em 
música, uso do arco, habilidades de montaria, exames escritos sobre temas relacionados a leis, 
agricultura e geografia (Urbina, 2007). 
Especificamente sobre a testagem psicológica, os antecedentes da utilização de procedimentos de 
avaliação clínica recaem principalmente sobre a psiquiatria, com estudos na Alemanha e na França no 
início do século XIX, com foco no desenvolvimento de provas para avaliar o nível do funcionamento 
cognitivo de pessoas com danos cerebrais e com outros transtornos (McReynolds, 1986). 
Do ponto de vista do desenvolvimento científico, os testes tiveram grande importância para a Psicologia. 
Em meados do século XIX, os psicofísicos alemães Weber e Fechner deram os primeiros passos em 
direção ao reconhecimento da Psicologia como disciplina científica, cujo grande precursor foi 
Wilhelm Wundt, com a criação do primeiro laboratório dedicado à pesquisa psicológica. 
Com a criação do primeiro laboratório, a Psicologia desenvolveu-se de forma acelerada, e sua expansão 
ocorreu com o treinamento de vários pesquisadores de outros países europeus e dos EUA, dentre os 
quais estava Francis Galton, que se interessou pela mensuração das funções psicológicas, 
organizando um laboratório antropométrico em Londres, com o objetivo de coletar dados sobre 
características físicas e psicológicas das pessoas. Suas contribuições foram: a criação de testes 
para a medida de discriminação sensorial (barras para medir a percepção de comprimento); apito para a 
percepção de altura do tom; criação de escalas de atitudes (escala de pontos, questionários e associação 
livre) e o desenvolvimento e a simplificação de métodos estatísticos (Anastasi, 1977). 
No mesmo sentido, o psicólogo americano James M. Cattell, influenciado por Galton, acreditava que a 
chave para a compreensão do funcionamento da mente estava nos processos elementares, e, em 
seus estudos, deu ênfase nas medidas sensoriais. Cattell elaborou uma bateria com testes que 
investigava áreas relacionadas à acuidade sensorial, ao tempo de reação, à bisseção visual de linha e 
aos julgamentos sobre a duração de intervalos curtos de tempo, e, também, era aplicada em estudantes 
universitários com o objetivo de predizer-lhes o sucesso acadêmico (Logan, 2006). 
REFERÊNCIA: 
Avaliação Psicológica Guia de consulta para estudantes e 
profissionais de psicologia. Casa do Psicólogo. 
Contudo, em 1900, Binet e Simon, na França, começaram a criticar os testes até então utilizados, 
afirmando que eram medidas exclusivamente sensoriais. Eles diziam que, embora permitissem 
maior precisão nas medidas, os testes não tinham relação importante com as funções intelectuais, 
fazendo somente referências a habilidades muito específicas, quando deveriam ater-se às funções mais 
amplas como memória, imaginação, compreensão, entre outras. 
Cinco anos depois, os mesmos pesquisadores franceses publicaram o primeiro teste para a 
mensuração da capacidade cognitiva geral, a Escala Binet-Simon, constituída por trinta itens 
(dispostos em ordem crescente de dificuldade) com o objetivo de avaliar algumas funções como 
julgamento, compreensão e raciocínio, detectando, assim, o nível de inteligência em crianças das escolas 
em Paris. Essa escala passou por revisão, ampliação e aperfeiçoamento em 1908 e em 1911, um ano 
antes de Wilhelm Stern propor o Quoeficiente Intelectual (QI), que viria a ser refinado por Lewis Terman, 
na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em 1916. 
O QI corresponde a um cálculo que divide a idade mental (IM) pela idade cronológica (IC) e 
multiplica por cem. Seus estudos sugeriram que, quando a idade mental ultrapassasse a idade 
cronológica, a razão resultante levaria a um escore acima de cem. Por outro lado, quando a idade 
cronológica ultrapassasse a idade mental, levaria a um escore abaixo de cem (Sternberg, 2000). 
Nos Estados Unidos, a avaliação cognitiva ganhou grande impulso por conta da Primeira Guerra 
Mundial, ocorrida entre 1914 e 1918 (Dubois, 1970). Nesse período, a demanda por instrumentos 
simples, rápidos, de aplicação coletiva e que pudessem captar diferenças de capacidade intelectual de 
recrutas foi bastante acentuada, o que levou os pesquisadores a desenvolverem o Army Alpha e, mais 
tarde, o Army Beta, que se instituiu como um instrumento não verbal de avaliação da inteligência, ou 
seja, composto por provas que não exigiam leitura ou escrita dos respondentes, podendo ser utilizado 
com recrutas analfabetos e que não falassem a língua inglesa (Fancher, 1985). 
Com o desenvolvimento da testagem psicológica, ocorrido durante o período da guerra, novos testes 
foram publicados, e houve uma melhora na qualidade dos instrumentos, nos procedimentos de 
administração e nas pontuações. No bojo desses avanços, a partir da década de 1920, a testagem 
educacional também ganhou campo e foram desenvolvidas provas para avaliação de desempenho 
escolar e de habilidades escolares

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Qual a importância da utilização dos testes psicológicos?

Os testes psicológicos permitem verificar se o candidato possui determinadas aptidões essenciais para ocupar a vaga, como por exemplo, atuar sob pressão, ou em um cargo que exige concentração extrema.

Qual a importância da avaliação psicológica para a Psicologia como ciência e profissão?

Resumo: A área de avaliação psicológica tem uma relevância histórica no desenvolvimento da Psicologia como ciência e como profissão, tanto no contexto internacional quanto no nacional. Apesar disso, ao longo de sua história houve momentos tanto de forte crédito quanto de descrédito científico e popular.

O que faz da a área de avaliação psicológica ter relevância histórica no desenvolvimento da Psicologia como ciência e como profissão?

Conclui-se que a área de avaliação psicológica tem sido capaz de superar as críticas recebidas, usando-as como fonte de inspiração para a realização de pesquisas, desenvolvimento de novas tecnologias e práticas mais afinadas com os direitos humanos, de modo a contribuir com o fortalecimento científico e profissional da ...

Em qual contexto surgiram os testes psicológicos explique?

Quando os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha e entraram na Primeira Guerra Mundial, em 1917, os militares precisavam de uma maneira de avaliar rapidamente grandes números de recrutas em relação a proble- mas intelectuais e emocionais. A testagem psicológica forneceu essa metodologia.