A enzima faz o mesmo papel do nutriente

A enzima faz o mesmo papel do nutriente
Longevidade e alimentação: comer pouco pode favorecer a ação de enzima que evita desregulações genéticas nas células Thinkstock/VEJA/VEJA

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A restrição do consumo de calorias já foi relacionada de diversas maneiras com a longevidade em várias espécies. Agora, um estudo realizado pelo Centro Médico da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, identifica o mecanismo que desencadeia esse processo. Segundo a pesquisa, a redução na quantidade de nutrientes faz com que a enzima quinase ativada em AMP (AMPK) ajude a completar o processo de divisão celular, conhecido como mitose (veja quadro). O estudo foi divulgado no site do periódico Molecular Cell.

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MITOSE

É o processo de renovação das células. Uma célula mãe divide-se em duas com material genético idênticos, fazendo com que as novas células desenvolvam o mesmo papel do que o da mãe. Durante esse processo os genes podem sofrer alterações por algum motivo, refletindo em alguma variação no organismo.

QUINASE

São enzimas que tem ação intracelular e regulam de diversas formas o metabolismo das células. Algumas agem diretamente em processos como a mitose e, quando desreguladas, podem facilitar aparecimentos de doenças como o câncer. Por isso, essas enzimas costumam ser exploradas nas pesquisas envolvendo tumores.

Os pesquisadores descobriram que a AMPK é capaz de identificar quando a quantidade de nutrientes no corpo é escassa. Nesta situação, ela inicia um processo que estabiliza a mitose das células normais, cancerígenas e das células-tronco, evitando que alterações no material genético celular ocorram durante o processo e desencadeiem problemas como o câncer. “Geralmente a ação das enzimas é muito específica, e a AMPK é ativada somente quando há falta de nutrientes, distribuindo nas células a energia necessária para a reprodução”, afirma o geriatra e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Fernando Bignardi.

Opinião do especialista

Pilar Estevez Diz

Médica oncologista e coordenadora de oncologia clínica do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP)

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Descobrir o funcionamento da quinase é importante pois ela está envolvida em várias etapas do ciclio celular, regulando a produção de energia dentro das células em situações de “jejum”, ou seja, de poucos nutrientes.

Como essa enzima se relaciona diretamente com várias proteínas, ela pode se tornar um potencial para regulação da célula e para prevenção e tratamento de doenças como o câncer.

Se o funcionamento dessa enzima não for ativado ou não for correto, poderá ocorrer uma divisão anormal das células e o aparecimento de doenças.

Já conhecemos algumas evidências de que a desregulação de energia celular está relacionada ao câncer e esse estudo, embora em fase inicial, mostra um caminho.

Embora outros estudos já tivessem demonstrado a importância dessa enzima na relação entre comer pouco e longevidade, essa ação específica ainda não era conhecida, segundo Anne Brunet, professora de genética da Universidade de Stanford e coordenadora do estudo. A AMPK é capaz de distribuir o fosfato, essencial para as células terem energia, durante a mitose em ambientes carentes de nutrientes. É uma via alternativa que oferece proteção para o organismo em situações como essas.

“Mas isso não quer dizer que as pessoas devam fazer jejum para que a enzima seja ativada e a célula seja protegida, já que, com quantidades suficientes de nutrientes, a divisão celular simplesmente não precisa da ação da AMPK para concluir a mitose”, diz Bignardi.

No estudo, feito com células humanas, os pesquisadores usaram um método capaz de identificar e seguir quais proteínas são alteradas pela ação da enzima. Eles identificaram 32 proteínas, sendo que 28 eram até então desconhecidas e várias delas estavam envolvidas diretamente na mitose. “É a primeira vez que o método de triagem tem sido aplicado à enzima AMPK em células vivas humanas”, disse Brunet.

“Diante da privação de nutrientes, a enzima é importante para a célula completar a mitose com segurança e evitar instabilidade genômica”, disse Brunet. Segundo a pesquisadora, a descoberta pode ter implicações para todos os tipos de células em divisão.

De acordo com os pesquisadores, com a identificação de novas moléculas afetadas pela AMPK, aumentam os alvos potenciais para tratamentos de doenças como o câncer. Além disso, o sistema de triagem utilizado na pesquisa pode ser útil no estudo de outras enzimas.

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Como as enzimas agem sobre os nutrientes?

No caso das enzimas digestivas, elas são proteínas que ajudam na quebra das moléculas de macronutrientes em pedaços menores, como as dos carboidratos, gorduras e outras proteínas. Desta forma, elas facilitam o processo de absorção dos nutrientes.

Qual o papel de uma enzima?

As enzimas têm um papel importante para acelerar reações metabólicas que ocorrem em nível celular. Enzimas são proteínas que têm como função catalisar, ou seja, acelerar reações metabólicas que acontecem nas células, reduzindo a quantidade de energia necessária para que elas ocorram.

Quais são as diferenças entre proteínas e enzimas?

Adicionalmente, as enzimas controlam processos como a replicação do DNA e outras transformações do metabolismo. As proteínas são moléculas constituídas por aminoácidos, de centenas a milhares destes, que se ligam um a um para formar a estrutura de macromolécula da proteína.

O que são enzimas e qual o seu papel no metabolismo?

As enzimas são proteínas que catalisam reações químicas as quais ocorrem em seres vivos. Elas aceleram a velocidade das reações, o que contribui para o metabolismo. Sem as enzimas, muitas reações seriam extremamente lentas. Durante a reação, as enzimas não mudam sua composição e também não são consumidas.